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03 de maio de 2015 - 18:10

Assessorias-de-cobranca-hora-de-reformular-o-conceito-de-parceria-entre-contratantes-e-contratados-televendas-cobranca

Ao longo destes anos, como consultor, tenho me dedicado a avaliar as performances de recuperação das carteiras de cobrança e o critério utilizado pelas contratantes para o início de uma operação de cobrança com uma nova assessoria. É triste constatar, salvo raríssimas exceções, que este processo nada evoluiu; continua primitivo, muito similar em sua essência ao que já existe há mais de 20 anos.

O mercado de cobrança se expandiu com a chegada de uma nova safra de proprietários de assessorias, muitos, oriundos do sistema financeiro, novas tecnologias foram incorporadas, a preocupação com estratégias bem definidas passou a ser um mantra entre eles, de tal forma que os custos pudessem ser controlados de forma mais adequada. Houve – ainda que insuficiente – uma maior preocupação com a capacitação das equipes de trabalho. Infelizmente, muito disso não surtiu o efeito desejado.

Em linhas gerais, o conceito básico dos contratantes para a entrada de uma nova assessoria de cobrança no rol dos prestadores de serviço é um conceito arraigado há séculos de que a assessoria deve começar “roendo o osso” (está investindo) até demonstrar a sua capacidade efetiva de recuperação e com o decorrer do tempo, galgar posições até alcançar o objetivo maior: uma carga rentável. Na prática, isto é a eternidade, um estado de nirvana que talvez nunca possa ser alcançado. Desnecessário comentar que até chegar este momento (se chegar), o escritório amargará prejuízos consideráveis – se vivo ainda estiver. Até porque o osso de tanto rodar de mão em mão, acaba virando tutano! Como a empresa precisa captar novos clientes para expor na vitrine, aceita fazer parte desta ciranda – o conceito do contratante é “alguém sempre há de querer”.

E aí entra a segunda questão, a performance. Óbvio, o contratado, tendo uma carteira de difícil recuperação e como consequência, uma baixa remuneração, vai dedicar menos recursos, insuficientes para produzir um resultado melhor, isto é, vai reduzir a quantidade de ações, de operadores, etc para compensar uma remuneração que sequer cobrirá os custos envolvidos. Evidente que não atingirá os objetivos/meta do contratante. Se a assessoria aplicar os fundamentos básicos da cobrança, simplesmente aumenta o seu prejuízo. Clara situação de perde-perde!

Existem casos mais extremos; ainda que uma determinada carteira seja remunerada dentro do conceito de “taxa de sucesso”, o contratante exige que toda a carteira seja cobrada pela assessoria, que instrumentos como SMS, URA e boletos sejam utilizados, sob pena de recisão contratual e/ou aplicação de penalidades pelo não cumprimento destas regras. Despreza-se neste caso, os investimentos feitos pela empresa em inteligência, para selecionar aquelas contas com maior probabilidade de recuperação, daquelas que irão gerar apenas custo e quase nenhuma recuperação.

Esta postura dos contratantes tem gerado uma verdadeira sangria no setor das empresas de recuperação de crédito, com fechamento de empresas, grandes prejuízos e demissão de funcionários. È imperativo reverter este quadro.

Não se trata apenas da discussão de uma taxa de comissão mais adequada (fundamental também que isto seja revisado), mas principalmente, considerar na contratação, os atributos que a empresa possui como ativos, isto é, seus investimentos em tecnologia, a capacidade dos seus gestores, os resultados obtidos com outras empresas e a partir desta avaliação, promover um equilíbrio, “recebe o osso, mas recebe parte do filé”. É condição “sine-qua-non” promover uma rentabilidade digna àqueles escritórios que investiram; a forma mais adequada de separar o joio do trigo.

Se o mercado de contratantes espera que as taxas de recuperação sejam mais adequadas, compatíveis com as suas expectativas, deve repensar as suas políticas de distribuição de títulos, a forma de remuneração e, quando aplicável, liberar o escritório para uma tomada de decisão que possa surtir maior efeito no resultado para os dois lados.

Acredito que uma discussão mais profunda entre contratantes e contratados resultará na equação “ganha-ganha”. As assessorias que tem se sacrificado muito para oferecer um serviço de qualidade, agradecem!

Vale pensar!

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Comentários (5)
  1. Estamos vivendo uma reformulação nos conceitos
    de cobrar , onde realmente os novos gestores dos contratantes , buscam intimidar , penalizar , e quetenfo provar ao CEO sua capacidade de gestão , explorando . Isto funciona a curto prazo , mas a longo prazo cai por terra . Falta união das terceirizadas . Claro que estou falando de quem investe , e do ramo .

    Lauri Pedro Bizotto em 10 de maio de 2015 - 12:03
  2. Excelente artigo que retrata com exatidão a realidade atual da relação entre Contratantes e Contratadas no mercado de Cobrança. Se não mudarmos isso, ninguém sobreviverá.

    Paulo Santos em 04 de maio de 2015 - 18:00
  3. Prezados,
    Concordo plenamente com o exposto e ajudaria muito se algum Contratante, que já pratica uma distribuição de carga mais coerente e que promove o equilíbrio, ou seja, que distribui “o osso, mas parte do filé também” para um mesmo Escritório de Cobrança, pudesse comentar sobre suas experiências, percepção e resultados.
    Luis Roberto

    Luis Roberto em 04 de maio de 2015 - 11:29
    • Hoje na qualidade de contratante tenho tomado esta postura de balancear as coisa para assim cobrar melhores resultados das Empresas de Cobranças, mais mesmo assim tem empresas que ao ganhar uma carteira melhor tira os olhos das carteiras com maiores dificuldades, para aumentar seus lucro e assim prejudica as parceria, pois quando faço isso quero que a contratada invista melhor os recursos, e monte uma equipe que atinge os Resultados das fases mais antigas onde todos possam ganhar, mais na maioria das vezes isso não acontece !

      LUCIANO EDUARDO em 05 de maio de 2015 - 10:43
  4. Afonso concordo 100% !. O tipo de parceria hoje em voga, se não for reformulado, vai levar a quebra de boa parte do setor….principalmente as pequenas e médias empresas. A relação desequilibrada entre as partes tem provocado situações onde um finge que cobra (assessoria) e outra finge que paga as comissões (contratante). Empresa de Cobrança que não souber administrar seus custos está fadada ao fechamento. Exigir que a ESCOB mande carta, SMS ou ligue para 100% da carteira é ignorar toda a inteligência criada para detectar os devedores com mais probabilidade de pagamento, tornando a operação cara ou inviável para o ESCOB sem trazer resultado efetivo para o contratante, uma vez que o aumento de custos/investimento por parte do ESCOB, não vem acompanhada de aumento efetivo nos resultados.

    Luciano Basile em 04 de maio de 2015 - 10:55

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