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02 de janeiro de 2022 - 12:00

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Ao monitorar saúde e aspectos emocionais, empresas também devem considerar o abuso de susbstâncias

Isolamento social, falta de atividades ao livre e distância de pessoas queridas. Com a pandemia, foram poucos os que não passaram por uma dessas situações. A elas, podemos somar o excesso de trabalho causado pela perda de “fronteiras” do home office.

Com esse peso sob as costas, recorrer ao álcool foi um comportamento observado fortemente neste ano.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), no relatório “Uso de Álcool e Covid-19”, 35% dos entrevistados com idades entre 30 e 39 anos relataram aumento na frequência de um comportamento chamado de beber pesado episódico. Essas situações são os chamados porres, que costumam acontecer a partir do momento em que uma pessoa toma mais de cinco doses de álcool.

Por ser um depressões do cérebro, o álcool atua primeiro como um relaxante, depois causa euforia e diminui a área cerebral que controla nossos limites.

Em grandes quantidades, leva a pessoa a um estado de sedação, causa reações estomacais e desidratação. Primeiro ele causa desinibição e depois deprime. Como é uma droga, vicia. No entanto, está entranhado na cultura brasileira, e até nas empresas. Startups e empresas que pregam a descontração têm até geladeiras com cervejas.

Assim como os outros aspectos da saúde mental, o abuso de substâncias deve entrar na lista de assuntos que os setores de Recursos Humanos e as empresas devem ficar atentas.

Para Jane Teixeira, gerente médica da empresa Sharecare Brasil, que presta serviços de monitoramento da saúde dos trabalhadores, o alcoolismo em funcionários está fortemente ligado a questões emocionais e é por aí que deve começar o monitoramento.

“Na pandemia, o álcool acabou virando uma válvula de escape, uma forma de relaxamento. Mas ele não é uma forma efetiva de combate a isso porque ele causa outros problemas como depressão, dependência e outros rebotes”, explica a médica.

Depois de monitorar os riscos emocionais dos trabalhadores de uma empresa, a Sharecare trabalha com algumas frentes, como a educação e o fornecimento de ferramentas para as pessoas acompanharem a própria saúde.

A questão do álcool, porém, por ele ser culturalmente aceito, às vezes encontra barreiras. De acordo com a Jane, alguns profissionais – mesmo que não sejam alcoólatras – não reconhecem que podem estar fazendo uso excessivo de álcool porque há uma normalização na cultura do seu consumo regular.

A psiquiatra Ana Cecilia Marques destaca que o aumento do consumo de álcool já era esperado quando a pandemia começou. Isso porque a humanidade não tinha mais uma memória de como lidar com um momento desses. Além disso, teve mais tempo livre ao começar a trabalhar de casa e tiveram que lidar com mais tensões e conflitos.

A diminuição das opções de lazer também é uma das causas. Para ela, o uso excessivo durante o dia a dia está diretamente relacionado à cultura brasileira, que entende o álcool como uma droga leve, que faz parte da rotina.

Ana Cecilia Marques também ressalta a importância de se adiar a experimentação do álcool. Segundo ela, adolescentes com 12 anos já experimentam bebidas, o que dá mais probabilidade de a dependência ser desenvolvida na vida adulta. Isso acontece porque o cérebro, antes da idade adulta, ainda está em formação e é mais vulnerável.

Além de ser um problema decorrente de alguma questão emocional – que por si só já reduz a produtividade do empregado – o consumo excessivo de álcool gera ressacas e, no fim das contas, perdas para as empresas. Entre os sinais de alguém está com consumo excessivo de álcool está justamente o comportamento no dia seguinte, que pode ser de perdas de horários, falta de foco, rosto cansado e sono. Isso ocorre porque o corpo é, ao pé da letra, intoxicado pela substância.

Na visão de Jane, as empresas precisam deixar para trás o estigma com os problemas emocionais e psiquiátricos e devem assumir a responsabilidade pela saúde dos funcionários de uma forma holística.

Uma pesquisa compilada pela Mental Health Network aponta que ao faltar ao trabalho devido a questões emocionais, 95% dos funcionários dão outras justificativas. Em outras palavras, mentem.

De acordo com a OMS, a depressão é uma das principais causas de incapacitação no mundo, e o suicídio é segunda maior causa de morte entre jovens entre 15 e 29 anos. E isso tem efeitos nas empresas, reduzindo produtividade e satisfação profissional.

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