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Saiba usar a voz para ser mais carismático

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: The Wall Street Journal
30 de março de 2016 - 18:02

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Por: Robert Lee Hotz

Ao pesquisar a voz humana, os cientistas estão descobrindo o poder da palavra falada e os segredos do carisma.

Ao analisar a harmonia entre tom, frequência e timbre, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), estão descobrindo como os oradores públicos carismáticos usam a voz para dominar, inflamar e influenciar uma grande plateia. Eles estão descobrindo que políticos de sucesso em vários países, como Itália, França e Brasil, compartilham qualidades vocais essenciais que provocam uma resposta intensa dos ouvintes, independente do significado das palavras ou das ideias que expressam.

Em outra análise de importantes líderes empresariais, os pesquisadores também descobriram padrões carismáticos nos discursos públicos dos diretores-presidentes da Apple Inc., AAPL -0.23% Tim Cook, e do falecido Steve Jobs.

Para especialistas em oratória, a voz é um instrumento com raro poder de persuasão, ajustado pela evolução e cultura para comunicar bem mais do que as palavras sozinhas transmitem. Algumas pessoas já nascem com qualidades carismáticas que dominam ou inspiram confiança, mas pesquisadores da voz estão convencidos de que pelo menos alguns desses elementos acústicos podem ser ensinados.

“Você tem a capacidade de modelar sua voz de um jeito que faz com que as pessoas vejam você como líder”, diz Rosario Signorello, cientista de acústica da UCLA, que conduziu experimentos sobre carisma. Ele apresentou seu trabalho recentemente no encontro anual da Sociedade de Acústica da América, em Indianápolis.

Claro que liderança em qualquer área vai muito além do som. Nem todo empresário de sucesso, por exemplo, mostra padrões carismáticos em discursos públicos, segundo a análise dos pesquisadores.

Na política e nos negócios, falar em público é especialmente influenciador. Eleitores, por exemplo, tendem a favorecer candidatos políticos com voz profunda, indicam vários estudos. Diretores-presidentes com voz mais grave normalmente administram empresas maiores, fazem mais dinheiro e permanecem mais tempo no cargo do que seus colegas com voz mais aguda, revelaram estudos da Faculdade de Administração Fuqua, da Universidade Duke.

“Deve haver sinais característicos em cada voz”, diz William Mayew, professor de contabilidade da Universidade Duke, que estuda como o tom de voz pode afetar a perspectiva de emprego, a administração de empresas e a confiança na divulgação de relatórios financeiros. “Você não obtém apenas emoção, mas também informações sobre o tipo de pessoa com quem está lidando.”

Esses sinais não verbais podem ocasionalmente revelar mais do que deveriam. Ao analisar amostras do discurso de diretores-presidentes gravadas durante a apresentação de resultados financeiros à analistas de investimento, Mayew identificou pistas vocais involuntárias que sinalizam a probabilidade de informações imprecisas.

 

A nova pesquisa sobre carisma quer entender a relação entre acústica vocal e psicologia da percepção. “Nossa voz transfere nossa essência para os outros”, diz Bruce Gerratt, fisiologista de oratória do Laboratório de Percepção Vocal da UCLA. “Parte é intencional, parte é inconsciente e parte é biológica.”

Normalmente, os pesquisadores acreditam que a voz transmite indicações de status social e poder, mas tentativas de documentar o perfil acústico de tais efeitos são controversos. Mudanças sutis na interação biomecânica entre garganta, língua, cordas vocais e laringe, provocadas por doenças, envelhecimento, ataques ou ferimentos, podem alterar a voz de forma sutil o que, por sua vez, pode mudar a resposta do ouvinte. Mas os pesquisadores ainda não conseguiram vincular causa e efeito.

Signorello analisou gravações de discursos de líderes como François Hollande, atual presidente da França, e Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil. Ele também estudou os discursos de dois políticos italianos, Umberto Bossi e Luigi de Magistris, e do ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Normalmente, alguém falando com voz grave é percebido como grande e dominante enquanto alguém falando com voz aguda é percebido como pequeno e submisso. Ao falar com multidões, os líderes políticos normalmente levam suas vozes ao extremo, com uma ampla escala de variação de frequência, diz Signorello.

“Nas três línguas, eu vejo um padrão similar”, diz ele. “Minha pesquisa mostra que os líderes carismáticos de qualquer tipo em qualquer cultura tendem a expandir a voz para os limites de grave e agudo durante um discurso público, o que é o mais importante e arriscado contexto de comunicação para liderança”, diz ele.

Esses líderes adotam um tom totalmente diferente quando falam com outros líderes ou quando o assunto não é político. Em um experimento, ele descobriu que poderia mudar a forma de as pessoas verem o presidente Hollande, da França, ao alterar artificialmente o tom de sua voz para tons graves ou agudos.

Aspirantes a executivos deveriam anotar o que Signorello diz. “A voz é uma ferramenta que pode ser treinada”, diz ele. “Cantores e atores treinam suas vozes para alcançar frequências elevadas ou mais baixas. Um líder deveria fazer o mesmo.”

Até o momento, ele apenas testou vozes masculinas. Dado as diferenças de gênero na laringe e nas cordas vocais, as características do carisma que ele identificou podem não se aplicar à forma que as mulheres se expressam. Ele começou a coletar amostras de discurso de líderes femininas para analisar.

“Talvez exista uma voz carismática apenas para mulheres”, diz Signorello. Mas ele alerta que reduzir o tom da voz deliberadamente para se parecer com o som de uma voz masculina de sucesso pode levar a um resultado oposto. Mayew, da Universidade Duke, descobriu que mulheres jovens que adotaram um tom de voz distintivo, grave e gutural foram consideradas menos competentes, menos educadas, menos confiáveis, menos atraentes e menos contratáveis.

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