
Por: Carolina Mandl
Sem fazer tantas vendas de carteira de crédito neste início de ano, o banco Pan fechou o primeiro trimestre com um prejuízo líquido de R$ 78,6 milhões. Em igual período do ano passado, a instituição tinha registrado um lucro de R$ 39 milhões.
À espera de uma capitalização, o banco controlado por Caixa Econômica Federal e BTG Pactual convive hoje com o difícil equilíbrio entre retenção e cessão de ativos para gerar resultados. De janeiro a março, o Pan vendeu R$ 876,9 milhões em operações de crédito. O valor é 36,8% menor na comparação com igual período de 2013.
Segundo José Luiz Acar Pedro, presidente do Pan, o banco tomou a decisão de reduzir a venda desses ativos porque a rentabilidade desse tipo de operação vem caindo com o ciclo de aumento da Selic.
A alta da taxa básica de juros fez o valor pago pelas operações de consignado fechadas no passado cair. Isso porque os empréstimos com desconto direto na folha de pagamento têm taxa prefixada. Além disso, os juros cobrados nas operações não têm sofrido correção mesmo com a alta da Selic.
Como o banco quer reter mais carteiras daqui para a frente, Acar diz que o Pan preferiu vender um volume menor de empréstimos no começo deste ano. “A estratégia do banco é manter um equilíbrio entre ceder e reter [carteira].”
O acúmulo de empréstimos no balanço é importante para que o Pan consiga gerar resultados futuros. O banco fechou março com R$ 15,8 bilhões de carteira de crédito, valor 21,6% maior do que um ano antes e 3,4% superior à cifra de dezembro. O Pan ainda tem outros R$ 400 milhões em operações que foram vendidas a terceiros, mas pelas quais o banco se responsabiliza em caso de inadimplência.
Para poder reter mais créditos no balanço daqui para a frente, porém, o Pan dependerá de um novo aporte de capital de seus sócios. O banco encerrou março com um índice de Basileia de 12,1%, sendo que 6,57% são de capital principal.
Pelas regras de Basileia 3, que entraram em vigor no Brasil em outubro, os bancos precisam de um patamar mínimo de 4,5% de capital principal hoje. Esse volume, porém, será elevado para um nível entre 7% e 9,5% até 2019.
“Acreditamos que um aporte de recursos pelos controladores não pode ser descartado. Salvo evento neste sentido, o ativo segue em tendência negativa em termos de valor de mercado”, avalia a equipe da XP Investimentos.
Os acionistas discutem neste momento um aporte de capital que possa chegar próximo de dobrar o patrimônio do banco, que hoje é de R$ 2,3 bilhões.
Para liberar mais capital, o banco também estuda a venda de ativos que consumam recursos de forma mais intensa. É o caso da Pan Seguros. Neste momento, para evitar conflitos de interesse, um comitê independente estuda a potencial venda da empresa a seus sócios. Dependendo dos resultados dessa análise, a empresa poderá ser vendida a terceiros.
Com a potencial alienação da seguradora, o banco Pan pretende se transformar apenas em um balcão para a venda de seguros, concentrando-se na atividade de corretagem. “Para nós, o que mais vale em seguros é a distribuição. Isso não perderíamos”, afirma Acar.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.