
O crescimento da classe C nos últimos anos levou cerca de 40 milhões de brasileiros ao mercado consumidor. Com isso, o segmento se tornou um dos motores no aumento do crédito bancário no país. A pergunta é se a nova classe média terá fôlego para manter a expansão do mercado de crédito.
O crescimento ainda se mantém positivo, embora não no mesmo ritmo de 2010 e 2011. No primeiro semestre, a demanda por crédito ao consumidor cresceu 6,1%, segundo dados da Serasa Experian, uma boa recuperação comparada à queda de 7,4% registrada no mesmo período de 2012, mas longe da alta de 16,6% e 13,7% nos dois anos anteriores.
Para o diretor do Departamento de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco, José Rocha Neto, a resposta está em escolher entre o copo meio cheio ou o copo meio vazio. “Se compararmos com a expectativa de crescimento da economia no fim do ano passado e com o crescimento da carteira de pessoa física há cinco anos, a situação é pior”, diz. “Por outro lado, apesar da desaceleração da atividade econômica, nossa carteira para pessoas físicas cresceu 3,6% no último trimestre, com um perfil de endividamento melhor e com a menor taxa de inadimplência dos últimos nove trimestres”.
Evidentemente, o copo poderia esvaziar mais se houvesse uma deterioração forte na economia, mas isso não está no radar do Bradesco, diz Rocha Neto. “Nosso pior cenário de estresse não prevê desemprego acima de 6% nos próximos anos, e isso ajuda a manter o crédito em alta”, diz.
Atualmente, as classes C/D/E respondem por cerca de 60% da carteira de crédito a pessoa física do banco e a classe C, sozinha, corresponde a 30% do total.
Os sinais não preocupam José Henrique Marques da Cruz, vice-presidente de Atendimento e Varejo da Caixa. “O crédito bancário para a classe C ainda vai crescer bastante porque apenas 52% dessas pessoas são bancarizadas”, afirma. Cruz também aposta na atração de clientes de outros bancos, insatisfeitos com os serviços e as taxas cobradas nos concorrentes. “De janeiro a junho, conquistamos 865 mil novos clientes só com a portabilidade de contas salário”, afirma.
O Banco do Brasil, por sua vez, informa que sua carteira de crédito orgânica de pessoa física apresentou crescimento acumulado em 12 meses no segundo trimestre de 23,1%. Do total de R$ 125,8 bilhões, 75,9% estão em linhas de menor risco. Desse modo, o banco não observa tendência de redução ou estagnação do crédito a pessoas físicas.
Outro segmento atraente do crédito para a classe C é o microcrédito produtivo, voltado para o microempreendedor. Um dos bancos que vêm operando nesse segmento é o Santander. Desde 2002, o banco espanhol já atendeu mais de 260 mil microempreendedores e investiu R$ 2 bilhões no segmento. Atualmente, possui uma carteira de R$ 245 milhões em empréstimos e 126 mil clientes ativos. “O mercado de microcrédito produtivo vem crescendo a taxas de 15% ao ano e tem fôlego para continuar avançando nesse nível por mais três ou quatro anos”, diz Jerônimo Ramos, superintendente de microcrédito do Santander Brasil.
Para Ramos, esse segmento é mais resistente a crises, graças ao espírito de luta dos pequenos empreendedores. “Mantidas as atuais condições, esses empresários da base da pirâmide subsistem à crise e vão em frente”, diz.
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