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14 de março de 2017 - 18:08

Credito-para-as-familias-supera-pela-primeira-vez-o-concedido-as-empresas-televendas-cobranca

Com vendas em queda e restrições dos bancos, a fatia das empresas no mercado de crédito caiu de 52,62% em 2016 para 49,07% em janeiro, enquanto a das pessoas físicas subiu de 47,38% para 50,93%

Por: Renée Pereira

Pela primeira vez na história, a participação das empresas na carteira de crédito do País ficou menor que o das famílias brasileiras. A mudança na distribuição de empréstimos no sistema bancário foi provocada por dois fatores diferentes. De um lado, estão as empresas com elevada capacidade ociosa que pararam de buscar crédito no mercado. Do outro, estão as companhias inadimplentes, que precisam se financiar – ou rolar dívidas – e não conseguem aprovação dos bancos.

Levantamento feito pelo pesquisador do Ibre/FGV e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público, José Roberto Afonso, com dados do Banco Central (BC), mostra que a inversão das posições ocorreu pela primeira vez em dezembro e se manteve em janeiro. No último mês de janeiro, 50,93% da carteira total de crédito referia-se a empréstimos e financiamentos para pessoa física e 49,07%, para empresas. Em janeiro de 2016, esses porcentuais eram de 47,38% e 52,62%, respectivamente.

“Esse é um resultado muito estranho, fere a história e a lógica, já que o estoque de financiamentos para empresas nunca tinha sido superado pelo de pessoa física”, destaca Afonso, atribuindo a mudança à pior recessão atravessada pelo País. “O crédito para pessoa jurídica decresceu, literalmente derreteu, caindo muitos pontos do PIB em um período muito curto.”

Em janeiro, o estoque total de crédito – para pessoa física e empresas – havia recuado para o menor nível desde abril de 2015. Mas para pessoa jurídica foi ainda pior: caiu para patamares de julho de 2014.

Enquanto isso, o estoque de crédito para as famílias brasileiras só aumentou – o que também não pode ser interpretado como uma boa notícia. O economista Roberto Luis Troster explica que parte dessa alta é efeito da taxa de juros mais alta para o consumidor e também de uma estratégia usada por donos de empresas em dificuldades, que buscam crédito como pessoa física para usar nos negócios.

No mercado, a avaliação é de que, enquanto o governo não desatar o nó do crédito, a economia não vai se recuperar. “Não dá para pensar em retomada se a carteira de crédito para pessoa jurídica não voltar a crescer”, afirma o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. Ele destaca que 2016 bateu recorde de empresas negativadas (inadimplentes): 4,8 milhões. “Isso representa 50% de todas as empresas do País.”

Para os economistas, o recuo da carteira de crédito revela a intensidade da crise. Alguns vão além e afirmam que explica até mesmo a baixa arrecadação tributária no último ano. “Não pagar imposto é a forma mais rápida, fácil e, talvez, até barata de acesso a crédito no Brasil”, afirma Afonso, responsável pelo levantamento.

Dívida menor reflete queda de investimentos

A redução do endividamento do setor privado está diretamente atrelada à redução do crescimento. Um relatório feito pelo Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos do Bradesco avaliou o processo de desalavancagem do setor privado em 20 países. O resultado mostrou que a redução da dívida coincidiu com uma forte queda no volume de investimentos e no PIB.

No Brasil, os primeiros sinais de desalavancagem já apareceram. Entre 2015 e 2016, a dívida do setor privado (não financeiro) caiu de 75,4% para 70,1% do PIB. Usando os parâmetros dos demais países, se continuar nesse ritmo, durante três anos, o País cresceria 1,9 ponto porcentual abaixo da média do período de crescimento econômico e expansão do crédito. Ou seja, o avanço do PIB passaria de uma média de 3,8% para algo em torno de 1,9%.

Segundo a economista Daniela Cunha de Lima, responsável pelo relatório, um dos pontos que ajudou os demais países que passaram por períodos de redução do endividamento foi o corte nos juros. “Nos locais onde houve a flexibilização da política monetária, o crescimento do PIB não foi tão afetado.” / R.P.

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