Por: Alex Ribeiro

A taxa de inadimplência, os créditos baixados a prejuízo e as provisões para devedores duvidosos da Caixa Econômica Federal aumentaram no segundo trimestre, embora ainda sigam abaixo da média do mercado bancário.

Em balanço apresentado ontem, o banco público teve um lucro líquido de R$ 1,88 bilhão no segundo trimestre, com alta de 2,7% ante igual período de 2013.

O índice de inadimplência subiu de 2,63% para 2,77% entre março e junho. Na comparação anual, há uma tendência de alta, já que em junho de 2012 o indicador estava em 2,04% e, em junho de 2013, em 2,27%.

Em março, já havia ocorrido um aumento da inadimplência na Caixa, de 2,3% para 2,63%. Na época, o banco federal explicou que o avanço tinha sido apenas devido a fatores sazonais, refletindo o fato de que o orçamento das famílias costuma ficar mais apertado nos primeiros meses do ano e muitos atrasam o pagamento de dívidas. A expectativa da Caixa era que a inadimplência recuasse em junho, o que acabou não se confirmando.

O banco oficial diz que o avanço da inadimplência em junho está dentro do previsto, devendo-se a uma maior diversificação de sua carteira, com uma atuação maior em linhas com maior risco e retorno.

Apesar da alta, a inadimplência da Caixa segue menor do que a do sistema bancário como um todo, que teve uma taxa de 3% em junho, segundo dados do Banco Central. A Caixa também pondera que 92% de seu crédito é classificado com notas entre AA e C, as mais baixas da escala de classificação de risco do BC. Os dados do BC mostram que 93% do crédito do sistema está classificado nessas faixas de risco.

As provisões para devedores duvidosos somaram R$ 3,951 bilhões no segundo trimestre, alta de quase 60% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 76,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. As transferências a prejuízo somaram R$ 2,378 bilhões no segundo trimestre, alta de 79% em relação ao mesmo período de 2013.

A vice-presidente de risco da Caixa, Alexsandra Camelo Braga, afirma que, em grande medida, o incremento nas provisões e baixa a prejuízos reflete o aumento da carteira de crédito entre 2012 e 2013. Segundo ela, há certa estabilidade ou até queda quando esses números são comparados com o volume de crédito.

A relação entre o volume de provisões e a carteira de crédito, por exemplo, recuou de 5,02% para 4,6% entre junho de 2013 e de 2014. “Em termos relativos, nossas baixas a prejuízo estão entre as menores do mercado”, afirmou Alexsandra Braga.

Em junho, o índice de Basileia da Caixa ficou em 13,3%, acima do mínimo legal, de 11%. O vice-presidente de finanças da instituição, Márcio Percival, chamou a atenção para o fortalecimento que deve ocorrer com a estrutura de capital da Caixa, depois que o Banco Central aprovou que uma injeção de capital de R$ 28 bilhões feita pelo Tesouro no banco oficial seja considerada capital de alta qualidade para o cumprimento das regras de Basileia 3.

Com isso, o índice de Basileia sobe a 14,5% já em agosto. A Caixa também submeteu ao BC pedido para que seja integrada à sua base de capital uma emissão recente feita no exterior, de US$ 1 bilhão, que, se aprovada, poderá elevar o índice para 14,75%.

Os cálculos da Caixa são que a folga de capital seja suficiente para lastrear uma expansão de R$ 350 bilhões na carteira de crédito, que avançou 28% nos 12 meses até junho, para R$ 552 bilhões. “Com essa estrutura de capital, estamos confortáveis para executar nossos planos de 2014 e de 2015″, disse Percival. Para este ano, a meta é aumentar a carteira em 22%. O objetivo para 2015 ainda não foi divulgado, mas a tendência é que fique um pouco abaixo do de 2014.

Percival não comentou as negociações de pagamentos de dividendos ao Tesouro, que pede uma parcela maior para ajudar a cumprir as metas fiscais deste ano. “O que posso dizer é que nosso planejamento não incluiu nenhum novo aporte de capital pelo Tesouro.”

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