Só o começo da sua semana e com certeza você já checou algumas (muitas!) vezes o WhatsApp, o LinkedIn, o Instagram, os e-mails…
Este artigo é a primeira informação que você consome hoje? Dificilmente. Ainda que você não tenha aberto nenhum portal de notícias e este seja o primeiro do dia, com certeza você já checou algumas (muitas!) vezes o WhatsApp, o LinkedIn, o Instagram, a sua caixa de e-mails… Isso sem contar as informações que surgem de mecanismos, digamos, mais “básicos”, como as conversas presenciais — aliás, comentamos sobre esse hábito esquecido no artigo sobre o ClubHouse.
São muitas plataformas diferentes, todas elas fontes de informação importantes para o trabalho e também o lazer. Você tem ideia do que isso significa em números? A cada minuto, 347.222 Stories são feitos no Instagram, 41.666.667 mensagens são enviadas por WhatsApp, 500 horas de vídeo no YouTube são consumidas e 404.444 horas de conteúdo da Netflix é exibido no mundo.
Esses dados são do levantamento anual “Data Never Sleeps”, feito pela empresa de software em nuvem Domo, e nos ajudam a ter uma dimensão melhor da quantidade gigantesca de dados às quais estamos submetidos.
Justamente por conta dessa abundância toda, discutimos também questões relacionadas à proteção de dados. A sigla LGPD, aliás, está em alta há algum tempo, tamanha a importância do tema. Porém, você já parou para pensar em outro tipo de proteção? Falamos muito em proteção dos dados, mas o quanto discutimos a nossa proteção em relação aos dados?
Não quero atribuir aos dados um perigo inerente. O problema não é a informação em si, mas a forma que nos relacionamos com ela. Aumentamos de maneira exponencial a produção de dados, mas o nosso aprendizado sobre esse novo contexto não passou pela mesma revolução. Sabe aquela sensação de se sentir sufocado pela quantidade de informações? É a ela que me refiro.
Essa sensação, inclusive, tem nome: infoxicação. O termo atribuído ao físico espanhol Alfons Cornella teria surgido na década de 1990, mas descreve algo muito atual: a intoxicação pelo excesso de informação.
Uma intoxicação que, de um lado, interfere na nossa atenção — aquilo de ficar com um olho no celular e o outro na comida enquanto jantamos com a família —, e de outro afeta a nossa saúde mental, pois gera angústia e ansiedade por tentarmos estar a par de tudo o que acontece no mundo, no país, no trabalho, com os amigos e familiares. No fim, nem estamos presentes de fato — não à toa se fala tanto em economia da atenção —, nem bem-informados.
Comento tudo isso não para deixá-lo preocupado, mas para pensarmos juntos na forma como nos relacionamos com os dados atualmente. Afinal, não basta ter acesso ao conteúdo, é necessário saber o que fazer com eles, saber selecionar, filtrar, avaliar.
Dizemos que estamos na Era da Informação, só que, ao mesmo tempo, vivemos uma crise de desinformação, em que coisas como fakenews e desconfiança já se tornaram normais. Aliás, a edição da “Carreira dos Sonhos”, pesquisa conduzida pela Cia de Talentos, mostrou que apenas 37% dos jovens, 31% da média gestão e 40% da alta liderança concordam que a empresa em que trabalham é transparente.
Quando o assunto é troca de conhecimento, só 44% dos profissionais jovens, 28% dos que estão em cargo de média gestão e 31% da alta liderança acreditam que seus colegas compartilham informações que ajudam no trabalho.
Se queremos avançar como sociedade, empresas, setores e economia, se queremos evoluir como pessoas, cidadãos, profissionais e líderes, precisamos parar um momento e discutir um pouco mais essa enxurrada de dados. Não só isso, mas discutir o que fazer com ela e como mudar nossa relação com o conhecimento, tanto no ambiente de ensino quanto no do trabalho. Uma dica para começar a lidar com essa questão? Resista ao hábito de querer fazer tudo ao mesmo tempo, de baixar mil livros e não ler nenhum, de começar a seguir várias contas, mas nunca de fato consumir o conteúdo. Quem tenta acompanhar tudo acaba ou não acompanhando nada ou se aprofundando muito pouco.
De novo: é importante saber selecionar, filtrar, avaliar. Criar listas de prioridade, reconhecer nossos limites e usar os recursos (incluindo o tempo) a nosso favor para que as informações não sejam uma enxurrada que nos arrastam. Em vez disso, melhor é aprender a navegar com confiança e segurança por esse mar de conteúdo.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.