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As dores e delícias de trocar de carreira

por: Angelica Balthasar
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
03 de fevereiro de 2013 - 17:02

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Por: Leticia Arcoverde

A economista Gabriela Spinardi acumulava duas décadas de atuação na área financeira quando decidiu, há dois anos, começar tudo de novo em outra carreira. Depois de passar por empresas renomadas como a Deloitte, Toyota e Baxter, ela percebeu que sua insatisfação havia chegado ao limite ao se aproximar dos 40 anos de idade e passar pelo que chama de “crise de propósito”. Hoje, a estudante de gastronomia espera se tornar chef de cozinha do próprio restaurante.

O caso de Gabriela pode ser curioso, mas não é raro. Deixar uma carreira estabelecida para recomeçar em uma profissão nova é um risco, um desafio e uma grande aventura que cada vez mais pessoas encaram em busca de satisfação na vida profissional. Afinal, quem nunca pensou em como seria a vida se estivesse fazendo algo completamente diferente?

No caso de Gabriela, as dúvidas começaram já no primeiro emprego, na consultoria Deloitte, mas foram confirmadas durante um ano sabático que tirou no início dos anos 2000. Na época, faltou dinheiro para abandonar a estabilidade da carreira executiva, e Gabriela ainda passou por cargos de gerência na Toyota e na Baxter até reunir a coragem para largar tudo.

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Dois anos de terapia a ajudaram a identificar o novo caminho, mas ela diz que o gosto por gastronomia sempre a acompanhou. “Por cozinhar e, principalmente, comer”, diz. Ainda assim, a escolha foi feita após, “cutucar a ferida” e eliminar possibilidades. Acabou escolhendo um plano com o qual pudesse desenvolver uma relação mais humana com os funcionários, além de servir e trazer satisfação aos clientes.

Casos assim são cada vez mais comuns, uma vez que as oportunidades de aprendizado nas mais variadas áreas estão progressivamente mais disponíveis, segundo o consultor Luiz Cláudio Binato, do Instiad. “Hoje, as pessoas podem se tornar o que quiserem”, explica. “A única coisa que impede é o autoconhecimento”. Gabriela admite que a parte mais difícil de todo o processo foi decidir o que faria depois de deixar a carreira como economista. “Que aquilo não estava dando certo para mim, eu já sabia há muito tempo”, diz.

Mas abandonar uma profissão que causa insatisfação não traz apenas alívio e empolgação de encarar novos desafios. “Estou começando do zero aos 40 anos. Obviamente tenho muita insegurança”, explica. As dificuldades diárias incluem, por exemplo, trocar uma posição de gerência por um estágio, o que significa voltar a receber ordens. Ao mesmo tempo, está se acostumando com a ideia de deixar de ser funcionária para virar dona do próprio negócio.

Acostumado a receber profissionais com dúvidas em relação à carreira, Binato explica que a parte mais difícil da transição é escolher o próximo passo. “A motivação maior nesses casos é a dor que se torna insuportável. Chega um momento em que a pessoa se conforma ou se rebela”, diz. Segundo Binato, para acertar na escolha da carreira nova é preciso deixar de ser movido pela dor para ser motivado pelo prazer da próxima empreitada.

No caso de Patrícia Nogueira, a escolha da nova profissão só ocorreu depois que ela decidiu, no fim de 2009, pedir demissão do escritório de advocacia onde atuava desde os tempos de estagiária para sair em um sabático junto com o marido, também advogado. “A única certeza que eu tinha era a de que precisava parar”, diz. Por insistência do chefe, que não quis perder dois advogados seniores ao mesmo tempo – ela atuava na mesma equipe do marido – ambos tiraram licença sem vencimentos. “Parar foi relativamente simples. O mais difícil é decidir o que você vai fazer depois”, explica.

Depois de mais de um ano de viagens e cursos, o marido de Patrícia voltou a advogar em um escritório menor, mas administra uma importadora de vinhos ao mesmo tempo. Já Patrícia apostou em uma mudança mais radical. Desde 2011, transformou o hobby de toda a vida, a fotografia, na nova profissão.

O casal fez uma poupança para ajudar na transição e a ex-advogada estabeleceu um limite de dois anos para decidir se conseguiria se acostumar a viver da nova prática. O resultado até agora é positivo – o que não quer dizer que o caminho seja fácil. “Ainda não posso dizer que está consolidado, mas está dando certo”, diz.

A experiência como advogada a ajuda atualmente a se relacionar melhor com clientes, lidar com os aspectos legais do negócio e com a pressão e o estresse diários como a responsabilidade de documentar um momento especial na vida das pessoas que a contratam. “Hoje, sinto frio na barriga e fico animada”.

Nem todo momento de dúvidas, porém, precisa levar a uma mudança tão radical, diz Binato. Para ele, muitas vezes percepções simples, como ver que não se dá bem com o chefe e trocar de emprego, resolvem o problema. Como dica, o consultor sugere que o profissional insatisfeito liste e compare as coisas que mais gosta de fazer com o que não gosta. Em seguida, é preciso identificar quais as forças que mais o aproximam e o afastam do objetivo de vida e quais os valores pelos quais esse profissional gostaria de ser movido. Por fim, deve-se comparar os resultados com o que se está fazendo no momento.

Se a decisão de promover uma mudança radical de carreira ainda for a resposta certa, Binato sugere que o profissional se prepare de forma mais prática. Isso significa fazer uma poupança, negociar gastos que podem ser antecipados como a mensalidade da escola dos filhos, e tomar precauções para que esteja seguro financeiramente quando deixar a vida atual para trás. “Se a perda for muito grande, ela sabota a escolha. Se o ganho for maior, ele serve como motivador.”

O hoje designer Fabio Galeazzo, há cerca de duas décadas na atual carreira, começou a vida profissional como odontologista. Chegou a se especializar em implantodontia e chefiar uma equipe de cirurgiões antes de passar por uma crise pessoal em que o estresse tomou conta do dia a dia. Como tratamento, médicos sugeriram que ele se dedicasse a algum tipo de atividade com as mãos no tempo livre. Foi assim que fez os primeiros cursos de decoração – uma área de que já gostava, pois sempre ajudou os pais no negócio de construção, decoração e paisagismo.

Depois de uma viagem a Nova York, onde conheceu mais a fundo o mundo da arquitetura e da arte, decidiu que sua verdadeira paixão poderia se tornar um caminho profissional. “Tive um ‘insight’ de que conseguiria fazer aquilo de forma muito natural, sem me sentir pressionado”, explica. Ao voltar para o Brasil, logo entrou em contato com um amigo headhunter, que o ajudou na transição.

Galeazzo trabalhou em um escritório de decoração por dois anos até abrir o próprio negócio. Começou com projetos de decoração, passou a atuar em arquitetura e por fim, em desenvolvimento de produtos, departamento que acabou de criar. Hoje, acumula prêmios nacionais e internacionais.

Com o tempo, investiu também em cursos de gestão e precisou aprender a gerir a própria empresa. Em sua opinião, o tempo como dentista contribuiu para aprimorar a visão estética e compara a “invasão” de tratar do dente de alguém com a de entrar na casa do cliente. “Eu reabilitava pessoas, hoje reabilito casas.”

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