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Crédito de veículos piora em 2015

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
08 de abril de 2015 - 18:05 - atualizado às 19:38

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Por: Felipe Marques

Modalidade que chegou a representar quase 20% de todo o crédito concedido às famílias no Brasil, o financiamento de veículos promete, para 2015, um desempenho ainda mais fraco que o do ano passado. Mesmo com a inadimplência perto da mínima histórica, o estoque de empréstimos nesse segmento tende a seguir em queda, depois de um aumento nas taxas de juros no primeiro trimestre. Até o mercado de veículos usados, que trouxe algum alento no ano passado, piorou agora.

O que chama atenção é que o desempenho do crédito tem sido ainda mais crítico que o das vendas de veículos, que caíram 17% no primeiro trimestre ante igual período do ano passado, segundo a Fenabrave. Dados da Cetip, responsável pelo registro de operações de financiamento de veículos, mostram que a parcela financiada das vendas atingiu 32,7% em fevereiro, o menor percentual da série histórica que começa em janeiro de 2007. Em veículos novos, foram 58,8% das vendas financiadas. Em usados, a fatia financiada foi de 24,4%.

Além da queda nas vendas, pesa sobre o crédito as taxas de juros mais altas, em função do aumento da Selic, e a reticência de tomadores em assumir dívidas de prazos mais longos. “O cenário tem se desenrolado de forma pior que o previsto. As projeções do começo do ano para crédito de veículos parecem otimistas agora”, afirma Décio Carbonari de Almeida, presidente da Anef, associação que reúne os bancos de montadora. A expectativa da entidade era de queda de 1,7% no volume liberado para a compra de veículos, acompanhado de um recuo de 9,4% no estoque de operações da modalidade.

O saldo de operações de financiamento de veículos, incluindo CDC e leasing, encerrou 2014 em R$ 212,7 bilhões, com recuo de 7% ante 2013. Já os recursos desembolsados no ano passado foram de R$ 119 bilhões, com avanço de 1,3%. Atualmente, o estoque de operações de crédito de veículos representa cerca de 12,7% do total de crédito às famílias.

“A renda não está crescendo e os índices de confiança do consumidor estão em valores menores que durante a crise de 2008. Esses são os dois fatores que condicionam a tomada de crédito”, afirma Marcus Lavorato, gerente de da unidade de financiamento da Cetip. “O fim do incentivo do IPI também se refletiu no começo deste ano, na medida em que houve uma antecipação de vendas no fim do ano passado”, diz.

Mesmo entre veículos usados, que no ano passado ajudaram a amortecer a queda da modalidade, houve uma desaceleração no começo do ano. Em fevereiro, foram financiados 226,3 mil veículos de segunda mão, com redução de 13,2% ante igual período de 2014. Entre os veículos novos, a queda nas unidades financiadas foi ainda mais intensa, de 29,3%, no mesmo intervalo. Apenas para fins de comparação, essa modalidade cresceu 13,85% em setembro passado, enquanto os empréstimos para veículos novos caíram 2,1%.

“No primeiro trimestre, tivemos uma queda de financiamento desembolsados da ordem de 15%”, afirma Tadeu Silva, vice-presidente da Omni Financeira, especializada em financiar o que chama de “usadinho”, o veículo com mais de dez anos de uso. “Nosso cliente é a classe C ‘pura’, a que mais sofreu com o aumento do desemprego e com reajuste de tarifas neste começo de ano”, afirma o executivo. No ano passado, a Omni liberou cerca de R$ 600 milhões em recursos, com avanço de 15% na comparação anual.

Silva espera uma recuperação dos desembolsos ao longo de 2015. “Devemos terminar o ano com crescimento próximo da inflação em desembolsos”, diz. “O segundo semestre normalmente é melhor que o primeiro e já houve uma melhora em março”, afirma. Segundo ele, o tomador da Omni tende a ter necessidade mais imediata de trocar de carro do que outros segmentos. “Acaba sendo uma questão de pagar a parcela ou a manutenção. Uma hora ele acaba trocando de carro.”

Um executivo de uma grande banco privado também aposta em uma recuperação dos usados neste ano. “A diferença entre o preço do novo e do usado aumenta, o que estimula a compra do usado”, afirma. “Conseguimos manter o volume desembolsado no primeiro trimestre igual ao do ano passado”. Para ele, embora a tendência seja de mais um ano de queda na carteira de crédito de veículos, há chances de recuperação nas venda de veículos ao longo do ano.

A inadimplência na modalidade também começa a dar sinais de leve piora. A fatia de pagamentos que estão de 15 a 90 dias atrasados subiu para 7,11% em fevereiro, ante 7,01% em janeiro. O percentual, é inferior ao de fevereiro de 2014, de 7,51%. É comum que a inadimplência antecedente suba no começo do ano, com o acúmulo das obrigações das famílias.

A taxa de calotes acima de 90 dias encerrou fevereiro em 3,89%, em queda desde janeiro de 2013, próxima das mínimas históricas. “As carteiras de veículos em geral estão hoje mais preparadas para o ‘teste de estresse’ que promete ser a economia neste ano. As entradas foram maiores, a seleção do tomador foi mais bem feita, o que deve manter a inadimplência sob controle”, conta executivo de um grande banco.

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