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Vida de gerente: trabalho demais e nenhuma inspiração

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
29 de março de 2016 - 18:00

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Por: Lucy Kellaway

Recentemente, milhares de trabalhadores dos Estados Unidos foram perguntados se gostavam da ideia de serem promovidos a gerentes. Você pode pensar que a maioria disse sim. Afinal de contas, os Estados Unidos são conhecidos como a terra das oportunidades e a vida corporativa é fundamentada sobre o princípio de que é melhor estar em um degrau mais alto da pirâmide do que em um degrau mais baixo.

Acontece que uma boa parte dos trabalhadores disse não. Apenas um terço dos que foram consultados pela CareerBulider afirmaram que gostariam de ter um cargo de chefia. Dois terços disseram “não, muito obrigado; prefiro ficar onde estou”.

Os números mostraram algumas variações previsíveis e desencorajadoras. Por exemplo, 40% dos homens queriam ser promovidos, em comparação a apenas 29% das mulheres. De uma maneira menos previsível, gays e lésbicas acabaram se mostrando mais ambiciosos que a maioria, com 44% dos trabalhadores LGBT querendo assumir papéis de líderes. Não tenho a menor ideia do que isso prova, exceto talvez que após ter algum sucesso no combate à homofobia, eles se mostram mais otimistas.

Então, por que a maioria das pessoas não quer ser chefe? Mais da metade delas explicou que gosta do trabalho que tem e desse modo não enxerga razão para mudar. Isso me parece um excelente motivo. Como a pirâmide é mais ampla na base, é bom que muitas pessoas se contentem em seguir em frente. É uma pena que estamos tão presos à ideia do progresso, que damos pouco valor às pessoas que preferem passar a vida assim.

Para cerca de um terço dos participantes, o acúmulo de trabalho e o aumento das responsabilidades são os fatores de desmotivação – o que considero bastante justo.

Uma parcela menor disse não querer promoção por não se achar qualificada. Essa foi a única razão ruim apresentada – é uma pena e um desperdício. Há muitas coisas que impedem as pessoas de se tornarem grandes gestoras, mas a falta de qualificações formais dificilmente é uma delas.

Implícito em tudo isso está uma verdade sobre a qual as empresas tentam não se manifestar. Ser um chefe de escalão intermediário é o emprego mais ingrato já inventado. Os trabalhadores não são idiotas – eles prestam atenção no que as pessoas acima deles estão fazendo e pensam: de jeito nenhum.

Se alguém ainda se prende à fantasia de que será bom ocupar um cargo de média gerência, um grande estudo divulgado recentemente no site da “Harvard Business Review” coloca as coisas no eixo. Ele abrangeu companhias que juntas empregam 320 mil pessoas e examinou o perfil dos 5% menos satisfeitos.

Os pesquisadores esperavam constatar que esses 16 mil trabalhadores miseráveis seriam em sua maioria os oprimidos dos escalões mais baixos, gênios excêntricos e incompreendidos, ou pessoas incompetentes que poderiam ser demitidas a qualquer momento.

Em vez disso, constataram que o perfil típico dos irremediavelmente infelizes e insatisfeitos é bem diferente. Eles são aqueles que se saem muito bem e trabalham na companhia por cinco a dez anos. Em outras palavras, eles deviam ser o sal da terra, ou pelo menos a cola que mantém a companhia unida.

Esses gestores forneceram muitos motivos para sua insatisfação: eles se sentem pouco valorizados, trabalham demais, não são ouvidos, e sentem que não são importantes para a empresa. Mas acima de tudo, eles se queixam que as pessoas acima deles não são muito capazes.

Então, o que pode ser feito? Os autores do estudo concluem sem muita convicção que trata-se de uma questão de liderança. “Todo funcionário merece um bom líder”, afirmam. Até aí, tudo bem, mas todo mundo merece muitas coisas na vida que não consegue alcançar, incluindo saúde, liberdade de expressão e três refeições por dia.

A maioria de nós não terá uma boa liderança e, mesmo que tivesse, isso não ajudaria muito aqueles que estão nos escalões intermediários. Quase todas as empresas são necessariamente disfuncionais e é na média gerência que isso se torna mais evidente.

Das pessoas que conheço e mais detestam seus empregos, todos se encontram nessa posição. É função dessas pessoas implementar decisões ruins tomadas por outros. É função dessas pessoas assumir a responsabilidade por coisas pelas quais elas não têm culpa. Elas não têm como subir, nem como descer. São mais golpeadas pelas políticas corporativas do que todos os outros. Isso não é bom.

O verdadeiro problema não está no topo. Está na base, em como você convence pessoas decentes, que trabalham duro, de que vale a pena tentar avançar na carreira. Da maneira como subir na hierarquia parece ruim, não surpreende que as pessoas que chegam vitoriosas ao topo, com frequência cheguem lá acabadas. Enquanto isso, algumas pessoas que poderiam ter se saído melhor no alto escalão permanecem na base, tendo se recusado, sabiamente, a escalar essa pirâmide.

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