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Empresas compram dívidas de bancos e lucram com recuperações

Por: Afonso Bazolli
Em: Cobrança
Fonte: Folha de S.Paulo

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Resolução do BC abre mercado para instituições que assumem créditos podres de bancos, indústria e comércio

Por: Fátima Fernandes

Assumir o crédito podre -dívida em cobrança judicial e de difícil recuperação- de um banco, indústria ou comércio era considerado algo fora de propósito até há pouco tempo no país. Mas a inadimplência chegou a tal ponto que começam a aparecer empresas interessadas no filão.

Desde que o Banco Central autorizou, por meio da resolução 2493, de 7 de maio de 98, a compra de carteiras de crédito por instituições não-financeiras, pelo menos meia dúzia de empresas já se prepara para disputar esse mercado.

A recém-nascida Fontus, uma filial da MGDK & Associados, consultoria de gestão empresarial, já tem uma uma carteira de crédito de R$ 15 milhões, correspondente às dívidas de 20 mil pessoas, feitas sobretudo com cartão de crédito.

A Folha apurou que os bancos Pactual, Bozano, Simonsen e Goldman Sachs estão em conversas para criar em parceria uma empresa com o mesmo fim. Os créditos que estão negociando ultrapassam R$ 500 milhões.

No caso da Fontus, o porta-fólio de clientes foi adquirido de duas empresas -não reveladas. A carteira de crédito de cartão lhe interessa mais, porque acredita que o inadimplente no cartão tem mais chance de quitar o débito.

A Fontus está negociando a compra de créditos de outras cinco empresas e espera até o final do ano ter em carteira R$ 100 milhões. Ainda neste mês, ela deve sair à caça dos inadimplentes.

A empresa não revela qual o desconto que obtém na compra das carteiras de crédito, tampouco quanto prevê recuperar.

Eduardo Camara, gerente-geral, só diz que a Fontus não quer ser caracterizada como uma empresa de cobrança. “Montamos uma recuperadora de crédito.” Pelas suas palavras, não haverá um cobrador e um inadimplente, mas, sim, um vendedor oferecendo a um cliente meios para que ele efetue o pagamento das dívidas.

O sucesso dessa recuperação, diz ele, está na tecnologia do sistema de análise da carteira, que identifica os clientes que podem ser cobrados e com maiores chances de pagamento. A tecnologia foi montado em parceria com a Softway, especializada em processamento de dados e telemarketing.

“A idéia é trabalhar com clientes que foram bem avaliados antes de receber o crédito, pois esses provavelmente querem acertar as contas”, diz Colin Butterfield, gerente comercial da Fontus.

A empresa estima que as perdas dos bancos e das administradoras com a inadimplência só no cartão de crédito já supera R$ 1 bilhão. “É desse bolo que vamos participar. Queremos pegar a carteira de crédito que até as empresas de cobrança já trabalharam”, diz Malin Lindgren, gerente da Fontus.

A empresa a ser formada entre Pactual, Bozano, Simonsen e Goldman Sachs espera recuperar o crédito das pessoas jurídicas, pois os valores a receber são maiores.

Ela acredita que quem tem dívidas a receber não quer mais gastar tempo e dinheiro correndo atrás do devedor e deixando de lado a atividade principal, que é vender.

O Bozano, Simonsen mostrou que tem interesse nesse mercado ao adquirir em um leilão do Banco do Brasil, no final de junho, um crédito de R$ 250 mil da empresa Matrix, de Brasília, por R$ 57 mil. O desconto foi de 77%.

“Há três anos estamos nos preparando para disputar a compra e a cobrança de créditos de pessoas jurídicas”, afirma Paulo Ferraz, presidente do banco. É um mercado, avalia, que está apenas começando no Brasil, mas deve se expandir muito rapidamente.

Nos EUA, as empresas que disputam esse mercado têm em carteira créditos de aproximadamente US$ 15 bilhões.

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