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24 de fevereiro de 2019 - 14:00

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‘Meu botão mental ‘pense no trabalho’ estava permanentemente ligado, e eu não conseguia achar o botão de desligar’

Por: Rachel O’Meara

No final do ano, eu me dei conta de que algo estava errado no trabalho. Eu era gerente de serviço ao cliente no Google, e estava me sentindo péssima. Meu botão mental “pense no trabalho” estava permanentemente ligado, e eu não conseguia achar o botão de desligar. O tempo todo ficava pensando nas mensagens que tinha de mandar pelo e-mail ou pelo laptop ou concentrada no telefone, consultando minha lista de tarefas. Se saía com os amigos, enquanto todos estavam conversando, eu ficava perdida no meu mundo, sem prestar atenção no que acontecia ao redor.

Embora me sentisse esgotada, achava que estava fazendo um bom trabalho. Minha gerente, entretanto, não era da mesma opinião e tentava me dar um feedback construtivo. Mas meu ego não permitia que eu ouvisse o que ela falava.

Por fim, um dia ela me chamou e disse: “Você não está apta para este trabalho. Deveria pensar o que fazer daqui em diante”.

Isto não me levou a sair da companhia. Felizmente, o Google é uma das poucas que oferecem licenças sem remuneração, uma pausa, como a chamam, não relacionada à família ou a problemas de saúde. Depois da cuidadosa avaliação da gerente, redigi uma carta para a companhia na qual solicitava uma licença de três meses.

A licença permitiu-me reavaliar o que eu tinha realizado até então e medir minhas forças e meus objetivos. Voltei ao Google três meses mais tarde com um novo emprego e uma nova perspectiva.

Afastar-se por algum tempo do trabalho é uma das maneiras de parar um pouco, mas também uma oportunidade para modificar a própria maneira de pensar. Eu defino uma pausa como uma mudança intencional do comportamento.

Minha experiência em matéria de licenças me permitiu perceber como podem ser positivas tanto para empregadores quanto para empregados. Atualmente, uma licença paternidade (maternidade) é uma das poucas ocasiões em que um trabalhador pode prolongar sua ausência do trabalho. Por que somente os pais têm esta oportunidade?

Eu não tenho filhos, mas acho que as licenças deveriam ser acessíveis a pais e a não pais, para que possam analisar seus objetivos em relação à própria carreira. O mundo acadêmico assim como algumas corporações – abraçou o conceito de ano sabático; espero que outras companhias reconheçam sua importância para ajudar os seus funcionários a se aprimorarem.

Durante minha licença, tirei umas férias breves, mas não fiz muitas coisas – pelo menos como tratar de grandes projetos externos. Em primeiro lugar, criei umas regras para ter uma certa organização. Livre das amarras do mundo corporativo, seria muito fácil descambar para a falta de perspectiva.

Então assumi comigo mesma o compromisso de tomar banho todos os dias, arrumar a cama e sair de casa às 10 da manhã. Também me impus passar uma hora por dia fora de casa fazendo algo de que eu gosto, como ioga ou caminhadas. E me comprometi a não gastar mais de 30 minutos de cada vez diante do computador. Com estas medidas simples consegui desanuviar a cabeça e me sentir mais segura quanto à minha verdadeira identidade. Assim, cheguei a um nível de introspecção que não teria como alcançar enquanto lidava com as urgências diárias no escritório.

Segundo uma pesquisa realizada pela organização sem fins lucrativos Families and Work Institute no ano passado, mais de 50% dos trabalhadores americanos “acham que estão trabalhando em excesso ou se sentem assoberbados pelo menos por parte do tempo”, e, “70% afirmam que frequentemente sonham ter um trabalho diferente”. Estou convencida de que dar aos funcionários a oportunidade de fazer uma pausa reduziria consideravelmente estes números.

As pessoas que se concedem um ano sabático não só experimentam um declínio do stress durante a licença, como também acham que seu stress diminui depois de retornarem ao trabalho (em comparação a antes da pausa), segundo pesquisa citada pela revista Fortune.

Considerando os benefícios proporcionados por uma licença não remunerada, por que outras companhias não costumam oferecê-las? Eu acho que é porque, além do transtorno que isto pode acarretar, as companhias temem ainda perder seus funcionários permanentemente. Na realidade, as licenças sem remuneração são uma maneira de atrair e preservar os talentos. As companhias que oferecem esta ambicionada regalia estão mais satisfeitas, e os funcionários estão mais satisfeitos sabendo que o patrão confia no seu retorno; o que gera uma maior lealdade em relação à empresa, maior boa vontade, engajamento, e ainda reduzir a rotatividade.

Depois de uma licença, alguns desistirão inevitavelmente de voltar ao trabalho. O que talvez não seja tão ruim, e até mesmo se revele uma excelente oportunidade de ir atrás de uma nova experiência, que, de outra maneira, não seria viável.

As licenças proporcionam aos funcionários uma sensação renovada de propósito e de sintonia com os objetivos da empresa.

Explorar novos interesses ou paixões antigas, tomar aulas ou passar o tempo com a família, coisa que tampouco costuma acontecer, acabam gerando grandes benefícios. Os funcionários têm a possibilidade de refletir sobre o que é importante na vida e agir de maneira a ajustarem seu comportamento. Eles se sentem renovados e rejuvenescidos – sentimento que, ao regressar, provavelmente terá efeitos positivos no emprego e nos companheiros de trabalho.

Uma nova liderança e oportunidades de crescimento acabam sendo uma decorrência destas pausas. Funcionários mais novos ou menos experientes podem preencher interinamente seus papéis e aprender novas competências. Isto favorece a formação de uma equipe totalmente empenhada, e posteriormente uma maior flexibilidade e adaptabilidade em toda a equipe ou em toda a empresa.

Ao retornar ao trabalho após uma licença, você pode incorporar pequenas pausas em sua rotina diária de trabalho, por exemplo, saindo com os colegas e fazendo caminhadas. Acredito que os trabalhadores se beneficiariam se pudessem reservar um tempo no seu dia para “uma pausa dos aparelhos digitais” – durante a qual se desconectariam de toda a tecnologia. No mundo de hoje em que é preciso estar constantemente conectado, é muito fácil deixar-se apanhar no ciclo ininterrupto de tarefas sem fim. Seja de alguns minutos ou de um ano, uma pausa é uma chance de dar um passo atrás antes de caminhar novamente para frente.

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