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Sobe o custo de captação dos bancos

por: Afonso Bazolli
em: Notícias
fonte: Valor Econômico
01 de agosto de 2013 - 22:14

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Por: Karin Sato e Felipe Marques

Em meio à inesperada demanda fraca por crédito, os bancos têm agora um ingrediente adicional de cautela: a escalada do custo de funding, que invariavelmente bate no preço do crédito. Esse custo deu um salto após o último aumento da Selic promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e continuou subindo nos últimos dias, com a piora do humor dos mercados quanto à economia global e a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor”s de revisar a perspectiva da nota soberana do Brasil para “negativa”.

Esse movimento tem impacto imediato sobre um estoque de “funding” de pelo menos R$ 700 bilhões nos cinco maiores nomes do varejo bancário do país. A cifra equivale a cerca de 18% do capital de terceiros que compõe a captação dessas instituições. A conta inclui depósitos a prazo, letras financeiras e títulos lastreados em crédito rural e imobiliário, que em sua maioria são indexados ao CDI. Mas a alta dos juros, ao longo do tempo, tem impacto sobre todo o funding dos bancos e não apenas a porção pós-fixada.

Desde 7 de março, quando o mercado começou a cogitar que o Banco Central adotaria postura mais rígida no combate à inflação, o juro real implícito nos chamados contratos de swap 360 (estrutura que permite a troca de taxa prefixada por pós) subiu 1,1 ponto percentual, de 2,28% para 3,38%. O cálculo foi feito com base na projeção do IPCA do último boletim Focus. No mesmo período, a taxa nominal do instrumento teve um alta superior a 1,3 ponto percentual, indo a 9,22%.

Uma fotografia mais recente mostra que, após o encontro de maio do Copom, o ajuste do juro real foi de 0,95 ponto percentual, saindo de 2,43% em 29 de maio, para os 3,38% da quarta-feira. Vale lembrar que, segundo o boletim da Federação Brasileira de Bancos, o último ajuste do juro básico foi considerado mais rígido do que o esperado pela média do mercado. O estresse externo adicionou um ingrediente que encareceu o custo do dinheiro nos últimos dias.

O movimento pode significar uma rodada mais intensa de elevação nas taxas de juros cobradas na ponta do crédito, enquanto as instituições financeiras tentam medir qual será o tamanho do ajuste da Selic no atual ciclo de aperto monetário e o rumo dos ativos num cenário de reversão das políticas monetárias expansionistas nas economias desenvolvidas. Para os bancos, preservar receitas é fundamental em um momento de fraca demanda por crédito e de atuação mais agressiva das instituições públicas, combinada a uma maior pressão por eficiência operacional. Já pelo lado do BC, o encarecimento do crédito é uma forma clássica de combate à inflação.

Oficialmente, Banco do Brasil, Santander e Itaú indicam que terão cautela ao decidir o repasse do aumento do custo de captação às taxas dos empréstimos. Para o Itaú, por exemplo, ainda é cedo para fazer previsões. Já o BB disse avaliar o cenário, considerando os fundamentos do mercado e os movimentos da concorrência. O Bradesco não quis comentar.

No caso da Caixa Econômica Federal, o vice-presidente de finanças, Márcio Percival, afirma que a estrutura de captação de recursos do banco público, em especial nas linhas de crédito direcionado, como o crédito habitacional e as operações para infraestrutura, mitiga os efeitos do avanço da Selic. Nesses casos, por exemplo, há a correção por índices como a Taxa Referencial (TR) e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Segundo Percival, o banco público ainda não se decidiu sobre se vai aumentar os juros e em que linhas o fará.

Entre os grandes bancos, o Santander possui a maior participação de valores expostos a taxas flutuantes, com cerca de 30% do capital de terceiros. Depois, aparece o Banco do Brasil, com 19%. Uma fonte do setor disse que a exposição dos bancos a instrumentos atrelados ao CDI é considerável. As tesourarias dos bancos fazem uso de uma série de ferramentas para minimizar o impacto da Selic sobre a captação, mas não conseguem neutralizá-lo por completo.

Mesmo sem escapar das taxas flutuantes, os bancos se esforçam para alterar seu perfil de captação, apostando mais em letras financeiras, de maneira a ampliar o prazo de suas dívidas, diz Rafael Schiozer, coordenador do Instituto de Finanças da FGV-EESP. Porém, as instituições continuam captando via intrumentos pós-fixados e concedendo crédito prefixado, o que gera essa dependência da Selic. Ele lembra que perdas de margem nos empréstimos já cedidos é inevitável. Schiozer diz ainda que outra consequência da decisão do Copom pode ser a redução do percentual do CDI pago a investidores de CDBs.

Executivos de bancos afirmam que, por enquanto, o 0,75 ponto acrescentado à Selic traz um aumento no juro dos empréstimos pouco visível ao consumidor. Nas operações de crédito de valores mais elevados e prazos mais longos, com recursos livres, o ajuste é mais perceptível. É o caso de empréstimos ponte feitos a grandes empresas antes da liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social em projetos de infraestrutura.

Outro banqueiro diz que o ajuste vai variar de linha para linha, segundo o apetite do banco em competir em certas modalidades. “Cada gestor de produto de crédito vai fazer a devida adequação [ao maior custo de captação] para evitar perda de receita”, explica.

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