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O que faço se não acredito no discurso do RH?

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
23 de maio de 2017 - 18:00

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Trabalho há seis anos em uma companhia de médio porte e comando um departamento com 20 pessoas. Recentemente, fui convocado pelo RH da empresa para um ciclo de palestras e treinamentos junto a outros gerentes. O problema é que não acredito nessa conversa de engajamento, paixão pelo trabalho e “brilho no olhar”, tão difundida pelos consultores e especialistas em gestão de pessoas. Não consegui disfarçar meu ceticismo durante o processo, pois considerei tudo uma grande perda de tempo e de recursos. O RH não gostou, reportou aos meus superiores e fui advertido. Fiquei muito irritado e até pensei em deixar a companhia.

Tento ser o melhor chefe possível, trato todos com respeito, ouço o que eles têm a dizer, me preocupo com o desenvolvimento de cada um e ofereço capacitação na medida do possível. Afinal, é mais importante para a carreira ser um bom gestor na prática ou apenas repetir o mesmo discurso artificial de sempre?

Gerente, 37 anos

Resposta:

O dilema que você apresenta na sua pergunta é um falso dilema, pois não parece ser isso o que está em questão nas entrelinhas da sua carta. Há hoje, de fato, um esgarçamento dos vínculos entre as pessoas e delas com as organizações. Esse problema vem se acentuando ao longo dos anos.

O RH sabe que, sem vontade de fazer, nada sai como deveria e tem o desafio de tentar aumentar a motivação e o engajamento das pessoas nadando contra a maré da dissolução dos vínculos. Mas ninguém parece sentir-se empoderador para endereçar as causas dos problemas, que parecem ainda maiores em anos de crise.Não existe, de fato, a possibilidade de trabalhar com paixão e brilho nos olhos apenas com o objetivo de aumentar o lucro para o dono do negócio. Nesse ponto, você está coberto de razão: paixão vem com significado, sentido de pertinência e relevância, senso de missão, dentre outros. Não é isso, porém, que está em questão no mundo do trabalho da maioria absoluta das organizações. Na ausência desses, pessoas se engajam apaixonadamente para ganhar muito, ficar ricas e ter poder e status. Essa também, provavelmente, não é a realidade dos empregados da sua equipe. Estamos chegando ao fim de um modelo com esse tipo de trabalho e de vínculos, mas ao mesmo tempo não sabemos o que virá no lugar.

Observamos hoje um número sem precedentes de pessoas jogando a toalha, querendo mudar de vida, muito sem paciência para esse tipo de mentira no mundo organizacional, mas precisando trabalhar para poder cuidar do próprio sustento e das famílias.

Para muita gente, o peso está ficando maior do que dá para carregar. Poucos profissionais, atualmente, deixam-se tocar por palestras motivacionais. De fato, o que observamos é que para a maioria isso só aumenta o sofrimento e a sensação da mais absoluta hipocrisia.

No entanto, teoricamente, espera-se que você, como gestor, esteja do lado dos que estão tentando. Aí entra o desafio de entender o quanto de sinceridade seus chefes e o RH conseguem aguentar sem se sentirem ainda mais sobrecarregados pelo esforço de engajar as pessoas. Talvez você tenha dado um feedback muito pesado e negativo para quem já está com um desafio grande demais.

Observamos atualmente muita gente criticando e dizendo o que não pode ser feito e muito pouca gente fazendo o esforço de pensar como resolver esse tipo de problema. Dizer que está ruim pode ser a gota d’água para quem está tentando duramente e com pouca ajuda.Ser um bom gestor, na prática, talvez signifique propor mais e criticar menos. O que o RH poderia fazer para não deixar arrefecer os ânimos em um ano difícil? Como a liderança da organização poderia criar uma coalizão que não se deixe abater? Talvez a advertência seja também um pedido de mais ajuda e menos crítica. Pense nisso.

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