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Cartões sustentam crescimento do crédito

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Brasil Econômico
30 de novembro de 2014 - 14:07

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Concessões acumuladas no ano até setembro aumentaram 17,1%, para mais de R$ 85 bi – muito acima da alta de 1,3% das concessões do consignado e dos 5,1% do imobiliário

Por: Léa de Luca e Mariana Pitasse

Nem crédito consignado, nem crédito imobiliário: o que de fato vem sustentando o aumento do crédito para pessoas físicas neste ano são os cartões. As concessões aumentaram nada menos do que 17,1% no ano — comparando os primeiros nove meses de 2014 com o mesmo período de 2013, segundo o Banco Central (BC) divulgou na quinta-feira. Enquanto isso, as concessões de crédito imobiliário cresceram 5,1% no ano, até setembro; e as do consignado, 1,3%. Apenas a modalidade consignado a pensionistas e aposentados do INSS tiveram procura maior, registrando alta de 10,7% nas concessões no ano. O cheque especial, outra modalidade de fácil acesso — e também de taxas altas e, portanto, inadimplência elevada — foi a segunda que mais cresceu no mesmo período: 6%. No geral, as concessões aumentaram 6,2% no ano, segundo o BC. Se não fosse pelo aumento do uso dos cartões, portanto, o crescimento total seria ainda mais baixo.

Além de serem a linha mais procurada, os cartões também são mais relevantes, em termos de volume de concessões, do que o imobiliário e o consignado. Em setembro, foram concedidos R$ 85,096 bilhões em crédito por meio dos cartões — nada menos do que 50,6% dos R$ 169,622 bilhões concedidos no mês. A maior parte do que é contabilizado nos cartões é compra à vista — R$ 57,209 bilhões. É importante lembrar, porém, que apesar de não pagar juros, essa modalidade não deixa de ser um crédito também, pois a pessoa compra antes e paga depois. Muitas vezes, também, os juros estão embutidos no preço à vista, pois comerciantes e prestadores de serviços pagam taxas aos administradores de cartões (os bancos) e as repassam aos preços. E, se a pessoa atrasa a fatura e cai no rotativo, os juros chegam a exorbitantes 241,6% ao ano, segundo pesquisa mais recente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Além disso, as concessões pela modalidade “parcelada” — que muitas vezes tem juros embutidos ou mesmo explícitos — foi a que mais cresceu no ano, até setembro: 18,2%, segundo o BC, somando R$ 26,341 bilhões. A parte que paga os juros exorbitantes é, realmente, a menor: R$ 2,357 bilhões. Mas essa parte também cresceu 15,2% no ano até setembro.

Até mesmo as empresas, que tradicionalmente usam pouco o cartão de crédito para se financiar, vem aumentando sua exposição. Embora o cartão seja uma linha mais cara, é um bom quebra-galho a curto prazo, enquanto não se decide o que fazer. Principalmente para pequenas e médias empresas, o cartão é um meio de obter financiamento quando os bancos tornam-se mais rigorosos na concessão de crédito como capital de giro, por exemplo. Segundo o BC, o aumento das concessões de créditos rotativos e parcelados pelos cartões às empresas foi de nada menos do que 57,1%. O volume é pequeno — R$ 2,778 bilhões — mas já representa o dobro do que era em dezembro de 2012.

Comparando simplesmente as concessões de setembro deste ano com as de setembro do ano passado, o crédito imobiliário passa na frente dos cartões: a alta é de 19,6% ante 15,4%.

Isso pode indicar, porém, que a tendência ao longo do tempo é de que as concessões de empréstimos imobiliários acelerem. Todos os bancos tem reforçado suas apostas nisso, devido ao grande espaço para crescer.

Inadimplência, oferta e taxas de juros

A quantidade de atrasos registrada pelas modalidades mais acessadas pelas pessoas físicas, como o cartão e cheque especial, está em níveis muito acima da média do mercado, que está em 6%. No caso dos cartões, os atrasos acima de 90 dias para o crédito rotativo chega a 36% — no parcelado, é de apenas 0,3%, totalizando uma média de 25,9%. No cheque especial, com juros acima de 183% ao ano, a inadimplência supera os 10%, segundo os dados do BC para setembro. O aumento da taxa Selic na semana passada acende novo alerta mas especialistas prevêem grande impacto no mercado.

Para o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, mesmo que a alta da Selic tenha algum efeito nas taxas dos produtos financeiros, não será significativo para a inadimplência. “A inadimplência é afetada muito mais por uma questão financeira, de capacidade de pagamento e níveis de emprego, do que pelo custo do dinheiro” afirma.

Para Tingas, todas as concessões de crédito mostram aumento significativo no relatório divulgado pelo BC devido ao calendário anual, que após a Copa do Mundo passa a apresentar o real movimento de 2014. “A normalidade favorece o comércio e o crédito, por isso percebemos uma descompressão em setembro. Outro movimento que pode ser lido a partir dos dados do BC é que está havendo uma migração, as pessoas estão saindo do consumo de bens e serviço, numa tentativa de melhorar seu fluxo de caixa”, diz. Ao contrário dos números do BC, ele acredita que, por conta da baixa atividade econômica, o consumidor está trocando o dinheiro caro por fontes mais baratas. Ele acrescenta que está difícil fazer uma previsão para os níveis de inadimplência do próximo ano. “Com certeza não será como ano passado, já que as pessoas estão mais seletivas com relação ao uso do crédito. Mas ainda temos que esperar os rumos da política fiscal para fazer essa análise”, finaliza.

Para o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife, o efeito do aumento da taxa de juros vai demorar um pouco para chegar ao bolso do consumidor. “A repercussão aparecerá nas novas contratações de crédito, a partir do ajuste do mercado ao novo padrão mínimo. Também serão afetados aqueles que precisam renegociar dívidas. Mas acredito que a mudança não seja muito significativa para esse final de ano”, afirma.

Segundo o especialista, a nova configuração dos juros pode afetar os níveis de inadimplência somente a partir do ano que vem. “Neste ano, estamos estabilizados com os níveis de inadimplência alcançando 6,6% em setembro, de acordo com os dados do Banco Central. Em 2015, as mudanças no cenário das dívidas deverão vir não só pelo reajuste dos juros, mas também pelo mercado de trabalho mais apertado e consequente aumento de desemprego. A expectativa é de que o ano que vem feche com a inadimplência em 7% — o que é um aumento pouco considerável”, explica.

Para ele, o cartão de crédito ainda não pode ser considerado um dos principais causadores do endividamento. “Ele não afeta tanto o atual cenário, acredito que o crédito consignado e os financiamentos imobiliário e de veículos são os mais significativos, pelo menos por enquanto”, conclui.

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