
Presidente do maior banco privado do país, Roberto Setubal inaugurou sexta-feira em São Paulo centro de TI de R$ 3,3 bi, que atenderá às demandas da instituição nos próximos 35 anos
Por: Léa de Luca
O Itaú Unibanco, maior banco privado brasileiro, não se deixou abater pelo momento de dificuldades políticas e econômicas pelo qual o país passa. Ao contrário: acaba de inaugurar um novo centro de tecnologia, em Mogi Mirim, no interior de São Paulo, que custou R$ 3,3 bilhões. “Estamos preparando o banco para o futuro, para os próximos 35 anos”, afirmou Roberto Setubal, presidente do banco. “É o maior centro desse tipo em construção no mundo, e com certeza o maior investimento em um único projeto feito por uma empresa no Brasil”, afirmou Setubal.
“Esse empreendimento é a prova de que o Brasil tem uma extraordinária capacidade de realização. As dificuldades momentâneas que enfrentamos não devem nos abater, mas sim aumentar nossa confiança no futuro. Acredito que esse investimento logo trará retorno para o banco, como acredito que o Brasil logo retomará seu crescimento econômico”.
O presidente do conselho de administração da instituição, Pedro Moreira Salles, disse que as pessoas continuam acreditando no Brasil. “O nosso novo centro de TI é uma prova disso”, afirmou. Para ele, porém, o ajuste fiscal é fundamental para restaurar a confiança para que o país volte a crescer. Moreira Salles não acredita na saída do atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Levy é o maestro do ajuste fiscal e sua saída tem sido ventilada nos últimos dias.
Candido Bracher, agora diretor geral de atacado do Itaú Unibanco, também mostrou tranquilidade e confiança em sua conversa com jornalistas na inauguração do centro. O executivo disse, por exemplo, que vê benefícios na alta explosiva do dólar recentemente. Para ele, o Brasil agora está protegido por reservas na casa dos US$ 400 bilhões. “É uma crise com rede de proteção, estamos mais protegidos agora”, disse. Bracher também lembrou que o aumento ajuda as empresas exportadoras pois as torna mais competitivas. O executivo é um dos mais cotados para substituir Setubal na presidência executiva do banco, quando ele se afastar do dia a dia e ficar apenas no Conselho.
O Centro Tecnológico Mogi Mirim (CTMM) realizará o processamento e armazenamento de todas as operações do banco, com capacidade para atender o crescimento dessa demanda até 2050. Para se ter uma ideia, o novo data center aumentará em 25 vezes a atual capacidade instalada. No ano passado, o Itaú processou 31 bilhões de transações e o novo centro permitirá que esse número chegue a 35 bilhões neste ano. A maior parte dessas transações se dá, atualmente, por meio online: 42% são realizadas pela internet fixa e mobile, enquanto 9% são feitas nos caixas eletrônicos, 19% nas agências, 2% pelo call center, 28% nas máquinas de cartão.
O investimento no novo centro faz parte de um pacote de R$ 11,1 bilhões anunciados pelo Itaú em 2012, e é uma ferramenta para cortar custos e dar mais agilidade ao banco. O empreendimento ocupa uma área de 151 mil metros quadrados, equivalente a cerca de 14 campos de futebol, e terá seis centros de processamento de dados, espelhados dois a dois, que serão construídos em etapas até 2035.
O primeiro deles já está processando todas as operações de cartões do banco e até julho do ano que vem todo o resto será migrado para ele. O atual centro, no centro de São Paulo, foi modernizado e funcionará como ‘back up’. “Trabalhamos 24 horas por dia, sete dias por semana, sem parar. A migração não vai afetar as operações e nem será sentida pelos clientes. É um trabalho gigantesco, comparável a trocar as turbinas de um avião em pleno vôo”, disse Setubal. Segundo o presidente, a crescente utilização de canais digitais pelos clientes foi um dos motivadores para a modernização do centro de processamento do banco.
Segundo Márcio Schettini, agora diretor geral de tecnologia da instituição, a nova central de dados vai contribuir para reduzir custos em meados do próximo ano, quando a instalação assumir todo o processamento.
“Um dos pilares do projeto para este data center foi conseguir um tempo de recuperação de dados igual a zero. Isso significa que, quando o cliente necessitar de uma informação ou realizar uma transação, ela estará disponível imediatamente. Com isso, teremos plena capacidade de atender às demandas de nossos clientes e a evolução tecnológica nas próximas décadas”, diz Alexandre de Barros, vice-presidente de tecnologia do Itaú responsável pelo projeto, que está deixando o banco.
A inauguração do CTMM teve a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do ministro de Inovação e Tecnologia, Aldo Rebelo e do prefeito de Mogi Mirim, Gustavo Stupp.
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