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Com crédito em baixa, bancos avançam em serviços e produtos

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
15 de janeiro de 2017 - 14:04

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Por: Vinícius Pinheiro e Felipe Marques

“Nem parece banco.” O antigo slogan usado pelo Unibanco antes da fusão com o Itaú foi lembrado por investidores e analistas durante evento promovido pelo maior banco privado brasileiro, em novembro. Na ocasião, o presidente do Itaú, Roberto Setubal, defendeu que parte importante do resultado da instituição financeira vem de receitas que não dependem do ciclo de crédito, como tarifas e seguros. “Os investidores não entendem isso direito, não valorizam isso”, afirmou.

Esse lado “menos valorizado” tem ajudado os grandes bancos brasileiros a atravessar o pior momento da crise econômica com poucos arranhões nos resultados. No Itaú, a participação das receitas de serviços e seguridade no resultado aumentou de 56% para 59% entre o terceiro trimestre de 2015 e o mesmo período deste ano. Já as típicas atividades bancárias, como crédito e tesouraria, apresentaram uma queda de 41% para 30% no lucro.

Além de ganharem importância, as áreas como administração de fundos, seguros, cartões e tarifas de conta corrente têm se revelado mais rentáveis. Enquanto a atividade de crédito apresentou uma rentabilidade de 12,5% para o Itaú, abaixo da taxa básica de juros (Selic), o retorno dos negócios ligados à prestação de serviços financeiros – incluindo seguros, cartões e outros – foi de 35,5% no trimestre.

O discurso dos executivos dos outros grandes bancos de varejo vai na mesma direção do de Setubal. O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, colocou o aumento das receitas com serviços dentro da estratégia de melhorar a rentabilidade da instituição. “Não se trata de aumentar tarifas, mas de oferecer serviços para uma base maior de clientes”, afirmou, também em recente evento promovido para analistas e investidores.

A estratégia de diversificação das receitas além do crédito tem ajudado os bancos na crise, mas teve início antes da piora da economia, segundo Claudio Gallina, diretor da área de instituições financeiras para o Brasil da agência de risco Fitch. “A possibilidade de oferecer produtos diferentes além do crédito potencializa o ganho do banco”, diz.

O avanço mais visível foi sobre a indústria de cartões, na qual os bancos passaram a atuar em praticamente toda a cadeia. É o caso, por exemplo, da iniciativa de BB, Bradesco e Caixa Econômica Federal com a bandeira Elo. O Itaú também tem o projeto de uma marca própria com a Mastercard, além de ter fechado o capital de sua credenciadora de cartões, a Rede. O Santander também avançou na área de credenciamento por meio da GetNet, que deve encerrar o ano com 10% desse mercado.

Entre os grandes bancos, Itaú e Bradesco são aqueles que concentram o maior número de atividades diferentes na composição de seu resultado. Nos demais, o resultado de algumas dessas atividades é dividido com outras empresas ou com investidores minoritários – caso da área de seguros do BB e do Santander.

No Bradesco, a seguradora responde historicamente por aproximadamente um terço dos resultados. Incluindo os demais serviços, a participação das áreas não relacionadas à intermediação de crédito no lucro do banco aumentou de 57%, nos nove primeiros meses de 2015, para 61% no mesmo período deste ano.

O banco tem agora todo um caminho a explorar com a aquisição do HSBC Brasil. Apenas em seguros, o Bradesco poderá oferecer produtos aos clientes de saúde e automóveis, áreas em que o banco britânico não atuava diretamente. No curto prazo, contudo, os ganhos devem ser limitados pelas restrições impostas pelos reguladores para aprovar o negócio, que incluem a manutenção no valor dos pacotes de tarifas aos clientes do HSBC.

Para analistas, o Banco do Brasil tem espaço maior para crescer em tarifas do que os concorrentes, por ainda estar em pleno processo de segmentação dos clientes. Em compensação, a instituição passou a se beneficiar proporcionalmente menos das receitas de serviços após a venda de ações da BB Seguridade na abertura de capital da companhia, em 2013. O mesmo ocorreu em cartões, com a criação de uma associação entre o banco e a Cielo para atuar na área. Apesar da venda em seguros, o banco tem uma receita maior hoje com a área do que quando tinha 100% do negócio sozinho.

O aumento da receita de serviços também está nos planos do Santander Brasil. Em entrevista ao Valor, o presidente do banco, Sérgio Rial, afirmou que vem buscando ampliar o portfólio para deixá-lo mais próximo dos concorrentes, mesmo sem ter uma seguradora – os produtos que o banco oferece no balcão das agências são da Zurich. “O portfólio deles é diferente do nosso, mas nada nos proíbe de ter um portfólio similar”, afirmou.

Em um cenário de crescimento ainda baixo do crédito previsto para o próximo ano, os bancos devem manter a aposta em outras fontes de resultado. “Para sustentar o crescimento das receitas, todos os bancos devem focar mais em serviços”, diz Eduardo Rosman, analista do BTG Pactual.

O principal desafio para as instituições será ampliar a oferta para uma base de clientes que usa cada vez mais os canais digitais, segundo o analista. “Os bancos devem investir ainda mais em segmentação para poder oferecer o produto certo para o cliente”, diz.

A atuação em serviços também permite aos bancos crescer as operações sem comprometer capital, de acordo com Raphael Nascimento, analista sênior da Fitch. Essa é uma vantagem que vai ficar cada vez mais pronunciada, na medida em que o Banco Central tem aumentado as exigências de capital para fazer frente aos riscos corridos pelos bancos.

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