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10 de abril de 2024 - 17:01

Por-que-beyonce-se-tornou-simbolo-do-movimento-global-da-grande-demissao-televendas-cobranca-2

O single Break My Soul, lançado em junho pela cantora americana dialoga frontalmente com a tendência de profissionais pedindo demissão em busca de mais qualidade de vida e propósito

Se você olhou os portais de notícias nos últimos tempos, pode ter notado um movimento um pouco inusitado sobre o mercado de trabalho brasileiro.

Isso porque, mesmo com as taxas de desemprego lá em cima (12%), os pedidos de demissão começaram a bater recordes no Brasil mês após mês.

Segundo dados do CAGED divulgados com base em junho, 6,1 milhões de pessoas pediram demissão nos últimos meses no Brasil – o maior número da história do levantamento.

No resto do mundo, não é diferente. Há um movimento global de pedidos de demissão que toma as empresas e que tem ganhado representantes até na cultura pop.

Em junho, por exemplo, a cantora americana Beyoncé lançou um single que dialoga frontalmente com a tendência chamada The Great Resignation (Grande demissão).

Em Break My Soul, a artista cita pontos chaves que embasam os argumentos de uma boa parte das pessoas que voluntariamente deixam seus empregos. Questões como o burnout estão no centro da canção.

“Eles fazem eu me esforçar tanto, das nove da manhã até depois das cinco da tarde, forçando meus nervos, e é por isso que eu não consigo dormir à noite”, diz a letra.

Motivações

Embora a saúde mental seja o mote da Grande Debandada ao redor do mundo, outras motivações ajudam a explicar o fenômeno – principalmente em se tratando de Brasil.

Um dos motivos, segundo o economista Bruno Imaizumi, é a retomada do mercado de trabalho. Se por um lado ainda há grande desemprego, por outro as empresas estão começando a contratar pessoas para posições que deixaram de existir durante a pandemia.

De modo geral, analisa o especialista, as pessoas têm se sentido mais seguras para pedir demissão de empregos que não as pagam como deveriam ou não as reconhecem como deveriam.

“O segundo motivo é a volta por parte de muitas empresas do trabalho presencial, que fez com que muitos trabalhadores repensassem sobre as relações de trabalho com a possibilidade do home office”, explica Bruno. “Sendo assim, as pessoas com um maior grau de instrução são as que estão se demitindo proporcionalmente mais.”

Os dados do CAGED mostram que a grande maioria das demissões acontece em cargos onde existe a possibilidade de se trabalhar remotamente. As saídas voluntárias foram mais comuns nos setores de:

Atividades Administrativas e serviços complementares;

Informação e comunicação;

Atividades profissionais, científicas e técnicas.

Recentemente, aliás, funcionários da Apple enviaram uma carta aos executivos da companhia em que se posicionam contrários à “imposição do escritório” e ao “micro-gerenciamento”. Para esses profissionais, vale mais a pena perder salário em um emprego remoto do que gastar tempo e dinheiro no transporte para estar nas empresas.

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