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Sou uma pessoa “difícil” no trabalho e me orgulho disso

Por: Afonso Bazolli
Em: Gestão
Fonte: Valor Econômico

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Por: Lucy Kellaway

Recentemente, tive uma discussão no trabalho com um homem sobre uma questão de princípios. Quando cheguei em casa, fiz um relato para minha filha sobre a briga, golpe a golpe, na expectativa de receber seu leal apoio. Em vez disso, sua reação foi revirar os olhos.

“Pobre coitado”, ela disse, tomando o lado de meu adversário. “Pobre coitado?”, repeti, atordoada.

“Você pode ser bem difícil”, explicou-me. “Acho que você não percebe.”

Ela está certa quanto à segunda afirmação. Não me vejo como difícil. Sou uma pessoa perfeitamente razoável. Para descobrir se a visão dela era o consenso, já na manhã seguinte decidi empreender uma pesquisa. Abordei o primeiro colega que apareceu na minha frente e intimei-o: “Sou uma pessoa difícil?” Ele pareceu sentir-se desconfortável, por ser co

Em geral, ser uma pessoa difícil no trabalho não é visto como algo positivo. Na Amazon há 1.387 livros sobre como lidar com pessoas difíceis, entre os quais títulos como “Since Strangling Isn’t an Option” (algo como “Já que Você Não Pode Sair Estrangulando”, em inglês). Não consegui achar nenhum volume intitulado “O que Fazer Quando Sou Eu a Pessoa

Na pele de colunista, ser difícil faz parte do trabalho: se você não gostar de irritar os leitores de vez em quando, então você é mole demais para oferecer algo de bom. Na verdade, enquanto jornalista, ser pessoalmente difícil pode ser algo que vai te servir muito bem. Posso citar um ou dois escritores que de tão impossíveis nunca têm seu texto final modificado. Além disso, suas palavras invariavelmente merecem lugar de destaque, porque nenhum editor seria capaz de lidar com o alvoroço resultante de fazer o contrário

Ser difícil também tem outras vantagens. Faz com que as pessoas não tenham o costume de recorrer a você para pedir pequenos favores. Tendo em vista que um dos truques de sobrevivência mais importantes no mundo empresarial é evitar trabalhos triviais e maçantes, isso se torna uma arma poderosa. Ser difícil também significa que provavelmente você terá mais chances em conseguir infundir seu jeito. É um jogo de equilíbrio, você precisa ser difícil o suficiente para insistir que tudo seja feito como considera apropriado, mas não ser tão difícil a ponto de as pessoas se recusarem a trabalhar com você.

Há vários tipos diferentes de “difícil”. Os livros listam as variedades mais comuns, todas, nem um pouco atraentes: narcisistas, psicopatas, vítimas, fofoqueiras, pessoas que transferem a culpa e aquelas que são uma pilha de nervos.

Há, no entanto, uma outra classe de pessoa difícil que não achei em nenhum livro e que não é, de forma alguma, carente de atrativos. Consiste em “ser mulher”. As mulheres têm probabilidade muito maior de serem chamadas de difíceis do que os homens. O Google mostra o dobro de resultados para “uma mulher difícil” do que para “um homem difícil” e quase todas as referências a homens não valem realmente porque o “difícil” vem acompanhado do complemento “de conquistar”

De forma análoga, a maioria das pessoas que chama as mulheres de difíceis é homem. Os quatro colegas que consultei primeiro eram homens. Depois, apresentei a mesma pergunta a quatro mulheres do “Financial Times”. “Não particularmente”, foi a visão de consenso.

O rótulo de “difícil” é aplicado a qualquer mulher que está disposta a ser “do contra” algumas vezes, que nem sempre concorda com as outras pessoas e que luta para conquistar seu próprio canto. Tudo isso é vital se você quiser cumprir o que tiver que ser feito ou fazer realmente a diferença. A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, segundo

 

Ken Clarke, que fez parte do gabinete ministerial, é uma “mulher pra lá de difícil” – e espero que ele esteja certo, em vista do tamanho dos desafios diante dela.

Para acabar com as dúvidas quanto a meu caso, perguntei a um colega homem que, apesar de ele próprio ser absolutamente muito difícil, é conhecido por nunca desviar-se da verdade. “Não”, disse ele. “Você não é difícil. Você é irredutível, determinada, cabeça-dura e, algumas vezes, impossível.” Classificações que me fizeram ansiar por ser meramente dificil.

Na verdade, o rótulo de “mulher difícil” é um daqueles que estou inclinada a exibir com orgulho. Desnudado dos preconceitos, é um elogio que descreve uma pessoa para a qual “é preciso habilidade para entender”. Proust é mais difícil que Enid Blyton.

Há outro ponto a destacar em ser difícil. Trata-se de uma prerrogativa condicionada a seu cargo. Quando você é iniciante, ser difícil provavelmente resultará em demissão. Quanto mais veterana você fica, mais espaço há para ser difícil – e, de certa forma, mais necessidade há para que você seja difícil, também.

Neste verão britânico, vou deixar o jornalismo e começar tudo de novo, com minha preparação para ser professora de matemática. Ser difícil com meus novos colegas vai estar fora de cogitação, então vou desfrutar até a última gota enquanto ainda puder.

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