A população mundial pode ultrapassar nove bilhões de pessoas até 2050. E para alimentar essa população, que cresce rapidamente, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) prevê que o setor agrícola terá que aumentar sua produção em 70% – usando praticamente o mesmo espaço de terra disponível hoje. São mais de 500 milhões de fazendas no mundo, cinco milhões delas só no Brasil.
Nesse contexto, a transformação digital no campo pode endereçar esses e outros desafios globais, como a otimização de recursos, o aumento do rendimento da produção e o fortalecimento de práticas agrícolas mais sustentáveis e resilientes.
A Seedz, do Matheus e do Daniel, é um grande exemplo disso. Usando tecnologia para conectar empresas e produtores rurais, a agtech gera dados e oportunidades para toda a cadeia produtiva.
Conheça a história da scale-up e dos empreendedores que estão semeando a inovação no agro.
Matheus tem vocação para agir.
Bisneto, neto e filho de produtores rurais, aos oito anos de idade decidiu vender o excedente de uma plantação de abóboras do pai para feirantes da comunidade – e zerou o estoque. Desde então, não parou mais: idealizar, vender, negociar. Colocar a mão na massa é sua grande habilidade profissional.
Daniel tem talento para planejar.
Saltou da faculdade de engenharia para uma grande consultoria e lá aprendeu a se adaptar a diversos setores, problemas e modelos de negócio. Aos 22 anos, antes de se formar, já estava empreendendo uma construtora – estruturou um plano do zero e captou dinheiro para sua empresa.
Depois de seis anos trabalhando em uma multinacional de engenharia, atuando no setor agropecuário, Matheus recebeu uma proposta para trabalhar nos Estados Unidos. Teve que tomar uma decisão: seguir a carreira como executivo ou criar seu próprio negócio. E sua natureza empreendedora falou mais alto.
Quando começou a pensar no que seria a Seedz, Matheus queria criar uma plataforma de fidelização, relacionamento e benefícios para o setor agrícola.
“Conversei com alguns amigos, um deles o Ofli, Empreendedor Endeavor do Méliuz, para formatar o modelo de negócio. Queria construir algo diferente, mas usando como inspiração algumas empresas que já fazem coisas similares em outros setores da economia”, explica.
A visão para o negócio estava lá, mas faltava um composto para fertilizar a nova empresa: organização. Matheus, então, chamou Daniel, um amigo de infância, para conversar. Na manhã seguinte, já estavam buscando um escritório para a Seedz.
“O Daniel não só entrou como sócio, mas também já deu um ritmo totalmente diferente para o negócio. Como ele tinha recém empreendido, sabia lidar com a burocracia de montar uma empresa e tirou muitas coisas das minhas costas para que eu pudesse conversar com clientes e entender melhor os desafios”, conta Matheus.
A união de habilidades complementares foi a semente para a Seedz nascer, em 2017.
Cultivando a Seedz
Os empreendedores enxergavam dois grandes desafios no mercado agrícola:
1. O setor ainda estava em um processo inicial de digitalização e, com isso, empresas e pessoas agricultoras perdiam muitos recursos.
2. Havia um grande gap em dados para gerir clientes e produtos com eficiência.
“Trabalhando essas duas frentes, poderiamos criar uma base para resolver outros desafios da cadeia produtiva, como gestão financeira da fazenda, acesso a crédito e adoção de práticas ESG”, explica Matheus.
Por isso, o primeiro passo de Matheus e Daniel foi mergulhar no mundo desconhecido da tecnologia. Porém, um desafio: sem formação na área, precisavam contratar pessoas desenvolvedoras para construir a plataforma e, assim, começar a vender.
Como o digital ainda tinha muitas barreiras para ser adotado por pequenos e médios produtores, iniciaram a conversa com grandes empresas – o ciclo de vendas seria maior, mas os contratos também.
Surge, então, outro grande desafio: a resistência das corporações.
Os potenciais clientes queriam sociedade ou exclusividade, já que a solução da Seedz influenciava diretamente seus próprios negócios. Além disso, procuravam serviços e empresas mais maduros para uma parceria.
“Percebemos que havia uma distância grande entre a intenção de fechar negócio e a conclusão da venda em si. Durante um ano e meio, não conseguimos tirar nossa ideia do papel e o dinheiro estava ficando curto. Tínhamos produto, tecnologia, gente e oportunidade. Mas o cliente não virava o jogo”, comenta.
Precisavam mudar de rota.
Depois de conversar com um amigo do setor de transportes, Matheus e Daniel perceberam desafios semelhantes. E seguiram um caminho pouco convencional: fundaram outra empresa. A Ecobonuz tinha a mesma lógica da Seedz, mas no mercado de transporte. Com os resultados desse novo empreendimento, potenciais clientes da Seedz poderiam comprovar a capacidade de execução e entrega do time.
Além disso, o foco da Seedz passou a ser voltado para intermediários da cadeia agrícola, e não mais às grandes corporações, o que diminuiria o tempo do ciclo de vendas, reduziria o esforço da operação e facilitaria a validação da tecnologia.
Dito e feito. Depois de apenas seis meses, os resultados apareceram e as multinacionais passaram a fechar negócio.
Seedz: plantando inovação para colher impacto
Hoje, a Seedz atende mais de 1.700 empresas, 10 mil profissionais do setor e 100 mil produtoras e produtores rurais, em mais de 10 países da América Latina, além de ter um crescimento médio anual superior a 200% nos últimos quatro anos.
A scale-up oferece software CRM, gestão de campanhas comerciais, programa de incentivo e relacionamento, pesquisas, mapeamento e gestão de dados e safras, monitoramento de operações de trading, programa de fidelização e cashback, além de serviços financeiros para empresas e produtores rurais.
O Matheus e o Daniel estão ajudando produtoras e produtores rurais, principalmente de pequeno e médio porte, a ampliarem sua capacidade de planejamento, tomando decisões mais assertivas e desenvolvendo práticas mais sustentáveis.
Agora Empreendedores Endeavor, contam com a nossa rede global para continuarem semeando inovação.
“Fomos acelerados no Programa Scale-Up e nos identificamos muito com a rede e, principalmente, com o propósito do giveback. Ser Empreendedor Endeavor é um orgulho, uma inspiração e uma responsabilidade enorme. É estar comprometido com o efeito multiplicador, dar de volta ao ecossistema, e fazer com que mais pessoas acreditem no empreendedorismo como fonte de crescimento pessoal e desenvolvimento social”, Matheus finaliza.
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