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Desemprego ainda é a maior causa da inadimplência

Por: Afonso Bazolli
Em: Cobrança
Fonte: Valor Econômico

Por Arícia Martins.

Mesmo com taxas historicamente baixas, o desemprego é cada vez mais o principal motivo por trás da inadimplência dos consumidores. Pesquisa da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), mostrou que, em março, a falta de trabalho foi citada por 38,3% dos entrevistados como razão para atrasar pagamentos, aumento de quatro pontos percentuais em relação a setembro, a edição anterior do levantamento, feito com consumidores paulistanos com dívidas em atraso.

Wilson Grossa, 42 anos, acumulou dívida de R$ 1,2 mil no cartão de crédito quando ficou desempregado em 2010. Foto: Vitor Salgado

A desocupação supera o descontrole financeiro, apontado por 24,6% dos pesquisados, e o empréstimo do nome a terceiros, com 9,4% das respostas. A Boa Vista consultou 1.112 pessoas na sondagem. Segundo o Banco Central, o nível de inadimplência da pessoa física ficou em 7,6% em fevereiro, aumento de 1,8 ponto percentual em relação a igual mês de 2011. A autoridade monetária considera como inadimplentes consumidores que devem há mais de 90 dias.

Para Fernando Cosenza, diretor de inovação e sustentabilidade da empresa, a alta rotatividade do mercado de trabalho e a falta de poupança do brasileiro explicam por que o consumidor entra na inadimplência, mesmo em cenário de emprego farto. “Especialmente nas classes mais baixas, as pessoas continuam trocando de emprego e se atrapalham nesse período em que estão procurando outro trabalho”, diz. Em fevereiro, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país foi de 5,7%, menor nível para o mês desde 2002, início da nova série histórica do IBGE.

O administrador de empresas Wilson Grossa, de 42 anos, ficou sem condições de quitar sua dívida no cartão de crédito quando perdeu o emprego em 2010. “Tive que escolher entre pagar essa conta ou as da casa”, conta Grossa, cuja dívida não era grande, mas, com juros acumulados em oito meses, alcançou R$ 1,2 mil. Agora empregado, pretende acertar o débito em breve. A escola do filho, de 12 anos, consome boa parte da renda mensal de R$ 2 mil e a esposa, auxiliar de escritório, está sem trabalho.

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À exceção da idade, Grossa é um retrato do inadimplente brasileiro. Segundo a pesquisa, 58,4% dos consumidores que buscaram orientação no SCPC para regularizar débitos são homens. A maioria dos consumidores com dívidas em aberto, entre homens e mulheres, tem entre 31 e 40 anos (33,41%), ganha até três salários mínimos por mês como renda pessoal (65,7%), tem ensino médio completo (44,2%), deve há mais de 90 dias (90,7%) e usou o cartão de crédito para comprar a prazo (39,8%).

Das seis formas de pagamento causadoras de inadimplência, o cartão de crédito foi a única que aumentou a participação nas dívidas em atraso entre setembro e março. Na pesquisa anterior, o cartão foi citado por 36,7% dos entrevistados. A avaliação de Cosenza é que o consumidor está substituindo outros meios de adquirir crédito – como carnês e cheque – pelo cartão, sem se preocupar com os juros mais altos. “As pessoas estão concentrando as dívidas no cartão pela facilidade desse meio de pagamento e, quando se complicam, se tornam inadimplentes.”

Foi o caso de Carlos Alberto Silvério, que pagou no cartão a rematrícula de R$ 2 mil do filho na faculdade e viu a dívida se transformar em R$ 15 mil após cinco meses sem pagar a fatura. Autônomo, Silvério possui uma pequena assessoria financeira e teve de priorizar o pagamento do aluguel e da mensalidade do filho depois do volume de negócios ter caído drasticamente no meio do ano passado. Também entrou no cheque especial, que hoje soma mais R$ 6 mil às contas em atraso. “Usei o cartão e o cheque especial de forma indevida”, admite.

Dívidas grandes como a de Silvério, de acordo com a pesquisa, não estão mais ganhando espaço. Entre setembro e março, o percentual de contas em atraso acima de R$ 5 mil ficou estável, passando de 17,2% para 17,1%, enquanto a parcela de dívidas até R$ 1 mil subiu de 45,3% para 47,9% do total. Segundo Cosenza, como a inadimplência está aumentando na base da pirâmide – ou seja, nas faixas de renda menor – esse movimento também acaba por puxar para baixo o valor das contas em atraso.

Em setembro, 61,3% dos inadimplentes pesquisados informaram ganhar até três salários mínimos como renda pessoal, contra 65,7% na edição atual. Em igual período, o percentual de inadimplentes com rendimento entre três e dez mínimos recuou de 33,4% para 22,6%, enquanto a parcela que recebe mais de dez mínimos passou de 3,4% para 2%. “O crédito chegou para as classes mais baixas mais recentemente. Esse não é um movimento pontual. É o reflexo da inclusão do novo consumidor no mercado de crédito brasileiro”, afirma Cosenza.

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