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Como é ser o “malvado” do escritório

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
25 de abril de 2017 - 18:00

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Por:  Sue Shellenbarger

A maioria das pessoas quer ser vista como “boazinha” no local de trabalho, espalhando cordialidade e alegria. Mas nem todo mundo precisa ser amado. Algumas pessoas prosperam assumindo o papel de “malvado” do escritório, ou pelo menos encontram maneiras de lidar com isso.

Essas pessoas fazem o trabalho sujo: fornecer feedback negativo, cortar projetos apreciados ou demitir pessoas. Progredir na função de malvado exige jogo de cintura para lidar com o ressentimento dos outros. “É solitário ser a pessoa má”, diz Jennifer Lee Magas que, como especialista em recursos humanos e advogada especializada em direito trabalhista, teve de demitir ou suspender do trabalho dezenas de funcionários em um emprego anterior.

Um colega furioso arremessou uma caixa de lenços de papel contra ela. Outros a apelidaram de “A Exterminadora”, conta a executiva, hoje vice-presidente da Magas Consultants, situada em Connecticut, nos Estados Unidos. Ela alivia o estresse correndo nas horas vagas e captando dinheiro para famílias de baixa renda.

Alguns profissionais são insensíveis ou narcisistas demais para ter problemas de consciência com a função, mas ser a pessoa má é mais difícil para aquelas que provocam empatia. Mike Ellis ajudou a abrir e contratar funcionários para uma fábrica de janelas anos atrás, tornando-se seu gerente-geral. Os empregados acreditavam que a companhia cresceria dez vezes, dizendo uns aos outros que aquilo seria uma maravilha, lembra Ellis, hoje diretor-gerente da Global TalentResources, uma firma de recrutamento de Indiana.

Poucos anos depois, ele se transformou no cara malvado quando teve de pôr em prática a decisão da empresa de fechar a unidade. “Tive que dar todas as más notícias e ouvir as pessoas perguntarem ‘como você consegue fazer isso, como não consegue dar um jeito?’.” Sentindo-se responsável, Ellis buscou auxílio em um grupo de estudo da Bíblia. Eles o ajudaram a ver que esses altos e baixos são normais e fogem de seu controle, e que ele iria superar isso.

As qualidades que fomentam o sucesso com frequência não são as mesmas que tornam as pessoas populares, afirma Jeffrey Pfeffer, autor de “Leadership BS”, um livro sobre as características e comportamentos que possibilitam aos líderes ganhar poder. Muitos executivos são personalidades dominantes que aprendem a ignorar a desaprovação dos outros, diz Pfeffer, que também é professor de comportamento organizacional da Stanford GraduateSchoolof Business. Um CEO que falou com a classe de Pfeffer descreveu a dor que as demissões causam aos funcionários e alertou os estudantes: “Se vocês querem ser amados, arrumem um cachorro”.

Alguns executivos assumem a função de malvado para fazer o que é preciso. Jonathan Bulkeley, investidor e executivo das áreas de tecnologia e propaganda on-line, já demitiu oito fundadores de empresas ou executivos-chefes enquanto liderava esforços de recuperação ou salvamento de companhias em estado de falência. “Já representei o malvado muitas vezes”, diz Bulkeley, executivo-chefe da RealMatch, uma firma de Nova York da área de recrutamento, e ex-CEO da BarnesandNoble.com.

Ele admite que fica um pouco nervoso quando precisa dar uma notícia ruim para o fundador ou CEO de uma empresa. “As pessoas surtam, param de falar com você, saem furiosas do local. Não é nada bom”, diz. Ele se certifica de que seus motivos estejam bem claros e estrutura sua mensagem para dizer aos executivos que o seu desempenho não está adequado às necessidades da empresa naquele momento. “Não se trata de ser amado ou de as pessoas gostarem de você”, diz Bulkeley. “Se você é honesto e aberto, as pessoas poderão não gostar do que você vai dizer ou fazer, mas não irão questionar sua integridade.”

Muitos escritórios precisam de pessoas que se sintam confortáveis ao dar más notícias e tomar decisões impopulares. Os gestores que não querem perder a amizade de colegas frequentemente contratam um consultor quando um funcionário precisa ser demitido ou disciplinado por fraco desempenho, diz David Lewis, presidente da OperationsInc, uma consultoria de recursos humanos de Connecticut. Os malvados são necessários até mesmo nas festas do escritório, em que alguém precisa ser “o desmancha-prazeres, ficando de olho no consumo de bebidas alcoólicas pelas pessoas e garantindo que elas não perderão o controle”, diz Lewis.

Sarah Hiner precisa que seus funcionários aprendam novas habilidades na medida em que sua companhia, a BoardroomInc, amplia seus negócios na área de produtos impressos para novos canais de marketing e editoração digital. Ela é a presidente dessa empresa, que edita a publicação “BottomLine/Personal”. Seu diretor operacional, Joseph Seibert, um consultor e especialista em tecnologia e em gestão de mudanças, está conduzindo essa “transformação de cultura.”

Seibert, um ex-diretor de tecnologia de Viacom que ajudou muitas empresas a reduzir custos e atualizar suas estratégias, está acostumado a conduzir pessoas em mudanças. “A minha carreira tem sido a do ‘cara mau’”, diz ele. “Se uma pessoa não quer mudar, você pode alertá-la, pode dar a ela um documento escrito, pode explicar exatamente o que precisa ser feito. Se ela não mudar, no papel do cara mau eu vou recomendar que ela saia da empresa”, diz. Ele faz as mesmas exigências para si mesmo, procurando vários treinamentos sobre novas habilidades todos os anos.

Ele é respeitoso e amigável com os funcionários, mas evita socializar com eles. Quando fez amizade com colegas de trabalho no começo de sua carreira, descobriu que “de repente você precisa demitir e se vê tentado a tomar decisões diferentes porque tem amigos.”

Para lidar com o estresse, Seibert faz exercícios físicos, pratica uma dieta rigorosamente saudável, medita e tem hobbies como a fotografia. Ele diz que obtém sua recompensa vendo empresas se recuperarem, começarem a ganhar mais dinheiro e a criar empregos. Outros fazem trabalhos de caridade. Roni Chambers teve que demitir centenas de pessoas anos atrás como gerente de recursos humanos. Colegas se escondiam ao ouvir seus passos e uma revista a retratou como uma figura feminina sinistra que carregava um machado.

Posteriormente, ela mesma foi demitida e começou a fazer trabalho voluntário como diretora de uma organização comunitária que ajudava pessoas desempregadas a conseguir novos trabalhos. Roni acabou fundando a CareerInnovationPartners, uma firma de coaching de transição de carreiras, em St. Louis. Ela obteve satisfação ao ajudar muitos ex-colegas e outros profissionais a encontrar novas carreiras.

Poucas pessoas conseguem transformar o fato de serem “o cara mau” em uma vantagem. Os atletas profissionais sempre enfrentam multidões hostis. Em vez de permitir que vaias e zombarias abalem sua confiança, muitas “usam a adversidade para ajudá-las a mergulhar mais fundo em suas habilidades, concentrando-se no que precisam fazer para competir”, diz Patrick Cohn, um especialista em psicologia dos esportes que orienta atletas de tênis, baseball e outros esportes. “Eles reagem e fazem aquilo trabalhar a seu favor, ganhando intensidade e adrenalina.”

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