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12 de agosto de 2019 - 17:00

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Imediatamente após o nascimento, a disparidade salarial do casal dobra, de acordo com um estudo recente, causada inteiramente pela queda no salário da mãe

Por: Claire Cain Miller

Hoje é bem provável que os casais nos Estados Unidos tenham históricos educacionais e profissionais semelhantes, ou seja, mesmo que o marido ainda ganhe mais que a esposa, os cônjuges têm rendimentos cada vez mais semelhantes. Isso só muda com a chegada do primeiro filho.

Imediatamente após o nascimento, a disparidade salarial do casal dobra, de acordo com um estudo recente, causada inteiramente pela queda no salário da mãe. O do pai continua subindo. O mesmo padrão aparece em várias pesquisas.

Mas outra análise atual revelou algo novo: quando as mulheres têm o primeiro filho entre 25 e 35 anos, seu salário nunca se recupera em relação ao do marido. No entanto, se tiverem o primeiro bebê antes dos 25 ou após os 35 – antes de começaram suas carreiras ou quando estas já estão estabelecidas –, conseguem acabar com essa disparidade.

Acontece que o período entre os 25 e os 35, além de ser a principal época da construção de carreira, também é quando a maioria das mulheres tem filhos.

O estudo, publicado pelo Census Bureau em novembro, é um dos vários trabalhos recentes que mostram que os filhos são responsáveis por grande parte das diferenças salariais. Essa lacuna vem diminuindo significativamente durante as últimas quatro décadas, conforme as mulheres se dedicam mais à sua formação e entram em profissões dominadas por homens, mas continua a existir.

Aquelas que engravidam mais tarde tipicamente têm carreiras diferentes das que os tiveram mais cedo. As que deram à luz mais perto dos 40 anos tendem a ter uma formação melhor e empregos com maiores salários, enquanto que as que se tornaram mães aos 20 e poucos anos têm menos estudos e uma remuneração inferior.

Entre os baixos salários, a diferença é menor em geral e, para quem teve filho com quase 40 anos, ela poderia ser ainda mais reduzida, porque há maior probabilidade de não mais engravidar. Mas o fato de que ambos os grupos recuperam seus ganhos em relação aos dos maridos sugere que também haja algo relacionado ao início da família fora dos principais anos de construção de carreira, o que prejudica menos o salário das mulheres, não importando sua ocupação.

Uma explicação é que a economia moderna exige tempo no escritório e um horário rígido e longo em vários postos de trabalho; as diferenças são menores quando os trabalhadores têm algum controle sobre quando e onde o trabalho é feito. Em cargos altos, trabalha-se cada vez mais horas e é preciso estar disponível quase que integralmente. Em empregos de salário mais baixo, os horários se tornaram menos previsíveis, por isso é difícil para os pais organizar os cuidados com a criança.

A questão, em geral, se resume a tempo. Os filhos exigem muito, principalmente nos anos anteriores à pré-escola, e as mães se dedicam desproporcionalmente mais aos cuidados com eles do que os pais. Isso parece ser especialmente problemático para aquelas que estão construindo uma carreira, pois têm que trabalhar duro e provar mais seu valor, mas muito menos para as já estabelecidas ou as que ainda não iniciaram seu caminho profissional.

Há uma maior probabilidade de que elas reduzam suas horas de trabalho, tirem dias livres, recusem uma promoção ou larguem o emprego para cuidar da família. Mesmo quando ambos os pais trabalham em período integral, as mulheres gastam quase o dobro do tempo no trabalho doméstico e nos cuidados dos filhos. E quando trabalham menos horas, são pagas desproporcionalmente, além de ter uma chance menor de conseguir aumentos ou promoções.

“Isso mostra que o nascimento de uma criança é quando as disparidades de rendimentos realmente crescem”, disse Danielle H. Sandler, economista do Census Bureau e autora do trabalho.

