Projeção da instituição financeira é de aumento de 7,5% a 11,5% ante 2024

A carteira de habitação total da Caixa deve crescer em 2025 acima da projeção (“guidance”) do banco, disse Marcos Brasiliano, vice-presidente financeiro, em entrevista de imprensa. A projeção da Caixa é de aumento de 7,5% a 11,5% frente a 2024.

No acumulado de janeiro e setembro deste ano, já houve avanço de 11,4%. A expectativa do executivo é que as concessões de crédito cresçam no quarto trimestre, impulsionadas pelas mudanças no modelo de crédito imobiliário, anunciadas pelo governo federal em outubro. Ele também observa uma “recuperação” em contratações por conta de uma “mudança de comportamento” em relação às amortizações.

A partir de 2027, não haverá mais o direcionamento de recursos da poupança para o crédito imobiliário como acontece hoje. Em vez disso, os bancos terão de captar recursos no mercado — por exemplo, com a emissão de letras de crédito imobiliário (LCIs). O dinheiro captado na poupança, mais barato, poderá ser usado livremente, inclusive na concessão de linhas de crédito mais rentáveis para os bancos.

Porém, os bancos terão de destinar um volume equivalente para o financiamento imobiliário em um prazo determinado, que deve ficar entre cinco a sete anos, dependendo do valor do imóvel. Do montante que irá para o crédito habitacional, 80% terão de ser feitos no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que tem taxas limitadas a até 12% mais a Taxa Referencial (TR).

O presidente da Caixa, Carlos Vieira, classificou as mudanças como “importantíssimas” para tornar o Brasil um “mercado maduro”. Para ele, a mudança no “funding” terá um “papel muito forte” de aumentar as captações e permitirá a construção de um mercado secundário — ou seja, de securitização e venda de créditos habitacionais. “Esse mercado secundário, a gente entende que vai ser a grande virada que nós vamos ter nesse segmento.”

Segundo Vieira, a Caixa prevê R$ 1 trilhão em financiamento habitacional nos próximos 10 anos. O executivo ainda contou que o banco já destinou, por meio das novas medidas, R$ 38 bilhões nos próximos 12 meses.

Inês Magalhães, vice-presidente de habitação, disse que, durante as discussões sobre o novo modelo, foi sugerida a “simples liberação do compulsório”. “Houve uma elaboração muito consistente de não só fazer essa liberação, mas criar um processo de transição que dá muito mais previsibilidade para que a gente consiga nesse período construir outras alternativas de funding.”

Já em relação à mudança de comportamento nas amortizações, Brasiliano explicou que havia uma expectativa de amortização “um pouco mais lenta”, mas houve uma aceleração, que deve ser intensificar com a possibilidade de uso dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aprovada quarta-feira pelo Conselho Curador.

Os trabalhadores, a partir de agora, poderão usar os recursos do FGTS na amortização, compra ou abatimento de parcelas em todos os contratos de financiamento imobiliário. O saldo pode ser usado desde que o valor do imóvel esteja dentro do teto de R$ 2,25 milhões, independentemente da data de assinatura do contrato de financiamento.

Na Caixa, são cerca de 52 mil contratos, assinados no período de 2021 a 2025, de imóveis com até esse valor, informou Magalhães. O banco, porém, ainda não calculou quantos poderão ser amortizados com os recursos do FGTS.

Vieira ainda apontou outros fatores recentes que podem ajudar o mercado de crédito imobiliário. O executivo citou a nova linha para retrofit (processo de modernização de edificações antigas), o Programa Reforma Casa Brasil, além de um contrato recente firmado pela Caixa para uso de imóveis da União.

Segundo Vieira, a Caixa assinou recentemente um documento para se tornar gestora de um fundo com recursos direcionados à gestão de imóveis da União. O acordo permite que empreendimentos da União sem uso sejam transformados em empreendimentos imobiliários. “Em Brasília, tem um caso bem concreto disso, que a gente está trabalhando”, afirmou. “A nossa expectativa é que em 2026, dê uma nova conotação para esse mercado.”

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