Depender de um retorno da liderança ou criar o próprio? Que tal brincar de “quente ou frio” para descobrir? Essas são algumas das questões levantadas por Adriano Lima, uma das principais referências na temática de recursos humanos no Brasil
Feedback é algo muito sério, isso ninguém duvida. É parte importante da liderança, ferramenta estratégica na gestão e desenvolvimento de pessoas e um caminho eficiente para colocar a cultura em dia e alinhar os objetivos da empresa com os do colaborador.
Falando assim, é de se imaginar que seja a atividade mais comum que existe em uma organização. A mais praticada e valorizada. A mais desenvolvida no dia a dia. A mais tantas outras coisas que demonstrem que o feedback dá retorno, com o perdão desse “trocadilho”, e que todos sabem como dá-lo (o retorno, digo, no sentido de feedback).
Saber dar ou saber pedir? Depender mais de quem emite ou buscar mais o próprio feedback, uma vez que nem todos sabem como passá-lo adiante? Uma boa reflexão, não? Mas antes de ouvir o seu feedback, sigamos…
Provavelmente você, que me lê, sabe que não é assim, ser o feedback a coisa mais natural do mundo corporativo. Talvez tenha tido até experiências assim já no processo de seleção. Quantos candidatos ficam pelo caminho, sem um obrigado sequer ou sem um e-mail um pouco mais além dos textos frios de praxe? A experiência do candidato trinca e a marca empregadora vai perdendo a pintura…
Como abordar o tema feedback
Falar de feedback é tão sério que vale a pena falar de brincadeira. Quer dizer, lembrar uma brincadeira muito comum tempos atrás – e coloca tempo nisso! É o jogo do “quente e frio”: seja um desafio no qual alguém tem de adivinhar uma palavra ou encontrar um objeto.
É mais ou menos assim, para ilustrar: imagine que o talento ideal de uma empresa que busca diversidade está escondido. A empresa em questão vai buscar esse candidato em locais em que ele não estará. Alguém fala: “está ficando frio!”. Ela sai em busca de organizações que trabalham com negros ou pessoas trans, por exemplo. “Está ficando quente!”.
Colocando a pessoa no jogo: há uma meta a ser batida na companhia. O colaborador faz de tudo, mas vai no caminho do ganhar acima de tudo e de todos. O líder fala: “está ficando frio!”. (Na verdade, de tão frio que fica, se manter esse comportamento o funcionário pode até se queimar). Quando a pessoa faz algo alinhado à cultura e valores nessa busca, ouve “Tá ficando quente!”.
Sim, é uma brincadeira de feedback que nada mais nada menos nos ajuda a chegar a um lugar, encontrar um objetivo ou conquistar um prêmio. Pena que nas empresas, esse caráter lúdico tenha se perdido. Mas, espera, empresa é lugar de brincadeira?
Se pensarmos em praticar bem o feedback, sim. Mas ainda não é.
Qual é a sensação dos colaboradores sobre feedback
Lembro de uma pesquisa da FIA Employee Experience do final de 2020 que ouviu profissionais de mais de 300 empresas no Brasil. Um dos dados que mais chamou minha atenção era a de que 20% dos colaboradores tinham a sensação de não receber feedback suficiente.
Agora, quando a maioria buscava esse retorno por parte da liderança, a sensação era de que eram bem atendidos. Então, quer dizer que o feedback é um conhecimento natural da liderança, que fica adormecido em sua alma e coração e que só desperta com a solicitação de alguém?
Não sei se é algo inerente a todo mundo, mas vi muitos líderes e gestores trocarem os pés pelas mãos na hora de dar feedback. Para mim, esse é um dos momentos mais sublimes de um líder e da gestão de pessoas: é a oportunidade que se abre para o desenvolvimento dos envolvidos. Quem recebe aprende, quem dá idem.
Algumas questões importantes sobre o tema:
Mas será que temos de depender dos feedbacks tanto assim?
Não podemos, cada um de nós, dar o nosso próprio feedback?
Será que na brincadeira do quente ou frio não teríamos como sentir a “temperatura” ou o clima mesmo?
O equilíbrio entre receber e pedir seria o ideal?
Das conversas com amigos, percebo que é preciso sim receber um bom feedback. Da mesma forma que temos de nos conhecer suficientemente bem para lidar com ele. Por exemplo: como vou assimilar o que não é dito no feedback, mas demonstrado?
Por que vale a pena prestar atenção ao tema
Como ele vai se encaixar em mim, como vou separar o joio do trigo? Sim, há muito feedback com mais joio do que trigo: são as crenças e idiossincrasias de quem os emite, que acabam poluindo a mensagem.
Particularmente, procuro não depender dos feedbacks de terceiros. Isso não significa não dar ouvidos ou ignorá-los. Quer dizer tê-los não como uma verdade definitiva a nosso (ou meu) respeito, mas uma base sobre a qual vamos nos lapidando. E esse trabalho de artista é só nosso, com nossos cinzéis, com nossa criatividade e ideia do que buscamos para nós. Sim, e para a empresa.
Aliás, um levantamento da empresa de soluções para clima organizacional, engajamento e performance Pulses mostra que os profissionais que se sentem satisfeitos com a frequência e a qualidade do reconhecimento tendem a ser 2,4 vezes mais engajados. E do engajamento temos mais produtividade e, dela, um belo legado.
Antes de pedir um feedback, faça um teste. Imagine estar na brincadeira do “quente e frio” e busque se orientarem relação à carreira, à saúde, à própria vida. Porque feedback vale para tudo, desde que encontre o solo fértil para se desenvolver.
Qual o feedback que você daria para você mesmo? Teste essa “brincadeira” e me diga como foi!
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