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17 de janeiro de 2017 - 18:15

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A piora do perfil de crédito corporativo no Brasil, na esteira da recessão, tem contribuído para aumentar a demanda do seguro de crédito, e deve ganhar força nos próximos anos devido a regras regulatórias para bancos, segundo profissionais do setor.

Mesmo em um ano de desaceleração do mercado segurador, os prêmios emitidos no segmento cresceram 18,8 por cento de janeiro a setembro, ante mesma etapa de 2015, para 520 milhões de reais, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Instrumento ainda pouco conhecido no país, o seguro de crédito tem sido usado sobretudo por filiais de bancos da Europa, onde a modalidade existe há mais de um século e ganhou força mais recentemente.

O motivo é o acordo de Basileia 3, que está entrando em vigor gradualmente. No Brasil, terá aplicação integral a partir de 2019. Em linhas gerais, exige que os bancos reservem volumes maiores de capital para operações mais arriscadas. Tendo o seguro de crédito, essas exigências diminuem.

“Por aqui, a demanda dos bancos internacionais pelo seguro de crédito tem crescido desde que o país perdeu no ano passado o grau de investimento (considerado selo de bom pagador), por parte das agências de classificação de risco”, disse Marcele Lemos, presidente no país da Coface, seguradora líder nesse segmento.

“Isso faz sentido, porque na prática todos os empréstimos feitos no Brasil ficaram mais arriscados para esses bancos”, acrescentou Marcele.

Os bancos também têm buscado mais o instrumento quando ficam mais expostos a um cliente específico, o que também seria proibitivo por regras prudenciais sem o uso do seguro.

Simultaneamente, outras classes de empresas no Brasil têm procurado mais pelo produto por razões distintas. Como aquelas que estão começando a exportar e que não conhecem bem seus novos clientes no exterior, ou varejistas que querem proteger parte dos recebíveis.

Vendas a prazo geralmente representam parcela relevante das receitas, o que pode comprometer seriamente a situação financeira da vendedora se seus clientes deixarem de pagar.

“Nesse caso, o seguro funciona como uma espécie de proteção para o planejamento financeiro das empresas, que evitam ainda serem pegas de surpresa diante de um evento inesperado”, disse a vice-presidente da Comissão de Riscos de Crédito e Garantia da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Cristina Salazar.

“Isso pode até salvar uma empresa numa época de crise”, acrescentou Cristina.

Não por acaso, a escalada da inadimplência de consumidores e empresas tem sido um dos fatores que têm elevado a demanda pelo seguro de crédito no Brasil.

O problema é que nesses casos o valor da apólice sobe, tornando o seguro menos atrativo. Além disso, a própria seguradora pode rejeitar a proposta de seguro ou propor segurar um percentual menor das receitas.

“Nesses casos, o número de aprovações de contratos cai”, explicou Vantier Lima, superintendente de crédito da seguradora QBE Brasil, filial da australiana QBE.

Em condições normais, um seguro de crédito cobre até 90 por cento dos recebíveis. O restante fica por conta do próprio contratante, como uma espécie de franquia.

Cristina, da FenSeg, diz que em geral o custo da apólice é de quatro a cinco vezes inferior à taxa cobrada por bancos ou empresas de cartões para antecipar valores de recebíveis a lojistas, por exemplo.

AINDA UM DESCONHECIDO

Embora seja oferecido no país há cerca de duas décadas, o seguro de crédito só é usado por cerca de 600 corporações, a maioria filiais de estrangeiras, segundo Marcele, da Coface.

Parte disso é explicado pelo baixo conhecimento das empresas sobre o produto. Mas não só. Dada a estrutura necessária para operá-lo, uma grande base de dados, poucas seguradoras trabalham com essa modalidade de seguro no país, mais exatamente seis, todas filiais de estrangeiras.

“A gente funciona como uma espécie de Serasa internacional, precisa ter uma estrutura robusta de informações”, disse Marcele.

(Por Aluísio Alves)

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