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Com recuo no crédito, consórcio ganha espaço nos bancos

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
20 de janeiro de 2015 - 18:05

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Por: Fabiana Lopes

A desaceleração na concessão de crédito, com um movimento de maior conservadorismo dos bancos e o aumento da taxa de juros, abriu espaço para a expansão da venda de consórcios nos últimos meses. Balanços de grandes instituições financeiras mostram a receita de administração desse produto crescendo a taxas significativas e a expectativa é que o cenário econômico de 2015 favoreça essa tendência.

Até novembro passado, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, o número de consorciados cresceu 7,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, para 7,4 milhões e o volume de crédito disponibilizado aumentou 11,1%, para R$ 34,3 bilhões. No acumulado do ano, até setembro (último dado disponível), a receita de administração do produto cresceu 66,2% no Itaú, 21,7% no Bradesco e 21,6% no Banco do Brasil.

No horizonte de BB, Bradesco e Caixa, o encarecimento do crédito com a alta da Selic pode representar um espaço para expansão das vendas de consórcio. A perspectiva é que os consumidores que podem esperar para adquirir o bem optem pela modalidade em detrimento do financiamento, na expectativa de reduzir a taxa paga pelo uso dos recursos.

Nesse cenário, é emblemático o caso do financiamento de veículos. Além do aumento dos juros e de bancos mais restritivos a esse tipo de financiamento, somam-se mudanças na configuração das operações. Com a exigência de entradas maiores e redução do número de parcelas, muitos consumidores são privados do crédito e acabam recorrendo ao consórcio.

O diretor-executivo do Bradesco Octavio de Lazari Junior explica que, em um consórcio desse tipo, as taxas de administração giram em torno de 12% por um período de cerca de sete anos, o equivalente a cerca de 1,7% ao ano. Ao buscar um financiamento tradicional, no entanto, as taxas podem variar dependendo do veículo e do valor da entrada, mas a média fica em cerca de 2,10% ao ano, mais IOF de 0,8%.

Mesmo assim, Lazari diz que a taxa de juros não pode ser vista como único determinante nessa escolha, porque o cliente que compra o consórcio difere daquele que toma o financiamento. “Quem faz o consórcio está fazendo um planejamento financeiro da aquisição. Quem quer realizar o sonho imediatamente vai buscar uma forma de financiamento imediata”, afirma.

Mesmo com o espaço aberto pela escalada da Selic, BB, Caixa e Bradesco asseguram que não vão aproveitar o espaço para ajustar suas taxas de administração dos consórcios. “O aumento da taxa de administração é ilusório. Ele pode criar um aumento de receita no primeiro momento mas não fica no longo prazo”, diz Lazari, salientando que o banco vai buscar crescer pela expansão do volume de cotas.

No Bradesco, a perspectiva é alcançar um incremento de cerca de 15% no número de cotas de consórcio vendidas em 2015, o que representaria desempenho semelhante ao deste ano. Ao fim de setembro, o banco tinha 1,020 milhão de cotas vendidas em todas as modalidades, com aumento de 16,4% em 12 meses. No terceiro trimestre, as receitas de administração do produto cresceram 25,3%, para R$ 228 milhões.

No Banco do Brasil, em que as taxas de administração de consórcios variam entre 13,50% e 20%, dependendo do bem a ser adquirido, o número de cotas mostrou aumento de 28,4% entre o terceiro trimestre de 2013 e 2014 e atingiu 557,2 mil cotas. A receita de administração atingiu R$ 96,9 milhões no terceiro trimestre, com alta de 38,7% em 12 meses.

Edmar Casalatina, presidente do conselho de administração do BB Consórcios, diz que, além do empurrão do juros e da restrição do crédito, o banco investiu em novos produtos para expandir as cotas e a receita. ” Lançamos neste ano a compra de veículos ‘off road’ e da bicicleta elétrica”, diz. O banco também aumentou o prazo máximo para o consórcio de automóveis, de 75 para 84 meses.

Na Caixa, o movimento de expansão nas receitas não acompanhou os pares. O banco não divulga o balanço trimestral da operação de consórcios, mas no acumulado do ano até setembro a expansão das receitas de administração de consórcio cresceu apenas 0,14% e somou R$ 211,6 milhões.

Maurício Maciel, diretor de consórcios da instituição, conta que a operação está em um momento de inflexão, em que há muitos grupos de consórcios se encerrando e, por isso, é preciso que as novas vendas ocupem o espaço de faturamento dos grupos antigos e ainda tragam novos clientes para que o banco dê um salto no faturamento. “Estamos vendo que tem oportunidades e vamos tentar ocupar esse espaço”, diz. Ele também aposta na expansão dos consórcios no segmento imobiliário – que, mesmo passando por um período de desaceleração, deve trazer bons frutos. “Mesmo quando há uma retração do mercado imobiliário como um todo, o mercado de consórcio passa a ser um complementar mais usado porque você começa a planejar para o longo prazo em vez de consumir agora”, aposta.

Além dos bancos, as administradores de consórcio também estão atentas ao movimento e esperam maximizar suas operações em 2015. A Embracon, por exemplo, que está entre as maiores empresas do segmento, planeja abrir entre 20 a 30 novas lojas em 2015 para suprir a maior demanda pelo produto. Atualmente, a companhia tem 104 filiais. “Conseguimos ver oportunidades de estabelecimentos em cidades de no mínimo 100 mil habitantes, onde há necessidade de consumo que ninguém está atendendo”, afirma o diretor de vendas do Embracon, Rogério Pereira.

Na Porto Seguro, a expectativa é manter os níveis de crescimento deste ano. Até setembro, a empresa reportou R$ 153 milhões em receita de administração, com crescimento em 12 meses de 11,4%. Para William Rachid, superintendente da Porto Seguro Consórcio, o fato de a nova equipe econômica sinalizar que 2015 será um ano de ajuste pode significar um recuo no crédito e uma melhora do cenário para o mercado de consórcio. “Acho que ano que vem e 2016 serão anos ótimos para o consórcio”, avaliou.

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