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Inadimplência salta no microcrédito

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
15 de julho de 2014 - 18:00

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Por: Felipe Marques

Em um período em que o microcrédito passa pelo maior crescimento que se tem notícia, a taxa de inadimplência dos empréstimos para pequenos empreendedores mais que dobrou em um ano. A chegada de novos bancos no segmento ajuda a explicar o fenômeno, uma vez que a modalidade requer uma série de peculiaridades, como a formação de grupos solidários, de indivíduos que se comprometem conjuntamente com a dívida, o que atenua o risco de inadimplência. Só que nem todas as instituições usam esse modelo.

Entre janeiro de 2013 e de 2014, o índice de atrasos no microcrédito saltou de 2,7% para 6,9% de acordo com dados do Banco Central (BC). Para fins de comparação, é o mesmo percentual observado no empréstimo pessoal sem desconto em folha de pagamento. No mesmo período, o estoque de crédito para microempreendedores cresceu impressionantes 43,3% no acumulado de 12 meses, a R$ 5,5 bilhões, ante expansão média do sistema de crédito como um todo de 14,8%.

A aceleração do microcrédito veio no rastro do Programa Nacional de Microcrédito (Crescer), lançado pelo governo em setembro de 2011. O projeto prevê empréstimos para pequenos empreendedores com faturamento de até R$ 120 mil por ano, com taxas de juros de 5% ao ano. Em contrapartida, os bancos que participam do programa recebem um subsídio, valor que varia conforme o prazo e o volume do empréstimo. Atualmente, apenas bancos públicos operam no Crescer.

Vale lembrar que, além dos subsídios para quem opera no Crescer, as instituições financeiras são obrigadas pelo BC a destinar 2% de seus depósitos à vista ao microcrédito. Quem não opera diretamente, pode repassar os recursos a outra instituição ou deixá-los depositados no BC sem remuneração.

Foi graças ao programa Crescer que Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil começaram a operar, de fato, na modalidade. Essas instituições juntaram-se ao Banco do Nordeste (BNB), que administra o Crediamigo, maior iniciativa de microcrédito nacional, que passou a fazer parte do Crescer.

“Desde o início do Crescer estamos aprimorando o microcrédito no banco para fazê-lo como deve ser feito”, afirma Asclepius Ramatiz Lopes Soares, gerente executivo da diretoria de micro e pequenas empresas do BB. O executivo afirma que a inadimplência tem sido “decrescente”. Embora não revele o nível atual, o executivo afirma que uma taxa de no máximo 3% seria a ideal. “Vamos passar a trabalhar neste ano com o grupo solidário, o que deve reduzir mais a inadimplência.”

Entre os ajustes que o BB tem feito em sua operação está diminuir os prazos e o tíquete médio dos desembolsos. De acordo com Soares, em janeiro de 2012, o banco operava com um tíquete médio de R$ 3,8 mil por empréstimo, com prazo de 20 meses. Em dezembro de 2013, os parâmetros haviam caído para R$ 1 mil e 10 meses. “O pulo do gato foi melhorar a orientação para o tomador sobre como utilizar os recursos para a finalidade correta”, diz Soares.

Em 2013, o banco desembolsou R$ 1,47 bilhão em microcrédito, avanço de 89% na comparação com o ano anterior. Hoje, todas as operações do BB são para pequenos empreendedores.

Do saldo total de R$ 5,5 bilhões aplicados em microcrédito pelo sistema financeiro, 91,8% são destinados a pequenos empreendedores. A fatia restante, que tem encolhido, é a remanescente destinada ao consumo, linha que vem sendo abandonada pelos bancos. Sem a parcela de crédito ao consumo, a inadimplência sobe de 1,91% em janeiro de 2013 para 6,29% em 2014.

Eugênia Regina de Melo, superintendente de micro e pequenas empresas da Caixa, diz que a instituição está num período de aprendizagem na modalidade, e que a taxa de inadimplência vem caindo. O banco público aumentou as ações de acompanhamento dos tomadores, diz. “Mandar uma carta cobrando não funciona, porque o tomador, às vezes, nem endereço tem. Mas celular ele tem e o SMS funciona melhor”, exemplifica. “Orientamos nossa rede de agência a acompanhar mais de perto quais as operações estão próximas de vencer.”

A Caixa desembolsou cerca de R$ 2,5 bilhões desde o lançamento do Crescer, e fechou 2013 com um estoque de R$ 1,3 bilhão na modalidade, sem entrar em detalhes sobre a taxa de crescimento do saldo. “Por enquanto, temos trabalhado mais com o microcrédito individual, mas temos a intenção de começar a trabalhar com o grupo solidário”, diz a executiva.

No microcrédito, a orientação é geralmente feita por meio dos agentes de crédito, responsáveis por originar as operações e ficar em contato com tomadores durante a vigência dos contratos. São funcionários selecionados nas comunidades locais e representam outra particularidade desse segmento. Além disso, é comum que os empréstimos sejam feitos para empreendedores informais, o que requer uma análise de risco diferente do empréstimo para pequenas empresas.

Com 15 anos de atuação no microcrédito, o Banco do Nordeste acredita ter encontrado a fórmula para domar os calotes nas operações destinadas aos pequenos empreendedores. O índice inadimplência da instituição nessa carteira ronda o 1%, segundo o diretor de microfinanças, Stélio Gama Lyra Júnior. A taxa tem se mantido estável nos últimos anos, período em que o número de operações feitas pelo banco praticamente dobrou.

Em 2013, o BNB contava com um estoque de R$ 2,16 bilhões em operações, crescimento de 33% ante 2012. No fim de 2011, quando o Crescer engatinhava, o banco fez 784 mil operações de crédito. Em 2013, foram 1,38 milhão. Em termos de desembolsos, foram R$ 5,7 bilhões contratados no Crediamigo, uma expansão de 33% ante 2012.

“O grupo solidário reduz significativamente a inadimplência. Noventa porcento das operações que fechamos em 2013 foram nesse modelo, com grupos de, em média, 15 pessoas”, afirma Gama. O prazo médio das operações está entre 5 a 7 meses. O BNB vem costurando parcerias para ampliar o leque de produtos ofertados aos pequenos empreendedores, incluindo máquinas de captura de cartões de crédito e débito (POS, na sigla em inglês). Vale lembrar, contudo, que em períodos de rápido crescimento do saldo, a inadimplência tende a ser mais baixa, pelo efeito matemático.

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1 Comentário
  1. Boa tarde,estou começando no ramo de assessor de microcrédito,gostaria de saber como fazer a cobrança de inadimplentes, como lidar com essas pessoas e como recuperar esses valores atrasados,agradeço desde já.

    Luis Fernando Cravo Dias em 10 de setembro de 2015 - 13:51

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