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Vivemos uma era em que valorizamos o excesso de trabalho

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Galileu
14 de julho de 2019 - 12:00

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Autora do best-seller Overwhlemed:How to Work, Love and Play When No One Has Time (em tradução livre, Sobrecarregado: Como Trabalhar, Amar e se Divertir Quando Ninguém Tem Tempo – editora Farrar, Strauss and Giroux, 369 páginas e sem edição no Brasil), a jornalista norte-americana Brigid Schulte considera que vivemos em uma época em que nos sobrecarregamos para atender compromissos profissionais e pessoais, o que pode levar a um quadro de burnout.

Schulte contou à GALILEU que é necessário separarmos um tempinho para respirar e mudar nossa rotina. “Comece e termine o seu dia pensando em três coisas pelas quais você é grato. Isso vai ajudar seu cérebro a valorizar mais as situações positivas — e ele tende a memorizar mais coisas negativas mesmo, por uma questão de sobrevivência herdada dos nossos aprendizados: aprender com os erros para viver por mais tempo”, afirma. Leia abaixo a entrevista completa:

Você fala muito sobre trabalho como símbolo de status. Acredita que algum dia as pessoas perceberão como essa ideia faz mal a elas?

É interessante pensar sobre isso. Estamos vivendo em uma era em que valorizamos o excesso de trabalho. Quando alguém responde um e-mail às 11 horas da noite, ele é considerado como o melhor e mais dedicado funcionário. Mas não é. Vivemos uma época em que esperamos que os pais, principalmente as mães, façam mais e mais coisas, sem a ajuda de ninguém. Estar ocupado é como mostramos nosso status — como uma entrada para a aceitação social.

Ser humano, estar vivo, é viver em dor — crescemos, as coisas mudam, morremos, falhamos. Não temos certeza do que estamos fazendo, do que é certo, sentimos que não somos bons o suficiente. Às vezes acho que essa obsessão por estar sempre ocupado é um jeito de fugir de todos esses sentimentos de dor, dessa incerteza. Quando minha irmã morreu, eu me mantive ocupada, assim não precisaria sofrer o luto. Mas ele aparecia, uma hora ou outra. É muito melhor deixar esse sentimento entrar, com compaixão. Parar de correr e correr e correr, e encarar nossos problemas.

Nossa vida é muito curta. Então, vamos mudar? Acho que corremos da dor desde sempre. Mas finalmente temos ferramentas, com mindfulness [técnica semelhante à meditação que busca a atenção plena do praticante] e gratidão, para aprender a viver de outra forma. Eu estou otimista.

Qual é a melhor maneira de aproveitar as horas de lazer?

Filósofos gregos acreditavam que o lazer era o estado de ser — aquele lugar onde nos tornamos totalmente humanos, onde refrescamos a alma. Acho que o importante é lembrar que o lazer, assim como a beleza, está nos olhos de quem vê. Lazer é um sentimento — e só você sabe o que lhe traz diversão e o que o reenergiza. O que sugiro às pessoas é que parem por um momento e pensem: “Do que eu realmente gosto? Do que eu não gosto? O que me ajudaria a criar esses bons momentos e sentimentos?”.

As pessoas precisam parar de ouvir esse julgamento interior, sobre o que deveriam fazer ou como deveriam se sentir, e começar a ouvir a si mesmas. Lazer requer apenas duas coisas: sensação de escolha e controle. Se você pensar no que realmente gosta de fazer, sentirá que a escolha é sua e encontrará tempo para desfrutar daquele momento.

Quais outros conselhos você daria a alguém que trabalha muito e se diverte pouco? Como começar a mudar a rotina?

Comece devagar. Não espere muito; mudanças são difíceis, mas não impossíveis. Comece tirando esse tempo para parar — para ter uma ideia clara do que é importante para você. E reserve um tempo para essas coisas. Desligue o celular, feche o e-mail e esteja 100% presente naquele momento. Se for difícil se desligar do trabalho, comece a ver a pressão em torno de você: pressão para trabalhar demais, ser paizão/mãezona demais, estar ocupado. E questione se essa é realmente a forma como você precisa viver a vida.

As pessoas precisam tomar consciência do que a neurociência já deixou bem claro: exaustão e burnout não fazem você viver ou trabalhar melhor. É importante contar isso aos colegas de trabalho e ao chefe. Além disso, aceite suas imperfeições e os momentos comuns. Comece e termine o seu dia pensando em três coisas pelas quais você é grato. Isso vai ajudar seu cérebro a valorizar mais as situações positivas — e ele tende a memorizar mais coisas negativas mesmo, por uma questão de sobrevivência herdada dos nossos aprendizados: aprender com os erros para viver por mais tempo. É bom lembrar que essas mudanças, como um músculo, exigem prática. E quanto mais você treinar, melhor será seu desempenho nisso. Mas não espere perfeição. Você vai cair e falhar. Apenas se recomponha e comece de novo… do começo.

O que diferencia o cansaço “normal”, a depressão e o burnout?

Depressão é um estado clínico, trazido por uma combinação de circunstâncias da vida e substâncias químicas do cérebro. É difícil achar energia e esperança ou sentir compaixão pelos outros e por você. Síndrome da exaustão é diferente. Exaustão é ficar cansado e ir além dos limites do que é fisicamente possível. Você pode estar cansado por um momento — por não ter tido uma boa noite de sono ou por ter tido um dia cheio.

Mas isso pode ser resolvido com descanso ou férias. Pessoas exaustas vivem em um estado crônico de cansaço. O ponto é: humanos não são máquinas. Pesquisas mostram que quando estamos descansados, ficamos mais criativos. Quando estamos de bom humor, somos mais produtivos. Ironicamente, trabalhamos demais, pensando que assim renderemos mais. Mas, na verdade, se fizermos o oposto — descansar e relaxar —, isso sim vai nos tornar mais produtivos. Então, vamos descansar!

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