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O que podemos ou não compartilhar com nossos chefes?

por: Angelica Balthasar
em: Gestão
fonte: Você SA
10 de setembro de 2012 - 0:05 - atualizado às 17:55

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Quando situações como morte na família, endividamento e separação podem ser divididas com seu superior

Por: Andrea Giardino

Há dois anos, Daniela Bertuco de Souza, de 34 anos, coordenadora de treinamento da multinacional de tecnologia SAS Institute, com escritório em São Paulo, enfrentou uma das piores fases de sua vida. Apesar do bom momento na carreira, o lado pessoal passava por turbulências. Com a separação do marido, mal conseguia se concentrar no trabalho. “Tinha vontade de chorar a todo instante”, lembra.

Daniela sabia que a falta de foco era inevitável e uma hora ou outra a situação atrapalharia seu desempenho profi ssional. Foi, então, que resolveu abrir o jogo com o chefe. “Havia abertura e preferi que ele fi casse ciente antes de algo acontecer lá na frente”, diz. Em paralelo, pediu ajuda ao programa que a empresa oferece de apoio ao funcionário. Ela pôde contar com um psicólogo, com um assessor jurídico, para resolver aspectos legais do divórcio, e com um consultor fi nanceiro, que a ensinou a reorganizar seu orçamento familiar. “Tudo isso foi importante porque precisava aprender a lidar com a perda e evitar maiores problemas de dinheiro, já que minha situação se complicou com a venda do apartamento”, diz.

É inegável que problemas pessoais afetam o dia a dia no trabalho. Seja por causa de uma separação, por morte na família, seja por causa das dívidas que se acumulam, sobretudo no início do ano, quando os gastos triplicam com IPVA, IPTU e a matrícula da escola dos fi lhos. A cabeça fi ca longe, a produtividade cai e o desempenho profi ssional é afetado. Muitas empresas, a exemplo de Johnson & Johnson, SAS, Bradesco, Nextel e Henkel, criaram programas de apoio aos funcionários para ajudar aqueles que passam por situações difíceis. Dados da consultoria Towers Watson mostram que essa é uma prática que vem se fi rmando nos últimos anos.

De 168 companhias ouvidas no país, 27% têm programas como esse. A ideia é preservar a identidade de quem não se sente confortável em falar com o chefe e evitar a perda de produtividade no trabalho, claro.

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Avalie a situação
O que fazer se não existe uma política defi nida que permita contar os problemas pessoais? Será que vale a pena levá-los para a mesa do chefe?

Na opinião do headhunter Marcelo Cuellar, da Michael Page do Rio de Janeiro, o primeiro passo é descobrir qual o perfi l do chefe, se há espaço para contar, ou não. Vale a pena fazer uma rápida avaliação de como seu chefe trata esse tipo de assunto. Teve sinal verde? A recomendação é ser o mais transparente e franco possível na conversa. Abrir uma questão pessoal ao superior pode expor uma fragilidade sua. Por outro lado, mostra que você tem maturidade para entender que o problema acaba, eventualmente, atrapalhando seu trabalho ou até a relação com seus pares e com o próprio chefe.

Proponha uma solução na hora de falar com o gestor, como pedir para sair mais cedo com a promessa de resolver o que precisa. Uma alternativa é apontar as consequências no caso de um descuido. Qualquer desatenção de quem lida com a contabilidade da companhia, por exemplo, acarretará perdas irrecuperáveis. “Mostrar-se preocupado com prejuízos antes do estrago é atitude de profi ssionais responsável”, diz o coach Silvio Celestino.

E se o chefe não der espaço? “Aí, a melhor saída é procurar a área de recursos humanos para fazer o meio de campo”, diz Ednalva Costa, diretora de RH da SAS. Acostumada a receber funcionários com problemas em sua sala, ela acredita que em alguns casos é arriscado ir direto falar com o chefe. “A forma como abordar seu superior pode dar a impressão de estar transferindo o problema”, ressalta.

Sinal vermelho
Mesmo quando houver liberdade para falar com o chefe, alguns cuidados devem ser tomados. “Jamais entre em detalhes sobre o que está acontecendo”, diz José Eduardo Vaz Guimarães, vice-presidente da Icatu Seguros. O executivo lembra de uma situação constrangedora que viveu há 20 anos. Um funcionário disse a queima-roupa que estava com aids, numa época em que ninguém sabia direito como lidar com a situação.

“Conduzi com naturalidade a questão, mas confesso que levei um susto por ter recebido a notícia na lata”, conta. Expor demais a situação pode provocar uma reação adversa. Mostrar que as dívidas foram contraídas por falta controle acaba dando a impressão de que o profi ssional é desorganizado.

“O chefe vai questionar se essa irresponsabilidade também não se refl ete no trabalho”, diz Silvio Celestino. Brigou com o namorado? Evite pedir para sair mais cedo ou não justifi que suas faltas porque está sem cabeça para administrar a situação. “Vai parecer que a pessoa não possui maturidade para lidar com pequenos problemas cotidianos”, diz o coach.

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Comentários (2)
  1. O que acontece ainda hoje em muitas empresas é que, apesar dos programas de apoio, eles são gerenciados por elas (empresas). É inevitável que a área de RH, de posse do conhecimento das informações, deixe de associá-las e usá-las como justificativa para qualquer “deslize”, tendo sempre na mira os postadores de “dificuldades conhecidas”. Infelizmente, culturalmente ainda não estamos preparados para lidar com estas questões na prática. A teoria é mais humana. Neste sentido, a sugestão é sim, procurar ajuda. Mas se for possível procurá-la fora do ambiente de trabalho, tanto melhor. O importante é não deixar que sua vida pessoal vire o foco de comentários na organização. Assim, resguarde-se. Amigos, amigos. Negócios à parte. Ainda é assim que funciona. Grande abraço.

    Jessica Gomes em 24 de outubro de 2012 - 13:35
    • Fato.

      Andreia Telles em 05 de agosto de 2013 - 02:09

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