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Crédito volta a cair e indica pior ano desde início do Plano Real

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
13 de setembro de 2016 - 18:08

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Por: Eduardo Campos e Alex Ribeiro

Depois de dar acenos, mesmo que incipientes, de uma retomada em junho, o crédito voltou a apontar para baixo na abertura do segundo semestre, indicando que este será o pior ano para o mercado desde a adoção do Plano Real, em 1994.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, a projeção de crescimento de já modesto 1% para 2016 será revista agora em setembro, provavelmente para baixo, tendo em vista o comportamento observado nos sete primeiros meses do ano. A projeção inicial era de alta de 7%. Em termos reais, esse será o segundo ano de contração, pois em 2015 o estoque subiu 6,7%, abaixo da inflação de 10,67%.

Após uma queda de 0,6% em junho, o estoque de crédito caiu 0,4% em julho, somando R$ 3,115 trilhões, ou 51,4% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano, a queda é de 3,2%, e em 12 meses ainda há uma breve alta de 0,2%. A contração no ano é puxada pelo crédito livre, com baixa de 5,1%, mas o crédito direcionado também caminha para uma inédita contração anual, pois recua 1,3% no ano.

O mês também viu uma acentuada queda nas concessões de novos empréstimos e financiamentos, de 11,1%, para R$ 264,9 bilhões. No ano, essas concessões recuam 9,1%, puxadas pelas empresas, com baixa de 14,5%. Para as famílias, a queda é de 4,4% em 2016.

Segundo Maciel, a queda em julho não pode ser atribuída a fatores sazonais. “Então efetivamente o mercado de crédito evoluiu de maneira bastante contida ao longo do ano refletindo o nível de atividade baixo”, disse.

Outros vetores são os indicadores de confiança, que mostram recuperação na margem, mas em nível ainda historicamente baixo, e a elevação do custo do crédito.

Ainda de acordo com Maciel, o cenário é o mesmo em diversos segmentos, seja no crédito livre ou direcionado. Para as empresas, o crédito vem desacelerando, puxado pelo capital de giro, que é a principal modalidade para as companhias e é ligado ao ritmo da atividade econômica. O crédito livre às famílias se manteve praticamente estável no mês, com uma pequena alta de consignado e queda em cheque especial e veículos.

No mês, o custo do dinheiro voltou a subir tanto para empresas quanto para famílias, captando aumento nos spreads, conforme o custo de captação das instituições financeiras teve queda marginal. A taxa de juro com recursos livres para as famílias subiu 0,5 ponto, para 71,9%, nova máxima. Para as empresas, a taxa ficou em 30,4%.

Maciel apontou, ainda, que a inadimplência está comportada, se estabilizando ao redor de 5,6% a 5,7% considerando recursos livres, em um ambiente de crescimento das taxas de juros e aumento do desemprego.

Tal quadro reflete o maior rigor dos bancos nas concessões e também capta o aumento na renegociação de crédito de famílias e empresas. No caso das famílias, o chamado crédito renegociado, que ocorre quando há troca de modalidade de financiamento, aponta alta de 7,4% no ano e de 16,3% em 12 meses, somando R$ 29,019 bilhões. Para as empresas, não há categoria específica, mas as renegociações acabam entrando na categoria “outros”, que mostra um aumento de 20,2% em 12 meses, para R$ 97,467 bilhões. No ano, no entanto, há uma queda de 8,2%.

No crédito direcionado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem uma inédita queda de 7,2% no estoque de crédito no ano, para R$ 587,686 bilhões, reflexo das concessões, que recuam 40,3%.

Ainda no caso do direcionado, Maciel apontou que, aparentemente, há uma acomodação na desaceleração do crédito imobiliário, já que a taxa de crescimento em 12 meses estacionou na casa de 9%, depois de consistente baixa.

Para pessoas físicas, o estoque de crédito habitacional encerrou julho em R$ 521 bilhões, alta de 4,3% no ano e avanço de 9,3% em 12 meses, vindo de um crescimento de 9,7% nos 12 meses até junho. Em julho de 2015, a taxa de crescimento estava acima dos 20%. Em 2010, o crescimento se manteve consistentemente acima dos 50%.

A retração desse mercado segue de perto a dinâmica do emprego, renda e custo do dinheiro.

Considerando os financiamentos com taxas reguladas, o juro médio encerrou julho em 11,3%, contra 10,1% um ano antes. A mínima da série, que começa em 2011, foi vista em fevereiro de 2013, a 7,63% ao ano.

No lado das concessões, a queda continua acentuada. Nos 12 meses encerrados em julho, a baixa chegou a 34,1%.

Nas contas da Rosenberg e Associados, a retração real do crédito em 12 meses é de 8,1%, com os recursos livres cedendo 10,6% e os direcionados perdendo 5,5%. Para a consultoria, o mercado de crédito está em visível retração e a expectativa da casa é retração real do saldo da ordem de 7% a 8% em 2016.

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