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Lucro do Banco do Brasil recua 60% com agro e salto em provisões

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
24 de novembro de 2025 - 17:12

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Inadimplência no crédito rural passou de 3,49% para 5,34% no trimestre e instituição diz que número de recuperações judiciais de voltou a aumentar

O Banco do Brasil (BB) viu seus resultados mais uma vez pressionados pelo agronegócio. O volume de provisões de crédito saltou e a inadimplência também, com o agro contaminando inclusive o indicador de calotes em pessoa física. Ainda assim, a instituição entregou um lucro estável na passagem do segundo para o terceiro trimestre e indicou que o quarto trimestre pode ser um pouco melhor, embora ainda não seja possível cravar que haverá uma inflexão na qualidade dos ativos.

O BB teve lucro líquido ajustado de R$ 3,785 bilhões entre julho e setembro, estável na comparação trimestral e com queda anual de 60,2%. O ganho ficou acima da projeção de analistas, de R$ 3,661 bilhões na média. O lucro contábil foi R$ 3,028 bilhões, com queda de 0,2% no trimestre e 66,0% em um ano.

A margem financeira bruta somou R$ 26,365 bilhões, altas de 5,1% e de 1,9% na comparação com o segundo trimestre e com o terceiro do ano passado. A margem com o mercado, que contempla tesouraria e gestão de ativos e passivos, ficou em R$ 1,7 bilhão, recuando 39% no trimestre. Segundo o BB, houve redução de R$ 400 milhões por causa do resultado do Patagonia, subsidiária na Argentina.

A carteira de crédito ampliada atingiu R$ 1,279 trilhão no fim de setembro, com queda de 1,2% em três meses e alta de 7,5% em um ano. O portfólio de pessoa física atingiu R$ 350 bilhões, com altas de 2,3% e 7,9%, impulsionadas principalmente por crédito consignado, não consignado e cartão. Em pessoas jurídicas, a carteira somava R$ 452 bilhões, com queda de 3,2% no trimestre e alta de 10,4% em um ano. No agronegócio, o saldo de operações recuou 1,5% no trimestre e cresceu 3,2% em 12 meses, a R$ 398 bilhões.

A inadimplência chegou a 4,93% em setembro, ante 4,21% em junho e 3,33% em setembro de 2024. Na carteira de agro, o indicador deu um salto, somando 5,34% no fim do terceiro trimestre, frente a 3,49% e 1,97%, respectivamente. As operações em atraso subiram para 6,01% na pessoa física, ante 5,59% e 5,03%. Em empresas, atingiram 4,06%, de 4,18% e 3,58%.

Segundo o BB, a alta da inadimplência no agro se deu principalmente na cultura da soja e nas regiões Centro-Oeste e Sul, além do efeito dos pedidos de recuperação judicial no segmento. Já os calotes em pessoa física foram influenciados “pela sobreposição de operações com produtores rurais” e pela elevação da inadimplência na carteira renegociada e na linha de cartão. De acordo com o banco, o indicador de PF sem considerar produtores rurais seria de 5,33%.

As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) somaram R$ 17,9 bilhões, aumento de 12,7% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

O vice-presidente financeiro do BB, Geovanne Tobias, disse, em vídeo no site de relações com investidores, que as provisões foram afetadas por um caso corporativo específico. Ele não citou o nome, mas provavelmente se trata da Ambipar. Segundo de analistas, o BB tinha exposição de R$ 352 milhões à empresa.

As provisões foram impactadas também pelo agro. O Banco Central publicou normas que flexibilizam a contabilização de ativos problemáticos e favoreceram renegociações. Tobias citou ainda a medida provisória 1314, regulamentada no fim de outubro, que liberou até R$ 12 bilhões em crédito para produtores rurais que tiveram perdas com eventos climáticos. “Muitos agricultores optaram por ficar em compasso de espera e houve recrudescimento da inadimplência, mas estamos confiantes de que esse freio na inadimplência vai acontecer”, afirmou.

Questionado sobre se o ponto de inflexão nas provisões e na inadimplência virá no quarto trimestre, ele evitou fazer essa projeção. “As provisões ainda vieram altas em outubro, estamos trabalhando para controlar em novembro e dezembro”, disse. “Acredito que no quarto trimestre teremos um resultado melhor que no terceiro, mas não igual ao do primeiro trimestre.”

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