Por Fabiana Lopes

Mais lento do que seus pares na expansão do crédito, o Banco Santander anunciou uma parceria com o Bonsucesso, especializado em empréstimos com desconto em folha de pagamento, para tentar correr atrás do tempo perdido. A modalidade tem sido o principal motor de expansão de concorrentes como Itaú Unibanco e Bradesco e ajuda a mitigar o risco de inadimplência por conta da garantia do salário do tomador.

“Essa estrutura permitirá ao Santander mudar de patamar na capacidade de distribuição e comercialização de créditos consignados do canal externo”, disse o presidente do banco, Jesús Zabalza, a jornalistas.

Ao divulgar seu balanço referente ao segundo trimestre, o Santander mostrou que a carteira de crédito sob critério do Banco Central (BC) somou R$ 226,299 bilhões, avanço de 3,8% em 12 meses e de 1% no trimestre.

Ao fim de junho, a carteira de consignado somava R$ 12,285 bilhões, uma queda de 17% em 12 meses e de 4% na comparação trimestral. O desempenho influenciou negativamente o portfólio de pessoa física, que terminou o trimestre com R$ 75,873 bilhões, alta de 5% em 12 meses e só 0,4% no trimestre.

Mesmo com o crédito mais fraco, o banco apresentou um desempenho que superou as expectativas dos analistas. Com controle mais forte de despesas e manutenção da margem financeira líquida, a instituição teve lucro líquido contábil de R$ 527,5 milhões no segundo trimestre, 5,35% maior que o apurado no mesmo período do ano passado. O lucro ajustado, que considera 100% da reversão da despesa de amortização de ágio, foi de R$ 1,437 bilhão, com alta de 1,9% na comparação anual.

A margem financeira líquida atingiu R$ 4,235 bilhões no segundo trimestre e ficou praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado, mas houve queda de 9% na comparação trimestral.

As despesas se mantiveram sob controle e somaram R$ 4,032 bilhões, com expansão de 1,02% em 12 meses e de 1,5% na comparação trimestral, abaixo da inflação. “A disciplina de custos é um fator chave para melhorar a eficiência operacional do banco”, disse Zabalza. O índice de eficiência do banco apresentou, porém, piora e passou de 46% no segundo trimestre de 2013 para 49,5%.

Desde o ano passado, o Santander vinha prometendo avançar no consignado. Antes de fechar a parceria com o Bonsuceso, instituição financeira de pequeno porte, o banco revisou sua operação própria e encerrou, por exemplo, o canal de vendas externo, com correspondentes bancários.

O Santander investiu R$ 460 milhões no novo negócio e terá 60% de participação. “Com o capital do banco e a expertise do Bonsucesso, nós esperamos crescimento muito forte. Temos tudo para dar respostas rapidamente”, disse Zabalza. É um modelo de negócios bastante parecido com aquele fechado entre Itaú e BMG dois anos atrás.

O negócio, batizado de Banco Bonsucesso Consignado, nasce com uma carteira de R$ 1,1 bilhão e deve dar início a suas operações entre dezembro e o começo de 2015. Além do crédito com desconto em folha tradicional, a estrutura contará com a oferta de consignado via cartão de crédito, modalidade mais rentável do que o empréstimo tradicional e ainda fora do portfólio dos grandes bancos de varejo.

Segundo Paulo Henrique Pentagna Guimarães, presidente do Bonsucesso, a operação de cartões tem hoje 90 convênios, com 200 mil clientes, com uma carteira de cerca de R$ 500 milhões.

O grupo espanhol, que vinha dependendo fortemente da América Latina, viu o negócio britânico do grupo responder por 20% do lucro no segundo trimestre, ultrapassando o Brasil como país de maior importância. O lucro global do Santander subiu 38% e alcançou € 1,45 bilhão, em parte por uma retomada econômica em mercados como a Espanha e a Grã-Bretanha. O resultado na Europa continental subiu 75%, em comparação a uma queda de 16% na América Latina.

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