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Santander muda mix de crédito e lucra mais

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
19 de maio de 2015 - 18:08

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Por: Carolina Mandl

Último dos grandes bancos a optar pela redução do risco de crédito, o Santander Brasil começa a ver os efeitos dessa estratégia. O lucro líquido do banco fechou o primeiro trimestre em R$ 683,8 milhões, valor 31,9% maior do que em igual período do ano passado. Mais concentrado na oferta de produtos como financiamento imobiliário, crédito consignado e empréstimo rural, o Santander viu suas perdas com crédito caírem.

Depois de o banco atravessar um período de oscilação nos resultados, os investidores parecem ter se animado com a sexta alta trimestral consecutiva de resultados do banco. As units do Santander Brasil subiram 5,4%, enquanto o Ibovespa avançou 0,50 ontem na bolsa%.

Pelos cálculos ajustados, que exclui a despesa de amortização do ágio da compra do Real, o lucro do Santander Brasil ficou em R$ 1,63 bilhão, cifra 31,9% maior ante os primeiros três meses de 2014.

Com operações de crédito com mais garantia no balanço, as despesas com provisão para risco de inadimplência (já incluídos os créditos recuperados) somaram R$ 2,11 bilhões, com retração de 10% em um ano. No trimestre, o recuo foi de 0,8%.

“Continuamos a ver espaço para que um desempenho positivo nas provisões sustente o crescimento do resultado em 2015″, escrevem os analistas do Credit Suisse em relatório a investidores.

O índice de inadimplência acima de 90 dias também mostrou melhora, com queda de 0,3 ponto percentual no trimestre, para 3%. Um ano atrás, o indicador estava 0,8 ponto percentual maior. A retração se deu principalmente pela pontualidade no pagamento das pessoas físicas.

Uma parte dessa melhora – 0,15 ponto percentual – se deve à decisão do banco de vender uma carteira de R$ 1,025 bilhão em operações de créditos atrasadas no início deste ano. Esses empréstimos, segundo o Santander Brasil, estavam classificados como operações em atraso há mais de 180 dias.

Durante teleconferência com analistas, Angel Santodomingo, vice-presidente de relações com investidores do Santander, disse que a expectativa do banco é que não haja uma mudança significativa nas despesas com provisão para crédito de liquidação duvidosa do banco neste ano.

O indicador de calotes de até 90 dias – aquele que não se configura como inadimplência pelas métricas do BC -, porém, despertou entre alguns analistas dúvidas sobre a manutenção da qualidade da carteira. O índice total fechou março em 4,3% ante 4,1% em dezembro. Nesse caso, o principal estímulo veio das pessoas físicas.

No crédito, o início das atividades da parceria com o banco Bonsucesso, voltado para o consignado, e a desvalorização do real determinaram o crescimento de 15,3% da carteira em 12 meses, para R$ 258,1 bilhões. No trimestre, a alta foi de 5,1%. Sem esses dois efeitos, a expansão do estoque teria sido de 9,2% e 1,6%, respectivamente.

Mesmo em meio a um cenário de escassez de recursos da caderneta de poupança para financiar o crédito imobiliário, essa modalidade teve crescimento de 36,3% em 12 meses, para R$ 22,8 bilhões. Em três meses, a variação foi de 6,7%.

No caso do empréstimo com desconto direto na folha de pagamento, o Santander incorporou, em fevereiro, R$ 1,7 bilhão em ativos que pertenciam ao Bonsucesso, com o qual a subsidiária brasileira do banco espanhol fechou uma “joint venture”. Essa operação fez o estoque de consignado do Santander atingir R$ 12,8 bilhões, o que representou alta de 0,8% no ano e de 12,5% no trimestre.

Mais carregado de financiamento imobiliário e consignado, o Santander viu o spread de crédito cair, movimento que o banco atribui à mudança de mix da carteira. O spread passou de 8,6% no último trimestre de 2014 para 8,4% neste início de ano. Questionado sobre a tendência de crescimento do crédito neste ano, Jesús Zabalza, presidente do Santander Brasil, não quis fazer projeções. “Vamos seguir crescendo, temos capital e queremos usá-lo para crescer, mas seletivamente”, disse. Segundo ele, os bancos públicos estão deixando mais espaço livre para as instituições privadas crescerem.

Para a equipe do Goldman Sachs, as tendências apresentadas no balanço são “mistas”. “O crescimento do crédito continuou fraco, o spread do crédito se retraiu novamente e a qualidade dos ativos mostrou os primeiros sinais da desaceleração da atividade econômica no Brasil”, escreveu em relatório. Para a composição do lucro do banco outros fatores também ajudaram. O Santander Brasil vendeu para a matriz as participações que detinha nas empresas de energia Santos Energia e Gestamp por R$ 247 milhões.

Essas alienações deram ao banco um ganho de R$ 60,1 milhões. De acordo com Zabalza, as vendas têm como objetivo liberar capital para o Santander se concentrar em sua atividade principal, a bancária. Do lado dos custos, as despesas gerais somaram R$ 4,1 bilhões, com alta de 3,2% na comparação com igual trimestre de 2014. “O Santander continuou a mostrar seu comprometimento em manter as despesas sob controle”, afirmam os analistas do Votorantim.

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