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05 de abril de 2022 - 17:00

Por-causa-do-home-office-fofoca-sai-dos-escritorios-e-vai-para-o-zoom-televendas-cobranca-2

As pessoas passam em média 52 minutos por dia fazendo fofoca. Por causa da pandemia, agora elas estão fazendo no ambiente virtual

Como diz o ditado: se você não tem nada de bom a dizer sobre as pessoas, venha conversar comigo.

Sério, sente-se aqui comigo. Como Alice Roosevelt Longworth — a quem essa citação foi atribuída, e Clairee, personagem de Olympia Dukakis em Flores de Aço, que famosamente a repete —, tenho uma fraqueza por informações interessantes e interpessoais, uma predileção que me seguiu em minha vida profissional.

Não que eu esteja sozinha. Os pesquisadores definem a fofoca como “falar de alguém que não está presente” e, de acordo com uma meta-análise de 2021, as pessoas passam em média 52 minutos por dia fazendo isso.

Mas a fofoca nem sempre é negativa. Na verdade, como o estudo descobriu, a maioria é neutra. (Ao contrário de imagens estereotipadas da velha fofoqueira, os jovens e os homens tendem a ser mais sarcásticos e desrespeitosos, de acordo com o estudo.)

E isso transformou as fofocas no local de trabalho em algo onipresente e útil. Como diz outra citação, informação é poder — e compartilhar informações pode ajudar a espalhar o poder.

Esse é um forte impulso humano contra o qual não devemos necessariamente lutar, de acordo com Robin Dunbar, autor de Gossip, GroomingandtheEvolutionofLanguage (“Fofoca, Aliciamento e a Evolução da Linguagem”, numa tradução livre) e professor de psicologia evolutiva da Universidade de Oxford.

“Seu objetivo principal é permitir que acompanhemos o que está acontecendo em nosso círculo social quando não temos tempo de seguir as coisas em um nível individual. Isso não é diminuir os outros, mas garantir que não digamos as coisas erradas quando virmos alguém”, disse ele.

Claro que, hoje em dia, muitos funcionários de escritório que trabalham remotamente não estão se encontrando tanto. Com menos oportunidades mesmo em espaços de trabalho físicos para o papo-furado, o que acontece com nossos ocupados colegas?

Em uma pesquisa não científica feita com meus amigos e familiares, todos concordaram que as fofocas de escritório não pararam; simplesmente migraram para as telas. Mas, como o home office carece de encontros casuais no local de trabalho, talvez seja preciso ser um pouco mais proativo para encontrar maneiras de se comunicar.

Para minha amiga Amy Larkin, de 40 anos, educadora de desenvolvimento de jovens em Richmond, na Virgínia, isso significava iniciar um grupo de conversa entre os colegas para discutir novas questões de trabalho.

Para minha cunhada Becca Nelson, de 26 anos, que trabalha em uma startup de educação em Denver, no Colorado, significou agendar reuniões individuais para conhecer os colegas de trabalho (recrutadores são ótimos para descobrir o que está acontecendo em uma empresa, segundo ela).

E no caso de Jenny Ma, de 40 anos, advogada do Centro de Direitos Reprodutivos (e também minha amiga), ela tem vários grupos de happy hour no Zoom — que frequenta um depois do outro — para relaxar.

Os diferentes tipos de interações digitais, de acordo com Larkin, mudaram a natureza das conversas entre escritórios desde que sua empresa se tornou remota. Talvez até para melhor. “Acho que há menos fofoca — tipo o mau humor em relação aos outros — e mais comunicação com gente do mesmo nível que você em uma organização para falar sobre suas frustrações”, comentou ela.

O Slack é o lugar óbvio para ter uma conversa lateral, mas cuidado: os espaços de trabalho da empresa são propriedade da empresa, e nenhuma conversa é verdadeiramente privada uma vez que você a tiver por escrito. (Além disso, Nelson me informou que o Zoom tem um recurso de mensagens privadas que é assustadoramente fácil de confundir com a guia de mensagens públicas durante uma reunião, algo que agora vai me manter acordada à noite.)

Mas, se você não pode usar o telefone para conversar, sempre dá para enviar mensagens. Também é um pouco arriscado (captura de tela, pessoal!), mas às vezes pode ser necessário. O que é fofoca para uma pessoa pode ser a informação que salva a carreira de outra.

“No Zoom, enviamos mensagens enquanto estamos na reunião. Não é só fofoca — é também para levantar o moral. Eu disse algo em uma reunião que temi que fosse um exagero; daí vi meu telefone e encontrei um monte de mensagens de apoio”, disse Larkin.

Além disso, o que você está falando pode ser óbvio para os mesmos colegas de trabalho. Uma amiga, que é chefe de um escritório de advocacia, me contou que viu seus colegas olhando para baixo e rindo ao mesmo tempo durante uma reunião com todos os funcionários, e achou meio óbvio o que eles estavam fazendo. Ela mandou uma mensagem para eles — em tempo real — dizendo: parem com isso.

Clairees do mundo, vocês foram avisadas.

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