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Empresas – Controlar endividamento ainda é o desafio

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
28 de maio de 2014 - 18:05

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Por: Natália Viri

Em meio ao baixo crescimento da economia e inflação elevada, as empresas vêm recorrendo a ajustes em custos e despesas operacionais para segurar as margens de lucro. Mas adequar o endividamento ao novo cenário tem se mostrado uma tarefa mais complicada. Diversas empresas venderam ativos para reduzir suas dívidas e algumas delas recorreram a aportes – seja por parte dos atuais acionistas, ou entrada de novos sócios – para aliviar o peso das dívidas sobre os resultados mais enxutos.

O nível de endividamento médio das pouco mais de 100 companhias não financeiras cobertos pela Fitch Ratings ficou estável no ano passado, mas num patamar considerado elevado. Ao fim de 2013, a relação entre dívida líquida e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) estava em 3 vezes, muito acima das 2,1 vezes verificadas e 2008, ano em que eclodiu a crise internacional.

A liquidez não é uma preocupação, afirma Ricardo Carvalho, diretor sênior de empresas da agência. O caixa das empresas é, em média, suficiente para cobrir 190% das dívidas com vencimento em até um ano, o que afasta temores de calote. O problema, ressalta, é que o custo da dívida pode aumentar. “Dentro do patamar atual, qualquer deterioração pode provocar ações negativas de rating”, diz o analista. Novamente, a expectativa da agência é que haja mais reduções nas notas de crédito do que elevações.

Em 2013, já foram 13 rebaixamentos contra 10 “upgrades” na escala global, que inclui empresas que emitem títulos no mercado externo. Nos últimos dois anos, os rebaixamentos superaram os de 2009, ano em que as empresas colhiam os cacos deixados pela crise.

Num cenário de margens já apertadas, os gastos com pagamento de juros fazem diferença. Levantamento realizado pelo Valor com base nos dados de 234 empresas que capital aberto mostra que, no ano passado, as despesas financeiras aumentaram 33,9%, para R$ 44,7 bilhões. Boa parte desse aumento veio da desvalorização de 15% real sobre o dólar, que pesa no balanço, já que as dívidas são corrigidas pela cotação do fim de cada período e as diferenças são descontadas nas demonstrações financeiras.

O avanço nessas despesas consumiu boa parte dos ganhos de eficiência gerados por meio de economias operacionais. Enquanto a margem antes de juros e impostos (Ebit, em inglês) ficou estável em relação a 2012, a margem líquida caiu 0,45 ponto percentual.

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“Costumo brincar que dívida a gente não demite. Lidar com o impacto da frustração de expectativas sobre os passivos leva mais tempo”, afirma Flávia Krauspenhar, sócia da consultoria Capitânia. De acordo com ela, quem tem dinheiro em caixa já está arrumando a casa. Diversas empresas, dentre elas a Gerdau, a Votorantim e o frigorífico Minerva, recompraram dívidas e aproveitaram a abertura do mercado externo de captações no começo do ano para emitir títulos a juros mais baixos.

A venda de ativos fixos para reduzir o endividamento também tem sido uma estratégia recorrente, diz a consultora. A Fibria, de celulose, por exemplo, captou R$ 1,4 bilhão com a venda de terrenos e utilizou os recursos para recomprar US$ 690 milhões em bônus que venceriam 2012. A economia estimada pela própria companhia é de US$ 52 milhões ao ano.

A Aliansce, de shopping centers, pretende seguir o mesmo caminho. Em teleconferência com analistas sobre o balanço do primeiro trimestre, o diretor Henrique Guerra afirmou que pretende vender ou reduzir a participação em um ou dois empreendimentos para melhorar o nível de endividamento. Ele destacou ainda que, pela primeira vez, a empresa não vai inaugurar shoppings novos. A têxtil Springs Global, da Coteminas, também anunciou que quer captar R$ 100 milhões com a venda de três ativos. “Os recursos ajudarão a reduzir o endividamento da companhia. Não temos nenhuma aquisição em vista”, afirmou o presidente Josué Gomes da Silva.

Carvalho, da Fitch, afirma que a preocupação deve se manter no próximo ano, que concentra boa parte dos vencimentos de dívida e deve ser marcado por um forte ajuste na economia, independentemente do candidato vencedor nas eleições presidenciais. “Isso pode afetar a disponibilidade dos bancos em ceder nos empréstimos”, ressalta. Para o executivo, empresas com caixa mais apertado podem ter de pagar mais caro para conseguir renegociar os passivos, o que é mais complicado num cenário de caixa apertado.

De acordo com Flávia, da Capitânia, uma alternativa recorrente para quem está com o cobertos curto tem sido recorrer a novos sócios. “O movimento recente de fusões e aquisições tem muito a ver com esse cenário de endividamento. As empresas precisam de recursos novos e agora há investidores interessados”, afirma.

A B2W, de comércio on-line, optou por essa via. Em janeiro, a empresa anunciou uma capitalização de R$ 2,38 bilhões, com participação da controladora Lojas Americanas e a entrada do fundo americano Tiger Global. Os recursos serão utilizados para amortizar parte da dívida, que no começo do ano era equivalente a 2,7 vezes o Ebitda anual.

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