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Risco de inadimplência é nuvem negra sobre mercados emergentes

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: The Wall Street Journal
13 de abril de 2016 - 18:09

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Por: Carolyn Cui

Os mercados emergentes se recuperaram no primeiro trimestre após três anos de paralisia, mas a deterioração da qualidade de crédito de governos e empresas sinaliza possíveis problemas à frente.

A flexibilização da política monetária pelos principais bancos centrais do mundo, além da estabilização nos preços do petróleo e outras commodities durante a maior parte do trimestre, ajudaram a dar impulso às ações e títulos de dívida desses países. Brasil, Turquia e México lideraram esse movimento, com os seus principais índices de ações subindo 18%, 16% e 7%, respectivamente, nos três primeiros meses do ano até ontem. Isso se compara com um ganho de 1% do índice S&P 500, que reúne algumas das maiores empresas americanas.

As moedas de países emergentes também se fortaleceram em relação ao dólar, com o rublo russo e o real subindo, respectivamente, 9% e 5,8% ante a moeda americana até agora no ano.

As agências de classificação de crédito, no entanto, têm ido além da recuperação recente em suas análises dos mercados emergentes, considerando sinais mais ameaçadores para os países em desenvolvimento: um crescimento global mais fraco, preços das commodities ainda bem abaixo de picos recentes e a perspectiva de um dólar mais forte, um fator que elevaria o custo de pagar dívidas emitidas na moeda americana.

O cenário econômico tem levado as firmas de classificação de crédito a rebaixar suas avaliações de risco de títulos emitidos em dólar por países emergentes para o menor nível em mais de seis anos. No trimestre, elas rebaixaram a dívida soberana de mais de dez países emergentes, incluindo o Azerbaijão e a Polônia. As dívidas da África do Sul e da Arábia Saudita foram colocadas sob revisão para possível rebaixamento.

O índice global diversificado de títulos de países emergentes do banco J. P. Morgan Chase & Co., o mais utilizado para acompanhar o desempenho dos papéis desses países, recentemente viu sua nota de crédito agregada cair abaixo do grau de investimento, com base nas classificações da Standard & Poor’s e da Fitch Ratings, informou o banco.

“Creio que vamos ver um período de deterioração nos balanços nos mercados emergentes”, diz Rashique Rahman, diretor de mercados emergentes da gestora americana Invesco Inc., que administra US$ 4 bilhões em títulos de dívida desses mercados. “Estamos na fase inicial.”

A baixa qualidade do crédito indica uma maior probabilidade de inadimplência e moratórias. Um levantamento recente do J. P. Morgan entre seus clientes mostrou que quase metade dos entrevistados espera que a taxa de inadimplência entre os emissores corporativos de mercados emergentes com grau especulativo supere 5% em 2016, bem acima da previsão anterior do banco, de 3,5%.

Alguns investidores afirmam que as decisões das agências de classificação podem exagerar o risco de inadimplência. Muitos países emergentes desatrelaram suas moedas do dólar, reforçaram as reservas internacionais e emitiram mais dívida em moeda local, tornando-se menos vulneráveis a uma alta do dólar.

“Dada a fraqueza que temos visto nos preços das commodities e a força do dólar, o fato de não termos visto uma alta na taxa de inadimplência é provavelmente uma indicação de que as economias emergentes estão mais fortes do que as pessoas pensavam”, diz Luca Paolini, estrategista-chefe da gestora suíça de investimentos Pictet Asset Management, que administra US$ 185 bilhões em ativos. “Os rebaixamentos com frequência ocorrem no fim de declínios do mercado.”

Mesmo assim, as ações das agências de classificação de risco podem ter um impacto maior sobre os títulos de dívida de mercados emergentes do que sobre papéis da Europa e dos Estados Unidos porque, no mundo em desenvolvimento, pode ser mais difícil obter informações confiáveis de outras fontes.

Cair no território considerado de alto risco, ou “junk”, pode desencadear uma debandada de grandes investidores, como fundos de pensão do setor público e seguradoras, que muitas vezes têm de respeitar certas diretrizes que exigem que um percentual de sua carteira tenha classificação de grau de investimento.

A dívida soberana do Brasil está entre as que foram rebaixadas e hoje se encontra abaixo do grau de investimento. A Fitch Ratings classificou a dívida brasileira como “junk” em 16 de dezembro, sendo acompanhada pela Standard & Poors. Os títulos do governo brasileiro perderam 4% do valor naquele dia, segundo a firma de pesquisa MarketAxess.

O rebaixamento levou à exclusão de títulos brasileiros dos índices de títulos com grau de investimento do banco britânico Barclays PLC, o que provocou a venda forçada de cerca de US$ 5,2 bilhões desses papéis, enquanto fundos de alto rendimento compraram apenas US$ 1,4 bilhão dos títulos, de acordo com estimativas do Barclays. Os títulos brasileiros recuperaram parte dessas perdas durante o primeiro trimestre, mas permanecem abaixo dos níveis anteriores ao rebaixamento.

Mercados emergentes foram abatidos por crises de frequentes nos anos 90, quando saídas imensas de capital forçaram países como México, Tailândia e Rússia a desatrelar suas moedas do dólar, levando a uma onda de moratórias de dívida na moeda americana.

A dívida voltou a se avolumar nos últimos anos. As emissões de dívida em dólar pelos mercados emergentes cresceram mais de 50% desde 2008, para US$ 1,9 trilhão, segundo o Banco de Compensações Internacionais.

Espera-se que novos rebaixamentos nas classificações atinjam mercados emergentes nos próximos meses: 31,4% dos emissores classificados pela S&P em países em desenvolvimento têm atualmente uma perspectiva negativa ou estão na lista de observação para possíveis rebaixamentos, o nível mais alto em mais de seis anos. Muitos deles estão no Brasil e na Rússia.

Alguns investidores institucionais de longo prazo dizem que estão apostando em dívida de emergentes, apesar das incertezas. O fundo de pensão dos funcionários públicos do Estado americano de Connecticut, por exemplo, alocou 4,8% dos US$ 27,9 bilhões que administra a títulos de mercados emergentes.

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