O estudo constatou que, em geral, as mulheres ganham US$12.600/ano menos do que os homens antes de as crianças nascerem e US$25.100/ano a menos depois. Ele analisou ganhos de casais de sexos opostos que tiveram o primeiro filho entre 1978 e 2011, usando registros de ganhos da Segurança Social e dados de renda e participação do Censo. Incluiu mulheres que já trabalhavam dois anos antes do nascimento do primeiro filho, não importando o quanto suas horas tenham mudado depois.

As disparidades salariais aumentam com cada criança adicional, e não começam a diminuir até que os filhos estejam com cerca de 10 anos. A maioria das mulheres nunca vê seu salário alcançar o do marido.

Uma surpresa da pesquisa é que os resultados foram semelhantes nos Estados Unidos e na Escandinávia, que notoriamente incentiva as famílias. Os dois têm economias e políticas familiares muito diferentes, mas em ambos os lugares, o salário das mulheres cai depois que têm filhos. As nações escandinavas têm uma generosa licença parental remunerada como parte da política federal, enquanto que o governo dos EUA não oferece nenhuma.

Pode ser porque os dois tipos de políticas – a licença não remunerada e a remunerada e longa – fazem as mulheres pararem de trabalhar. Os economistas descobriram que uma duração moderada, de apenas alguns meses, é o ideal para que a mulher continue no mercado de trabalho.

“Parece que pode haver um meio termo, onde a licença fosse suficiente para não ser preciso deixar o emprego, mas não tanto longa, que acabe gerando um incentivo para se afastar da força de trabalho por muito tempo”, disse Sandler.

A pesquisa mostrou outras políticas que podem ajudar: programas de auxílio na reintrodução das mulheres no mercado de trabalho, flexibilidade de local e horário, creches subvencionadas. Estudos também mostram que pode ser uma boa ajuda se o pai tira férias depois que as crianças nascem, para passar mais tempo cuidando delas.

As diferenças salariais conjugais foram maiores para aqueles quem tiveram filhos nos anos 80; na década seguinte, a lacuna aparentemente encolheu. As mães que tiveram seu primeiro filho nessa época ainda recebiam menos que os maridos, mas a diferença começou a diminuir quando as crianças estavam com cerca de cinco anos, e acabou quando tinham 14.

Porém, na década de 2000, o padrão se reverteu. A disparidade salarial conjugal ainda é grande quando as crianças chegam ao ensino médio, e as mulheres não parecem conseguir recuperar seus ganhos em relação aos do marido. O motivo disso não está claro.

Pode ser porque a economia estivesse mais forte na década de 1990, ou porque a participação da força de trabalho feminina tenha se estabilizado nos últimos anos, ou porque as mulheres estão tendo filhos um pouco mais tarde, no auge de suas carreiras.

A diferença salarial é menor entre os trabalhadores com rendimentos mais baixos e menor escolaridade, mas o estudo descobriu que, quando os filhos estavam com 12 anos, as mulheres menos educadas tinham uma desvantagem salarial similar à das mais educadas, talvez porque as mulheres de baixa renda tenham maior propensão a parar de trabalhar depois de ter filhos.

Aquelas que ganham mais, por outro lado, experimentam a maior diferença no início da vida dos filhos, porque têm mais renda para perder.

“Uma mulher que para de trabalhar por algum tempo, ou que trabalha menos, ou que muda para uma empresa menor, vai perder uma renda mais alta, que o marido parece estar recebendo porque ele não tira férias nem muda de carreira”, disse Claudia Goldin, economista de Harvard cuja pesquisa mostrou o mesmo padrão.

O grupo de mulheres que teve o maior diferencial após a maternidade em relação ao cônjuge foi, paradoxalmente, o das que ganhavam mais que o marido antes de ter filhos.

Isso é o oposto do que os economistas previam em termos de divisão do trabalho doméstico entre o casal com base na tomada de decisões financeiras racionais, mas se encaixa na pesquisa anterior, mostrando como nossos papéis de gênero em casa são arraigados, mesmo que as mulheres tenham uma representação maior na economia.

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