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Bar adota atendimento em Libras para inclusão de clientes em MG

Por: Afonso Bazolli
Em: Call Center
Fonte: G1

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Aposta é que usuários da Língua Brasileira de Sinais se sintam confortáveis para frequentar o local, em Itajubá.

Comunicar-se com alguém que não fala a mesma língua é uma tarefa difícil para pessoas que usam a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Elas enfrentam verdadeiros desafios quando vão a lugares públicos. De olho nas necessidades destes clientes, um bar de Itajubá (MG) apostou no atendimento em Libras.

Pela iniciativa de um dos garçons da casa, que estuda Libras há quase um ano, o bar passou a oferecer o atendimento especializado. A aposta do pub é que pessoas com surdez ou deficiência auditiva se sintam mais confortáveis nos momentos de lazer.

O atendimento especial começou há menos de um mês e tem feito sucesso até mesmo com quem não se comunica por Libras. O vídeo publicado nas redes sociais do bar para divulgar a ação teve milhares de visualizações. Nos comentários, virtuais ou feitos direto no balcão, o público demonstra apoio ao atendimento inclusivo.

Para Luciano Meni Gonçalves, proprietário, o bar é lugar de integração entre as pessoas e, por isso, nada mais justo do que ser receptivo a todas elas. “A gente queria algo que que integrasse as pessoas que têm alguma dificuldade e nem sempre conseguem socializar como elas querem. Muitas vezes, ficam na própria casa por acharem que não vão ter um atendimento apropriado”, comenta Luciano.

Necessidade de inclusão

Implementar o atendimento em Libras foi ideia de Abner Thomas Miguel. Ele é garçom e estudante da língua de sinais há quase um ano.

Abner conta que sempre teve curiosidade pela comunicação por sinais e, desde que teve a oportunidade de aprender Libras, não passa um só dia sem estudar. “Começou com uma curiosidade de criança e hoje é uma paixão que eu sinto, que preciso estudar todos os dias”, pontua.

Mesmo ainda em fase de aprendizagem, o garçom aceitou o desafio de atender em Libras depois de uma experiência. Ele sentiu um pouco da dificuldade que pessoas com surdez ou deficiência auditiva sentem ao tentar se comunicar em Libras no comércio da cidade.

Ele estuda a língua de sinais no Centro de Apoio e Integração do Deficiente de Itajubá (Caidi) e participou de uma ação da instituição para avaliar o atendimento das lojas às pessoas que se comunicam por Libras.

“Nós entramos em lojas falando apenas em Libras para sentir o tamanho da dificuldade dos surdos para comprarem uma roupa ou perguntar uma informação. Vimos que há uma grande deficiência no atendimento”, relata.

Depois da experiência, Abner decidiu fazer algo para melhorar o cenário e sugeriu implementar o atendimento na língua de sinais. “Como eu já trabalhava como garçom, trabalho com pessoas, eu acabei percebendo que eu também faço parte disso e que, como estou aprendendo Libras, poderia fazer diferente”, destaca.

Com a ajuda de colegas do Caidi, ele aprende sinais específicos para o atendimento e se prepara para receber ainda melhor quem se comunica em Libras.

Importante e divertido

A estudante Camila de Cássia da Costa, que é surda e usuária da língua de sinais, ressalta que não é preciso medo de se comunicar com quem não escuta, porque até mímicas são válidas para transmitir a mensagem.

Em lugares sem o atendimento especializado em Libras, outro recurso é escrever. Mas nem todas as pessoas com surdez dominam a Língua Portuguesa e, por isso, ela considera tão importante um atendimento inclusivo.

“A língua do surdo é a Libras e nem todos os surdos sabem bem o Português. Comigo é um pouco mais fácil pois sei escrever e ler um pouco português, mas outros surdos têm muita dificuldade, e aí a comunicação é mais difícil”, relata.

“O português é uma língua oral-auditiva, os ouvintes formam as palavras através dos sons. Todos pensam que a Libras é uma tradução integral do português e não é assim. Como qualquer outra língua ela tem sua própria estrutura gramatical, é independente da língua portuguesa”, detalha Camila.

Além de importante, Camila considera que o atendimento inclusivo deixa os passeios ainda mais divertidos. “Seria bom se tivessem mais pessoas com o atendimento especializado, para que nós surdos não precisássemos nos sentirmos excluídos pela sociedade. Nós surdos também gostamos de nos divertir, passear, comer coisas gostosas, e ir em um lugar que você se sente acolhido é melhor ainda”, finaliza a estudante.

Ainda um diferencial

O atendimento em Libras ainda é um diferencial do bar em Itajubá. Mas a intenção de Luciano e Abner é que, com o exemplo, outros estabelecimentos também procurem implementar um atendimento inclusivo.

“Esse é o intuito de ter o atendimento em Libras: que outros lugares vejam a iniciativa e reproduzam isso, que pensem a inclusão como uma necessidade e não como algo exclusivo ou bonitinho. Precisa ser algo constante e normal”, destaca Abner.

Capacitação

A ideia de que a inclusão deve ser difundida por outros lugares é recorrente também em Poços de Caldas (MG). Por lá, o Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado Doutor Tarso de Coimbra tem um projeto de capacitação em Libras, o Mãos que Falam e Ultrapassam Fronteiras – Empatia.

A ideia é que os alunos do Centro Municipal ensinem sinais básicos para o atendimento de pessoas pela língua de sinais. A demanda foi levada pelos próprios alunos, que relataram as dificuldades em ser atendido no comércio.

Diante disso, o Centro Municipal firmou parceria com empresários para capacitar os atendentes e, junto da professora e coordenadora do centro, Fabiana Scassiotti Fernandes Solia, os próprios estudantes passaram a ensinar a língua de sinais.

A próxima etapa foi oferecer a capacitação para funcionários públicos municipais. A primeira turma foi a dos Guardas Municipais, que aprenderam como começar uma conversa em Libras. Depois, a capacitação foi levada para a área da saúde e funcionárias da Santa Casa também participaram da formação.

Fabiana Scassioti Fernandes Solia, professora e coordenadora do Centro Municipal Tarso de Coimbra, conta que depois de cada encontro do projeto, os alunos se reúnem para apontar os pontos positivos e o que ainda precisa melhorar no projeto. Para a professora, a empatia e o acolhimento são pontos indispensáveis.

“Para os alunos a importância está no protagonismo, na transformação da realidade. O problema é detectado, as ações planejadas e realizadas em conjunto. Existe a verificação das transformações e também uma contínua busca por uma cidade mais acolhedora”, destaca Fabiana.

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