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10 de janeiro de 2018 - 18:00

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Quando se fala em envolvimento com o trabalho, a fronteira entre o saudável e o patológico é sutil. Veja o que distingue obcecados e apaixonados pela profissão

Por: Claudia Gasparini

Sentir paixão pela profissão é um sonho antigo e universal. Ainda no século VI a.C., o filósofo chinês Confúcio formulou um provérbio que resumiria esse desejo: “Escolha um emprego que você ame, e nunca mais você precisará trabalhar na vida”.

É o modo ideal de viver a carreira – o ofício é tão prazeroso que, por vezes, até perde sua natureza de obrigação e se transforma numa espécie de arte, esporte, brincadeira. Nem parece trabalho.

A sabedoria do ditado chinês é inegável, mas exige uma ressalva. Ainda que amar a sua profissão seja um ingrediente essencial para a felicidade, é preciso cuidar para que o gosto pelo ofício não se converta em obsessão.

Para o coach Alexandre Rangel, sócio da Alliance Coaching, a fronteira entre o saudável e patológico nessa relação é sutil.

Para começar, o excesso não aparece necessariamente no tempo dedicado ao emprego: ao contrário do que pode parecer, nem sempre o workaholic trabalhará mais horas do que um mero apaixonado pelo seu ofício.

Afinal, diz o especialista, amar o trabalho frequentemente produz o famoso “estado de flow”, ou fluxo. Consagrado pelo psicólogo húngaro Mihály Csíkszentmihályi, o conceito descreve um estado mental em que o profissional se sente completamente absorto pelo que está fazendo – como se estivesse num túnel e não enxergasse nada além do seu objetivo.

Quando entra em fluxo, você pode trabalhar ininterruptamente até altas horas da noite, sem perceber. Mas há um detalhe: apesar do ritmo frenético, você produz com grande qualidade e sente um enorme prazer durante o processo. “É como um pintor que trabalha madrugada adentro para criar sua obra-prima”, compara Rangel.

Segundo o coach, o profissional apaixonado pode viver esses episódios de produção desenfreada – em que ele se esquecerá até de beber água ou ir ao banheiro para continuar trabalhando -, mas saberá parar em algum momento. Ele conseguirá, sobretudo, buscar e encontrar prazer em outras esferas da vida.

“Quando encerra o expediente, quem ama a profissão se sente gratificado, mas em seguida vai encontrar os amigos, conviver com a família, investir em hobbies e entretenimento”, diz. “É a forma mais perfeita de viver a carreira”.

Comportamentos tóxicos

A rotina do workaholic é bastante diferente. “Para ele, o excesso não é episódico, é um modus operandi, explica André Caldeira, especialista em gestão de carreira e autor do livro “Muito trabalho e pouco stress” (Editora Évora). “Ele não sabe trabalhar de uma forma que não seja compulsiva”.

Nesse caso, não acontecem os prazerosos momentos de “flow”: as longas sessões de atividade costumam ser frias, mecânicas e frustrantes.

Para o workaholic, o trabalho é exatamente como uma droga. “Ele não sente mais satisfação, só tenta saciar uma necessidade patológica de vencer sempre e jamais ser visto como incompetente pelos demais”, afirma Rangel.

O resultado desse comportamento costuma ser devastador: isolamento social, degradação das relações afetivas, queda de desempenho e abalo da saúde física e mental.

Mas o que pode transformar um profissional saudável em um workaholic? Para Caldeira, são muitos os motivos que podem levar ao desequilíbrio.

O principal diz respeito à própria personalidade e outros aspectos psicológicos do indivíduo. “Muito depende do grau de autoconhecimento e maturidade de cada um, isto é, na capacidade de entender se a sua forma de trabalhar é construtiva ou destrutiva para ele mesmo”, diz o autor.

Também não se pode negar o impacto de fatores externos. A tecnologia, por exemplo, ajuda a criar, manter e aprofundar o vício. Munido de smartphone, tablet e computador, o workaholic tem a chance de se relacionar continuamente com o trabalho – a qualquer hora e em qualquer lugar.

Outro fator que estimula o excesso é a própria situação econômica do país, diz Caldeira. Em tempos de crise e demissões em massa, o medo de perder o emprego faz com que muitos profissionais se sintam frágeis, inseguros e, no limite, dependentes do trabalho.

Em entrevista exclusiva a EXAME.com, o professor espanhol José Ramón Pin, da IESE Business School, diz que deixar-se contaminar pela melancolia coletiva e pelo pânico da demissão não salvará ninguém da crise no Brasil. Muito pelo contrário.

O clima de incerteza e pessimismo nas empresas propicia diversos comportamentos tóxicos – da obsessão pelo trabalho à apatia completa. O momento exige atenção máxima. “É preciso tomar cuidado para que a fase difícil vivida pelo país não destrua a sua relação com o trabalho”, afirma Caldeira.

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