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Crescem pedidos de indenização em seguros de crédito

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
13 de dezembro de 2015 - 14:08 - atualizado às 15:09

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Por: Simone Cavalcanti

O ritmo com que as empresas têm acionado o seguro de crédito para se proteger de calotes nas suas vendas a prazo cresce ao sabor da crise econômica. E os sinais até agora indicam que as seguradoras que oferecem a proteção contra problemas no fluxo financeiro dos segurados vão virar o ano com desembolsos muito superiores às suas receitas, segundo executivos consultados pelo Valor.

O chamado índice de sinistralidade – que mede a razão entre o prêmio ganho e o que a seguradora paga quando acionada – atingiu 174% em outubro. Isso quer dizer que, para cada R$ 1,00 arrecadado nas vendas de apólices, as seguradoras têm pago R$ 1,74 em indenizações. Em igual período do ano passado, o percentual era 47%, quando vendiam mais do que pagavam.

Entre janeiro e outubro de 2015, as seguradoras desembolsaram R$ 308 milhões para honrar suas apólices. Mas suas receitas somaram R$ 177 milhões, segundo dados recentes da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

“No ano passado a sinistralidade foi muito baixa. Este ano estamos devolvendo um pouco. Os ciclos de alta da economia são sempre mais longos do que os de baixa e isso dá um colchão às seguradoras”, diz o Daniel Nobre, presidente no Brasil da espanhola CreditoyCaución.

As apólices de seguro de crédito cobrem eventos como inadimplência e recuperação judicial ou falência das empresas que compram do segurado. No caso de inadimplência, a seguradora pode pagar o sinistro, mas ir atrás do devedor para tentar reaver os recursos. Já com a insolvência isso não ocorre.

“Esperamos que a sinistralidade se estabilize em que pese num nível muito alto. Mas, inevitavelmente, é quase certo que a indústria de seguros vire o ano com um índice maior do que 100%, pagando muito mais sinistros do que arrecadando prêmios”, afirma Nobre.

A perspectiva negativa é compartilhada com Marcele Lemos, presidente no país da francesa Coface, seguradora que detém em torno de 40% desse mercado. Ela vai além, dizendo que a economia brasileira ainda não chegou ao ápice da crise, o que pressupõe mais desembolso com indenizações. “Podemos ter um primeiro trimestre de 2016 bem complicado, como reflexo de baixa das vendas no varejo neste fim de ano.”

A execução desse tipo de seguro anda praticamente junto com o crescimento da inadimplência. Mas neste ano, os pedidos de recuperação judicial também vêm aumentando. Segundo a executiva, os pedidos de recuperação judicial em 2015 aumentaram 55% em relação a 2014. Até 2014, a Coface recebia um aviso de sinistro em razão de recuperação a cada três meses, na média. Em 2015, são dez casos por mês.

Kiyoshi Watari, da divisão de risco político, crédito e garantia da Marsh Brasil, afirma que cresceram tanto a frequência quanto a severidade das execuções dos seguros, ou seja, os valores dos sinistros estão maiores.

Watari lembra que, há um ano e meio, os sinistros estavam concentrados no ramo industrial. Agora, diz, há uma propagação, atingindo também o varejo. “Não escaparam da retração econômica setores como de alimentos, bebidas e eletroeletrônicos.”

Foi justamente no ramo de eletroeletrônicos que ocorreram dois eventos de alto impacto sobre a sinistralidade da CreditoyCaución no terceiro trimestre. “Grandes redes de varejo se estruturaram para a manutenção do patamar de crescimento, que não aconteceu”, afirma Nobre. Segundo ele, muitas dessas empresas que tiveram uma estratégia, que se provou inadequada para o ritmo de crescimento atual, estão com dificuldade para rolar suas dívidas. “O mercado de crédito está mais seletivo e caro, é difícil contrair novos empréstimos. Tudo isso em um ambiente de queda muito grande nas vendas.”

Na avaliação do executivo da Marsh, as seguradoras estão cautelosas, selecionando mais os clientes e balanceando os riscos. Ao mesmo tempo, têm elevado o preço das apólices. “As companhias de seguro estão na busca do equilíbrio entre preservar clientes, expandir sua carteira e precificar corretamente o produto”, diz Watari.

Nesse sentido, exemplifica, a taxa média para a renovação dos seguros às indústrias com faturamento de R$ 5 bilhões anuais subiu de 0,12% para 0,15% sobre o volume de vendas. Naquelas com receitas de até R$ 1 bilhão, passou de 0,07% para 0,11%.

Muito embora o mercado segurador esteja passando por essa conjuntura desfavorável, não deixa de brilhar aos olhos estrangeiros e atrair novos entrantes. “O Brasil ainda não tem cultura de seguro de crédito, o que mostra potencial de crescimento enorme”, diz Vantier Menegazzo Lima, superintendente de crédito da novata no país QBE Brasil Seguros. A empresa é subsidiária da companhia australiana que começou a operar no mercado brasileiro em outubro passado.

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