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A rede de corrupção que esmaga e destrói carreiras

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
04 de outubro de 2016 - 18:02

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Por: Rafael Souto

Há alguns meses, conversei com um jovem executivo que recém havia sido desligado de uma multinacional. Ele buscava ajuda para se reposicionar no mercado.

A empresa em que trabalhava foi investigada por formação de cartel. A matriz resolveu colocar sua cabeça a prêmio e o demitiu por justa causa. De jovem promissor, passou a réu em poucos meses. A prática de cartel, segundo ele, era comum havia muitos anos na empresa. Ele deu continuidade a uma regra antiga no setor.

Pouco pude fazer para ajudá-lo. A escolha de trabalhar nesse jogo gerou um dano de difícil reversão no mercado. Na justiça, certamente conseguirá explicar e definir sua culpa. No mercado de trabalho, já está sentenciado. Silenciosamente condenado porque nenhuma empresa devidamente informada arriscaria contratá-lo.

No momento histórico em que vivemos, as grandes operações da Polícia Federal chamam atenção e nos deixam perplexos. Entre lava-jatos e empresas X, queremos condenar todos os corruptores e corruptos que assolam nossa credibilidade como nação. Queremos, com razão, bani-los de nosso sistema.

Gostaria, no entanto, de analisar o impacto desses escândalos num segundo grupo de executivos. São aqueles profissionais de média e alta gestão que não estão diretamente ligados às investigações. Mas, suas carreiras são abaladas por estarem vinculados às empresas envolvidas nas falcatruas.

Muitos não realizaram práticas ilegais. Em muitas empresas, executivos que trabalham em áreas técnicas, por exemplo, não estão envolvidos em negociações comerciais. Estão ocupados em realizar os projetos e cumprir suas funções sem saber dos acertos feitos para concretizar negócios. Outros sabem, mas não operam diretamente. Outros executam, mas cumprem ordens corporativas. Todos ficam no mesmo saco de culpados na hora em que a confusão emerge.

Existe uma transferência direta da reputação da empresa para a carreira dos profissionais. Trabalhar em empresas envolvidas em escândalos gera dano para a imagem de uma pessoa. Muitas vezes, esse impacto é irreversível. E, diferentemente dos executivos como Pedro Barusco e Nestor Cerveró, com suas milionárias contas bancárias na Suíça e em paraísos fiscais, a grande maioria dos profissionais possui apenas seu nome para continuar trabalhando e gerando receita.

A crueldade do mercado de trabalho se dá pela condenação antecipada. Ao menor sinal de fumaça, o executivo é banido das listas de contratações. A lógica de contratar é baseada em minimizar riscos. Recrutar alguém que possa ter problemas judiciais não é uma prática comum. O mercado de trabalho opera com alto grau de preconceito e filtro.

Nesses tempos, o alerta sobre a governança na carreira precisa ser elevado. Significa que o profissional precisa ter clareza sobre os riscos que sofre quando está numa empresa envolvida em práticas ilegais. Para proteger sua trajetória, precisa eleger seu código de conduta. Deve tornar conscientes quais ações julga que são corretas e as medidas que irá tomar caso perceba que a empresa está indo para caminhos que possam prejudicar sua marca como profissional. É melhor pedir demissão e escapar de uma organização em que não confia do que ficar por comodismo – e depois ver sua vida profissional virar um pesadelo.

Estamos na era da trabalhabilidade, em que somos todos responsáveis por gerar trabalho e renda ao longo da carreira. A máxima de que cada profissional é dono de seus caminhos nunca foi tão verdadeira. Ser protagonista e não ser pego de surpresa é um impositivo contemporâneo.

Temos diversos eventos simultâneos que aumentam a complexidade na condução da vida profissional. O aumento da longevidade nos faz pensar que iremos trabalhar mais tempo e precisaremos criar formas diversas para produzir e continuar contribuindo na sociedade. Precisamos mais do que nunca cuidar do pilar de idoneidade da carreira. Analisar nossos atos e seus impactos, e também a empresa à qual estamos vinculados.

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1 Comentário
  1. A matéria não analisa qual deveria ser a estratégia para o executivo. Ele deveria ter se negado a seguir com o procedimento, arriscando perder o emprego e ficar marcado no mercado como “não colaborativo”, impondo uma nova regra? E se não tem poder para tal, deveria pedir demissão, arriscando novamente ficar marcado no mercado?

    ed em 05 de outubro de 2016 - 10:50

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