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As quatro mentiras que um CEO deve sempre dizer

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
13 de agosto de 2017 - 14:02

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Por Lucy Kellaway

Há cerca de um ano, um amigo conseguiu um emprego excelente no comando de uma empresa de médio porte.

Algumas semanas depois, almocei com ele e ele me disse que estava tendo muitos problemas no trabalho. Metade de seu staff era medíocre, a cultura era preguiçosa e, embora ele tivesse elaborado um plano para mudar as coisas, não estava certo de que iria funcionar.

Na semana passada, me encontrei novamente com ele e perguntei como estavam as coisas. Maravilha, respondeu. Está tudo bem. Cumprimentei-o por ter colocado tudo em ordem em tão pouco tempo. Ele me olhou de uma maneira engraçada e disse que a única coisa que havia conseguido colocar em ordem foi ele mesmo. Ele deu um jeito na primeira coisa que você precisa fazer como executivo-chefe, que é aprender a mentir. Ou, se não mentir de fato, nunca ceder a quatro verdades básicas.

A primeira regra é nunca admitir que você não está gostando do emprego. Quando você está no comando, não pode dizer que está estressado, tendo dificuldades ou sentimentos negativos em relação ao trabalho. Em vez disso, você precisa insistir que o cargo é estimulante e que tudo está indo bem e você está totalmente no controle.

A segunda verdade que você está proibido de dizer é que você não gosta de alguém na empresa. “O presidente do conselho é um idiota” é algo que sempre se pode pensar, mas que nunca deve ser manifestado. Além disso, nunca se deve menosprezar alguém que trabalha para você.

Em terceiro lugar, falar mal de sua companhia está fora de questão. Você é responsável por ela e por todos que lá trabalham e precisa ser o “líder da torcida” o tempo todo, não importando o quanto isso possa parecer artificial.

John Cryan fez lá sua adulação recentemente, ao insistir que o Deutsche Bank está “absolutamente sólido”.

Pelos padrões dos executivos-chefes de bancos, Cryan é um interlocutor franco (ele teve a ousadia de declarar em novembro que sua bonificação não o fez trabalhar com mais afinco), mas até mesmo ele teve que jogar o jogo da confiança – os bancos somente são sólidos quando as pessoas acreditam nisso.

Em apenas duas situações as pessoas podem dizer algo negativo: quando é possível pôr a culpa no antecessor (e aí vale tudo), e quando você tem uma carta na manga para melhorar as coisas. Mesmo aí, porém, falar assim pode ser perigoso.

Quando Stephen Elop comparou a Nokia a uma plataforma em chamas, ele falou a verdade, uma verdade que era necessária para motivar os funcionários, mas mesmo assim foi um desastre. As coisas continuaram a piorar até que a Nokia finalmente foi socorrida pela Microsoft, que comprou sua unidade de telefonia móvel.

A última coisa que meu amigo aprendeu a jamais dizer a alguém é que ele não tem certeza. Como executivo-chefe, você nunca deve dizer: “Estamos fazendo esse takeover /essa reestruturação/cortando custos, mas não estou totalmente certo de que vai funcionar”. Em vez disso, você precisa apresentar toda iniciativa como algo fácil e garantido.

Não só dúvidas sobre as estratégias são proibidas, como também admissões de insegurança devem ser descartadas. Embora quase todos os executivos-chefes admitam em particular que são inseguros – e aqueles que não fazem isso são os que mais nos preocupam -, eles nunca devem dizer: “Não sei se estou à altura disso”. Eles podem ser levados ao pé da letra por isso.

Essas quatro verdades proibidas podem até ser confidenciadas com a esposa compreensiva, de noite na cama, mas não se deve ir além disso. Qualquer sinal de insatisfação, dúvida, ou falta de confiança na companhia ou indivíduos é equivalente a admitir que você não está capacitado para o cargo.

Isso tudo é bastante constrangedor, especialmente tendo em vista como é difícil chegar a ser um CEO e com que frequência isso termina em fracasso. A posteriori, alguns ex-executivos-chefes irão, em momentos de distração, admitir que o trabalho era um inferno, mas que na ocasião só havia uma coisa a fazer: dar de ombros e mentir.

Segundo meu amigo, o bom de fingir que se está tendo uma ótima experiência é que ajuda você a se convencer de que isso realmente está acontecendo. A parte ruim é que esse processo é muito alienante. Se você não pode contar aos amigos o que realmente sente, não há muito sentido em ter amigos.

Enquanto voltava para o trabalho, me ocorreu que a lista não estava completa. Há mais um tabu e durante o almoço ele o quebrou. A quinta coisa que você jamais deve dizer quando é o CEO é: “Às vezes eu preciso mentir e fingir no meu emprego.”

Um executivo-chefe pode se dar ao luxo de ser honesto até certo ponto. Na verdade, o grau de honestidade é tão limitado que o cargo não é adequado para aqueles que, como meu amigo, são viciados em dizer o que realmente pensam.

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