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Inadimplência faz boa parte do comércio não aceitar cheque

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Diário Corumbaense
07 de julho de 2015 - 18:15

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Por: Caline Galvão

O percentual de devoluções de cheques em maio foi a maior dos últimos seis anos para o mês. É o que revela o Indicador Serasa Experian de Cheques sem Fundos. Foram devolvidos 1.240.713 cheques em todo o País em maio de 2015, o equivalente a 2,29% dos pagamentos realizados por esse meio. Em Corumbá, muitas empresas de grande, médio e pequeno porte já não aceitam mais pagamentos em cheque por causa da inadimplência, que cresceu junto com a crise financeira.

Em ótica localizada na rua Frei Mariano, a vendedora Rosielle de Pinho, explicou que a empresa não aceita mais pagamento no cheque desde o início do ano por causa do alto número de inadimplentes. “O gerente pediu para que não aceitássemos mais os cheques”, disse ao Diário Corumbaense. Desde dezembro, em torno de sete cheques por mês estão sendo devolvidos na empresa. Pagamento na ótica só em cartão ou à vista agora.

Segundo os economistas da Serasa Experian, a elevação da inadimplência com cheques em maio, bem como ao longo de todo este ano, deve-se aos impactos negativos da alta da inflação, das taxas de juros e do desemprego sobre a capacidade de pagamento dos consumidores, afetando praticamente todas as modalidades de inadimplência, cheques inclusive.

A pesquisa realizada pelo Serasa Experian também indica que a porcentagem de cheques sem fundos nos cinco primeiros meses de 2015 foi maior que em 2014. De janeiro a maio deste ano, foram devolvidos 2,23% dos cheques emitidos, sendo 0,11% a mais que no mesmo período em 2014. No entanto, em números, 2014 fica à frente na quantidade de cheques devolvidos.

Neste ano de 2015, de janeiro a maio foram devolvidos 6.225.398 cheques, enquanto que no mesmo período de 2014 o número foi de 6.723.461. Os números maiores de inadimplentes em 2014, embora com porcentagem menor que 2015, podem ser explicados pelo fato do aumento no número de empresas que não estão mais aceitando o pagamento em cheque.

Há quase dois anos, uma grande empresa de departamentos em Corumbá também deixou de aceitar pagamentos em cheque. “A empresa cortou o cheque em todas as lojas no Brasil, eu acredito que por causa da inadimplência”, afirmou Lauriana Gregório de Almeida, do setor administrativo. A empresa aceita pagamentos no cartão de crédito, cartão da loja e à vista.

Uma pequena empresa de roupas, instalada há doze anos no centro da cidade, nunca admitiu pagamento em cheque. “Minha margem de lucro é pequena, então optei pela venda garantida, que é com cartão de crédito ou à vista”, esclareceu Franciele Félix, proprietária da loja.

João Victor Maciel, supervisor de uma grande empresa de materiais de construção, afirmou que há muito tempo a loja não tem problemas com cheques por causa dos critérios estabelecidos para negociação com esse tipo de pagamento. “A gente faz toda averiguação de crédito e, mesmo assim, de pessoas conhecidas. Não aceitamos de qualquer cliente”, explicou. Ele disse ainda que a empresa usa também critério de limite de valor, o que varia conforme quem é o cliente, e só aceita pagamento de cheque em até três vezes. Normalmente, a empresa trabalha mais com cartão de crédito ou à vista.

A devolução de cheques registrada em maio de 2015 foi a terceira maior de toda a série histórica, iniciada em 1991, perdendo apenas para maio de 2009 (2,52%) e maio de 2006 (2,37%).

Metodologia do Indicador

O Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos consiste no levantamento mensal sobre a quantidade de cheques devolvidos por insuficiência de fundos em relação ao total de cheques compensados. Para efeito do cômputo do indicador, somente é considerada a segunda devolução por insuficiência de fundos.

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