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Crédito para veículos cai 17%

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Brasil Econômico
06 de maio de 2014 - 18:04 - atualizado às 19:12

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Por: Léa De Luca

Bancos de montadoras aumentam concessões mas não conseguem ocupar o espaço deixado pelos grandes

A missão do banco de montadora é estar sempre disponível. Por isso tanto nos tempos bons quanto nos ruins não temos a opção de fechar ou abrir torneiras. O objetivo é fomentar as vendas.

A concessão de novos financiamentos de automóveis caiu 17% em março em relação ao mesmo mês do ano passado, totalizando R$ 11,6 bilhões. O número foi divulgado ontem pela Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos que são utilizados como garantia em operações de crédito.

O levantamento da Cetip contempla veículos comercializados por crédito direto ao consumidor (CDC), leasing e autofinanciamento ( consórcio). Os números do Banco Central relativos ao mês passado (saldos e concessões) serão divulgados hoje. Em fevereiro, o saldo atingiu R$ 225,5 bilhões, ou 4,6% do PIB contra 5,3% no mesmo período do ano anterior, passando a representar 8,3% do total do sistema.

A queda vem ocorrendo há mais de um ano, quando os grandes bancos privados brasileiros engataram a marcha- a- ré nessas operações, assustados pela inadimplência, que chegou a superar 8%. Os bancos ligados a montadoras tem tentado ocupar o espaço deixado mas são muito menores — o patrimônio dos t rês maiores ( Volkswagen, Gmac e Mercedes- Benz) não atinge R$ 5 bilhões, enquanto somente o Itaú tem R$ 89 bilhões. A carteira do banco Ford foi comprada pelo Bradesco e o Itaú tem acordo com a Fiat para operar os financiamentos da montadora — e ambos reduziram os volumes emprestados.

No último final de semana, os bancos ligados a montadoras divulgavam facilidades, como a volta da “taxa zero” e dos prazos de cinco anos, dependendo do modelo. No entanto, mantêm a cautela de exigir entradas mais altas do que no auge da oferta fácil, em 2010 e 2011, quando era praxe comprar um carro sem deixar dinheiro nenhum no ato.

Os dados mais recentes da Anef, a entidade que reúne os bancos de montadora, são defasados — relativos a fevereiro — e não identificam quanto dos financiamentos são realizados pelos seus associados e quanto está nas carteiras dos outros bancos. Procurado, o presidente da Anef, Décio Carbonari, não pode dar entrevista pois estava em viagem para a Alemanha.

Mas o banco Gmac, por exemplo — que divulga mensalmente seu balanço na página na internet —, mostra aumento de quase 57% no volume financiado, de R$ 6,5 bilhões em março de 2013 para R$ 10,2 bilhões em março último. No Banco Mercedes-Benz, a carteira cresceu 8,5% em 12 meses até março, para R$ 10,2 bilhões. “A missão do banco de montadora é estar sempre disponível para oferecer crédito para os clientes da marca. É o nosso core business. Por isso tanto nos tempos bons quanto nos ruins não temos a opção de fechar ou abrir torneiras. O objetivo é fomentar as vendas. Quando o crescimento da economia é menor e o calote aumenta é que os bancos de montadoras são mais necessários”, diz Angel Martinez, diretor comercial do banco.

Os números dos bancos de montadora são bastante modestos perto dos exibidos pelos grandes bancos. OItaú reduziu sua carteira em 21% no ano passado, para R$ 40,6 bilhões. O desempenho no primeiro trimestre será conhecido hoje, quando o banco divulga os resultados. No Bradesco, a carteira de veículos recuou 13,6% Angel Martinez Diretor do Banco Mercedes-Benz em 12 meses terminados em março último, para R$ 26 bilhões. Segundo o presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco Cappi, a carteira deve parar de diminuir e voltar a crescer somente no final deste ano. No Santander — que também divulga sue balanço hoje — o crescimento foi de 3% em doze meses, para R$ 33.732 milhões em dezembro do ano passado.

Os bancos públicos, que tem carteiras mais modestas do que os privados, mostraram aumento no ano passado — ambos, Banco do Brasil e Caixa, ainda não divulgaram seus balanços do primeiro trimestre. No BB, a alta foi de 7,6%, para R$ 11,8 bilhões. Já a Caixa atingiu R$ 8,6 bilhões, considerando os contratos firmados pelo Banco Pan, seu parceiro no segmento. Ambos entraram mais tarde e, no caso do BB, a estratégia é emprestar apenas para clientes, e não em concessionárias. No Itaú, apesar das restrições, a oferta para clientes também foi retomada, inclusive com valores préaprovados na conta.

Já a Caixa tem sido mais proativa: registrou aumento de 40% na média diária de contratação de 10 a 25 de abril, em relação ao mesmo período de 2013: R$ 13,3 milhões. O desempenho foi obtido com a realização de um feirão de automóveis com 1.470 concessionárias de 34 marcas, em 363 municípios.

Embora, de modo geral, a oferta esteja realmente menor, por outro lado, parte da queda no volume de financiamentos pode, também, estar refletindo uma demanda menor do consumidor por automóveis. Com o boom de vendas verificado em anos recentes, diminuiu muito a demanda reprimida — e parte dos consumidores, depois de conseguir o seu primeiro carro zero e estimulado pelo aumento da oferta de crédito imobiliário, passou a investir no sonho da casa própria. Se o gargalo estiver no lado da oferta de crédito, como vem defendendo a Anfavea (associação que reúne as montadoras), a negociação com o governo para criar mecanismos que estimulem a volta dos bancos — e dos tomadores — aos financiamentos de automóveis pode ajudar.

Para Martinez, porém, é a demanda por crédito que está inferior a de 2013 — e a inadimplência caiu mas não a um nível confortável. E, no segmento de carros de luxo, ônibus e vans, ele diz que não vê ainda “alívio nem trégua” da concorrência.

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