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Por que as pessoas mais bem-sucedidas dizem não

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
16 de julho de 2019 - 17:01

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Por: Lucy Kellaway

Hoje eu não acordei às 6h30 para encarar um café da manhã de negócios em Knightsbridge. Amanhã não terei de comer um sanduíche na hora do almoço, discutindo um projeto no qual tenho pouco envolvimento.

Na quinta-feira não vou participar de uma festa de integração de verão. Também não vou escrever um artigo para um site que é negligente no pagamento dos colaboradores, nem vou dar uma entrevista para uma estação de rádio australiana. Eu poderia fazer todas essas coisas, mas disse não para todas elas.

Além de me deixar bem mais feliz, essas recusas me fazem estar na moda. O não é o novo sim. É a resposta mais descolada para as pessoas bem-sucedidas.

Dez anos atrás era o contrário. Havia uma seleção de livros no Amazon que eram furiosamente a favor do sim. Agora, eles foram deixados de lado por “The Life-changing Power of No!” e “How to Say No Without Feeling Guilty” (respectivamente “O poder transformador do não” e “Como dizer não sem culpa”). Há até mesmo um livro de colorir para adultos intitulado “How to Say No” (“Como dizer não”), além de livros voltados para interesses mais segmentados, como “Say No to Arthritis” (“Diga não à artrite”).

Mesmo assim, o não alcançou a condição cult recentemente. Em uma postagem de blog para a “Harvard Business Review”, um técnico em gestão sugeriu que não basta simplesmente dizer não. Precisamos começar a comemorar sempre que fazemos isso.

Desse modo, o não conseguiu o mesmo status irrefletido do fracasso, que todo mundo vem celebrando obstinadamente há pelo menos uma década. O Museu do Fracasso (www.museumoffailure.se/) foi aberto na semana passada na Suécia; em mais um ano ou dois, será a vez do Museu do Não.

Mesmo assim, celebrar o “não” não é uma coisa tão boba. Desde que li o post, tenho começado cada dia deitada na cama agradecendo silenciosamente pelas coisas que tenho conseguido recusar com sucesso. Não preciso escrever aquele artigo hoje (viva!), nem tomar café de manhã com aquela pessoa (ufa!), nem participar daquele almoço.

A cada coisa que descarto mentalmente, o dia parece ficar melhor. Pulo da cama ansiosa para fazer as coisas que escaparam da minha rede de negatividade.

Você poderia dizer que isso é uma coisa muito egoísta. Toda vez que dizemos não, desapontamos a pessoa que está pedindo ou perguntando. E cada trabalho que recusamos cria algo para outro pobre diabo fazer. Mesmo assim, há outra maneira de olhar para isso – os fãs do não estão reposicionando-o como uma escolha altruísta.

No site “Entrepreneur” há uma postagem que afirma que dizer não é bom, uma vez que cria espaço para a ascensão das pessoas dos escalões inferiores. E recusar a fazer coisas no trabalho permite a você passar mais tempo em casa cuidando da família.

Consigo pensar numa coisa ainda melhor do que isso. Se um número suficiente de pessoas dissessem não com mais frequência para coisas sem sentido, isso levaria a uma alocação mais eficiente de recursos. Se todos nós nos recusássemos a participar de reuniões e eventos chatos, em algum momento a ficha iria cair e as pessoas parariam de agendá-los.

Apesar de ser uma grande fã do não no trabalho, até eu admito que às vezes ele é a resposta errada. Assim, o grande desafio é perceber quando parar de dizer não e começar a dizer sim.

A “Harvard Business Review” recomenda classificar todas as oportunidades de 1 a 10, mas meu sistema é mais simples. Digo sim a coisas que a) preciso fazer; b) quero fazer; ou c) devo fazer. Às vezes ignoro o c) se consigo me convencer de que depois não vou me sentir miserável.

O problema com esse sistema é que nem sempre está claro quando você realmente precisa fazer alguma coisa – ou mesmo se você quer fazer. Mas nesse caso há uma regra: na dúvida, diga não. Na comparação, menos trabalho é sempre melhor do que mais.

A principal diferença entre o sim e o não é que um é fácil e o outro difícil. Qualquer idiota pode dizer sim, enquanto que o não exige caráter, empenho e coragem. Dizer “não” fica mais fácil quando você fica mais velho: eu era muito ruim nisso, mas hoje sou muito boa nisso, e continuo melhorando.

Aprendi a importância de dizer não rapidamente. Se você adia, já fica em posição desfavorável e pode acabar dizendo sim por engano.

Também aprendi a nunca dar os motivos, pois eles podem ser complicados, resultando numa capitulação. Ao escrever isto tudo, aprendi uma terceira coisa: jamais diga que você não pode fazer determinada coisa porque você está ocupado demais. Ninguém vai ficar impressionado, pois ser ocupado demais simplesmente prova que você não é bom o suficiente em dizer não.

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