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08 de outubro de 2014 - 18:07 - atualizado às 22:08

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Por: Gustavo Santos Ferreira

Projeção do serviço de orientação de finanças pessoais GuiaBolso calcula que, em agosto, 26% dos clientes entraram no cheque especial

Existem hoje mais de 103 milhões de contas correntes abertas no Brasil – mostra o último levantamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). E, dessas, 26% encerraram o mês de agosto no vermelho – aponta pesquisa por amostragem do GuiaBolso, site de organização de finanças pessoais. Ou seja, pela projeção da empresa, perto de 27 milhões de brasileiros têm recorrido a uma das mais caras modalidades de empréstimo do mercado de crédito do País, o cheque especial, para conseguir honrar compromissos.

O CEO do GuiaBolso, Thiago Alvarez, cita três perfis de correntistas: (1) os que não usam o cheque especial; (2) os que usam apenas em emergências, o modo mais indicado; e (3) os que usam sempre e consideram o limite de crédito concedido pelos bancos como parte da renda. “Um quarto do universo de correntistas brasileiros, esse terceiro grupo, passa pelo menos três meses ao ano com o saldo negativo”, afirma. “Mas o que impressiona não são exatamente esses dados, e, sim, as altas taxas a que essas pessoas ficam expostas e a quantidade de tempo.”

Para se ter ideia do quão violento para o bolso é o cheque especial no Brasil, basta comparar os juros médios ao mês cobrados pela modalidade com os de outras alternativas – demonstra o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian. “Cada linha de crédito tem a sua finalidade específica e o consumidor precisa entender isso direito”, diz ele.

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Nas contas do Banco Central, o empréstimo pessoal consignado, aquele deduzido da folha de pagamento todos os meses, tem taxa mensal de juros de 1,9%. O empréstimo pessoal não consignado, o mais corriqueiro aos trabalhadores autônomos, de 6,0%. Já o cheque especial cobra 8,7%. De acordo com Rabi, nessas condições, o ideal é não usar o serviço. “Mas, se for mesmo necessário, que seja por curtíssimo prazo, por uma semana e olhe lá”, afirma.

Evidentemente, pelas taxas mais baixas e o longo prazo de parcelamento, a opção de empréstimo preferível é o consignado. Em segundo lugar, quando as pessoas não têm carteira de trabalho assinada, deveriam escolher o crédito pessoal não consignado. Embora suas taxas sejam mais altas (pela falta de garantias ao banco, que não poder descontar do holerite do trabalhador), ainda é mais barato que optar pelo cheque especial.

Rabi tem recomendação semelhante para quem se endividou com o cheque especial e não consegue sair do vermelho de jeito algum: sentar com o gerente de banco e buscar essas linhas de crédito menos pesadas. “Ou, se a pessoa dispor de quantias suficientes na poupança, vale a pena queimar esse montante para quitar de uma vez as dívidas e reorganizar o orçamento”, explica.

O diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, alerta para o seguinte dado do BC: correntistas têm passado, em média, 22 dias por mês no cheque especial. E, no ano, essa foi a linha de crédito que mais cresceu no País: 14,7%. “A explicação está no ambiente atual de inflação e juros mais altos, que corroem a renda das famílias, obrigadas a recorrer a crédito para complementar o orçamento”, afirma.

O fato de o cheque especial ser uma linha de crédito pré-aprovada, diz Oliveira, faz com que as pessoas decidam pela facilidade de acesso. Ele entende que, sim, o cheque especial pode ser uma boa para períodos curtos e, portanto, não pode ser demonizado. Mas concorda também que, se a necessidade do recurso for recorrente, é hora de entrar em alerta.

Superendividamento. Simulação feita com números de julho, do BC, traz mais luz aos números (veja no gráfico). Quem pega emprestado R$ 1.000,00 no crédito consignado, por exemplo, ao final de dois anos tem de devolver ao banco R$ 1.571,02. No caso do cheque especial, a mesma quantia emprestada em período idêntico seria convertida numa dívida de nada menos que R$ 7.404,02 – 371% maior.

A coordenadora do Programa de Apoio ao Superendividado (PAS) da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Vera Remedi, afirma que parte significativa dos casos de superendividamento no Brasil está ligada ao uso equivocado do cheque especial. “Como essas pessoas têm mais de 70% da renda comprometida com outros empréstimos bancários, pagos com débito em conta, já no começo do mês elas são obrigadas a entrar no cheque especial para bancar gastos até com alimentação, sob taxas abusivas”, diz. “O que cai de dinheiro na conta serve somente para cobrir o cheque especial, muito caro, e, na prática, a renda da pessoa passa a ser o crédito.”

O cheque especial deveria servir como espécie de reserva de caixa, ensina Vera. E, nessas condições, ser usado somente caso haja a certeza da reversão rápida do saldo negativo na conta. Em caso contrário, uma dívida pequenina pode ser transformada em enorme bola de neve, difícil de ser controlada.

Quem entrou nessa encalacrada aparentemente sem saída pode procurar pelo Procon-SP. O Programa de Apoio ao Superendividado ajuda endividados por má administração do orçamento doméstico ou por causa dos chamados “acidentes de vida”, como em casos de mortes repentinas de familiares, doenças graves ou divórcios. Dúvidas podem ser tiradas pelo telefone (11) 3824-7069, das 10h às 17h, ou pelo e-mail pas@procon.sp.gov.br

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