Por: Marco Tulio Zanini

Desenvolvi minha carreira no mercado financeiro, em um banco comercial, onde estou há oito anos. Comecei como estagiário e passei por diversos cargos até me tornar gerente de mercado de ações. Minha formação é técnico em gestão empresarial, graduado em administração e com MBA em gestão financeira. Confesso que fiquei frustrado após a conclusão do MBA, pois não aplicava todo o meu potencial e conhecimentos no cargo. Hoje, opero na Bolsa de Valores e faço consultoria de investimentos, mas não sinto prazer nessas atividades. Penso em fazer uma pós em gestão de pessoas, pois acredito que as instituições financeiras ainda são muito deficitárias nesse campo. Além disso, quero sair da área comercial para cuidar de pessoas, pensando em contribuir para o bem estar no ambiente de trabalho. Qual seria o melhor caminho para realizar essa mudança na minha carreira?

Gerente, 31 anos

Resposta:

É comum que em algum momento se queira fazer mudanças na vida profissional. Não somos formatados pelas faculdades para trabalhar somente em uma área ou profissão. Somos livres para escolher e mudar. Com o tempo, muitos optam pela mudança, na busca contínua pela sua vocação e pelo desvelamento do seu dom. Isso é sinal de maturidade e crescimento pessoal. Abandonamos aquilo que nos guiou até aqui, e enfrentamos a incerteza apostando em um chamado interior.

Parece-me que você vive esse momento de transição. Isso é positivo, pois ainda há muito tempo para que você possa reescrever sua trajetória profissional. Desperdiçam o próprio talento e energia aqueles que vivem presos a suas tristezas e frustrações no ambiente de trabalho, e não enxergam que são os únicos sujeitos da mudança do seu destino. Não é o contexto que deve mudar. A mudança para um novo momento vem de cada um.

Esse é um dilema comum em nossa cultura – a espera de um novo contexto que traga a esperança de uma vida melhor. De certa forma, a cultura brasileira induz os indivíduos a apostar a sua sorte e o seu destino no contexto. Esperamos que o governo ou a empresa resolva os nossos problemas pessoais. Achamos que alguém deve nos salvar da condição em que vivemos e não nos sentimos os responsáveis pela solução dos problemas que nos cercam.

Culturas mais individualistas, como a americana, apostam no indivíduo como o único sujeito da mudança e atribuem a ele a responsabilidade pelo seu próprio destino. O futuro só vai trazer aquilo que semeamos.

Algumas empresas brasileiras criaram antídotos contra essa tendência à complacência com o contexto. Exemplos que merecem citação são a Tecnologia Empresarial Odebrecht, que traz em sua filosofia a intenção de formar líderes empreendedores, apostando na confiança como base para a autonomia do indivíduo; a cultura organizacional do Hospital Albert Einstein, que forma em seu corpo de colaboradores – dos níveis operacionais aos mais especializados – a consciência de sua responsabilidade individual na exímia execução para a proteção da vida; e a WEG, que consegue atribuir responsabilidade e autonomia aos indivíduos em seu processo decisório por toda a empresa.

São excelentes exemplos de como modelos de gestão empresarial podem atuar sobre os passivos da nossa cultura nacional e trabalhar os seus ativos da melhor forma.

Sua decisão de migrar da área de finanças para a área de recursos humanos vai demandar preparação e novas interações com outros públicos. Você deve preparar o seu caminho, e a melhor forma é estudar. Para tanto, indico um curso em que possa se aprofundar mais -um mestrado profissional, por exemplo – e, ao mesmo tempo, aconselho-o a participar de fóruns e seminários de RH. Estudar a abrangência da competência profissional da área, seus sistemas e subsistemas e, simultaneamente, interagir com aqueles profissionais que possuem estrada e que vão lhe apresentar os principais desafios dessa carreira. Vá em frente e faça o seu destino acontecer!

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