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12 de dezembro de 2016 - 18:02

Jogue-o-curriculo-fora-ele-nao-serve-para-mais-nada-televendas-cobranca

Por: Mauro Segura

Luiz é recrutador da empresa XYZ. Ele tinha a responsabilidade de contratar um determinado especialista para a empresa e, de repente, após 6 meses de longa busca no mercado, chegou em suas mãos um currículo que parecia ser a salvação da lavoura.

O candidato se chamava Eduardo. O currículo mostrava um nível super adequado de formação. Ele tinha experiência internacional, tendo atuado em duas empresas na Europa. Eram experiências curtas, é verdade, mas significativas. Eduardo se dizia autoditada, com disponibilidade para viajar bastante, capacidade para liderar times multifuncionais, sólido conhecimento em planejamento e perfil empreendedor.

Luiz pensou: “Ótimo, agora só falta uma coisa”. E seguiu para o passo seguinte que era verificar a presença do candidato na internet. Isso agora é rotina na empresa de Luiz. Ele constatou que Eduardo era contribuidor de dois blogs nos quais escrevia sobre as áreas em que atua, sempre com boas e inteligentes colocações. Luiz sorriu, o candidato parecia perfeito. Porém, em questão de minutos, ele também descobriu que Eduardo tinha presença em vários outros meios na web. No Facebook, Eduardo contava as suas aventuras nas baladas da noite surgindo em algumas fotos com bebida alcoólica nas mãos, algumas delas em que ele parecia estar bêbado. No Twitter ele escrevia sobre qualquer coisa, algumas vezes usando palavrões e satirizando o comportamento de pessoas públicas, como artistas e políticos. Vasculhando um pouco mais, Luiz encontrou citações dele em alguns blogs e fóruns onde ele falava mal do empregador, inclusive contando alguns fatos internos das empresas onde trabalhou.

Luiz apresentou na empresa o currículo e o que achou na internet sobre o candidato. Aconteceram três reuniões sobre o caso, com discussões acaloradas, cuja conclusão foi a seguinte: “apesar do candidato ter o perfil profissional desejado, ele não atende ao perfil de pessoas que queremos ter dentro da empresa. Vamos continuar procurando outros candidatos”.

Luiz telefonou ao candidato e explicou o ocorrido, falando com todo o tato possível. Eduardo alegou que a empresa investigou sua vida particular e que isso não havia sido legal. Luiz disse que ele estava enganado, que tudo que a empresa havia levantado era público, afinal tinha por base os registros e rastros que o próprio candidato havia deixado na web. O candidato se sentiu punido injustamente, dizendo que concordava que escreveu algumas coisas inadequadas na rede, mas que estava o tempo todo tentando apenas ser engraçado. Para ele, nada daquilo deveria ser levado a sério, pois havia sido apenas uma brincadeira.

O caso é complexo, apesar de simples. Existe uma distância enorme de percepção entre o que a empresa e Eduardo pensam. Para a companhia, o caso é grave, pois Eduardo é bom profissional, porém com questionável comportamento pessoal. Para o candidato, aquilo tudo na web era só uma brincadeira sem importância. O caso acima é verdadeiro. Obviamente que todos os nomes foram trocados. Situações como essa devem estar ocorrendo aos montes dentro das empresas.

Uma pesquisa antiga, conduzida pela Robert Half em 2011, mostrou que 44% das empresas brasileiras já usavam redes sociais naquela época para avaliar candidatos. Cerca de 39% delas afirmaram que falariam com o candidato antes de decidir sobre a contratação. Mas, o dado que mais me chamou a atenção foi saber que 17% das empresas brasileiras disseram que não deixariam de contratar um candidato com ótimo currículo devido a alguma informação negativa ou foto inadequada em seu perfil no Facebook e no Twitter. Essa pesquisa ouviu 2.525 profissionais de 10 países. O Brasil e a Itália aparecem na pesquisas como as nações em que os empregadores são mais influenciados pelas redes sociais na hora da contratação. Apesar de ter sido feita anos atrás, a pesquisa permite ensinamentos valiosos.

Acredito fortemente que os currículos, como conhecemos hoje, estão com os dias contados. Num curto espaço de tempo, os recrutadores vão obter os perfis dos candidatos diretamente na web, analisando os rastros e comportamento deles na internet de maneira muito mais rigorosa e profissional do que fazemos hoje. Sistemas e ferramentas de análises de dados cada vez mais sofisticados estão ficando disponíveis e serão usados para isso. Aliás, isso já está acontecendo, mas o processo vai se acelerar e será dominante nos próximos anos. Não tem como escapar. Portanto, cada um de nós deveria traçar uma estratégia de presença na rede, ali é um arquivo vivo de nossas preferências, valores e crenças. E, atenção, tudo que a internet capturar, não dá para apagar.

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1 Comentário
  1. Realmente, o CV não serve para mais nada.
    O candidato pode ter uma infinidade de formação e outras tantas de experiencias mas, o que vai valer, é o seu comportamento pelo lado social porém, isso não pode servir para pretexto de contratação uma vez que, o lado social, é fora do expediente de trabalho e, portanto, o candidato faz e fala o que bem desejar e, quem for.
    Se é verdade ou apenas gozação ou coisa que valha, isso não importa, a empresa não pode vasculhar a vida pessoal de um candiato e, menos ainda, é levar em consideração na hora da contratação.
    Se a pessoa tem todos os requisitos que a empresa procura, então, não há mais nada a ser analisado e, simplesmente que chame o candidato para a entrevista ou seletiva ou coisa que valha e pronto.
    Se, ele se sair bem em todas as fases, é a pessoa ideal para ocupar a vaga mas, se ele vacilar em alguma fase, não é a pessoa ideal.
    Em relação ao caso de falar mal de colegas de trabalho, isso pode ser resolvido entre as partes de forma reservada (uma empresa séria, com certeza faria isso mas, se a pessoa não desejar de acertar, será demitido por justa causa)
    Enfim, está ai, um dos motivos pela qual a desemprego está aumentando também, pois o pessoal do RH no lugar de atentar ao que um CV fala sobre o candidato, vai vasculhar a vida alheia do mesmo.
    E, depois esse mesmo pessoal reclama quando falamos algo por serem estagiarios, e com razão, pois não sabem trabalhar, se fossem mais sério ou mais competentes, buscariam relevancia apenas no CV, que é justo o que a empresa solicita para a primeira triagem em relação ao candidato ter ou não os requisitos desejados, fora isso, não há nada mais a ser observado e, em lugar algum.

    Rodney em 13 de dezembro de 2016 - 12:32

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