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Você é contratado para resolver problemas ou evitá-los?

por: Angelica Balthasar
em: Gestão
fonte: Administradores.com
23 de agosto de 2012 - 0:07 - atualizado às 0:39

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O efeito nocivo do culto de valorizar o profissional que resolve o problema imediato da empresa

Por: José Zulmar

Certa vez, quando morava em São Paulo antes de vir trabalhar no Nordeste, entrei em um processo seletivo para um job específico em uma média empresa multinacional em Barueri. Fui entrevistado por um senhor quase da minha idade que se prendia demasiadamente ao currículo, como se este fosse o determinante de minha contratação. Havia pressa. Dizia ele “o homem” precisa resolver isto antes de viajar para a Alemanha.

O “homem” era o vice-presidente. A preocupação excessiva com o nível de graduação e as experiências profissionais de meu currículo, demonstravam uma tendência de contratar pessoas que fossem parecidas com o próprio “homem” – ou o vice, com quem eu iria trabalhar. A parte comportamental e a escolha baseada em competências, onde a entrevista consiste em uma conversa para um objetivo definido, além da satisfação que a própria conversa pode produzir, passaram longe.

É claro que você não vai contratar alguém de quem não goste, mas é preciso ter muito cuidado: pensar que uma pessoa igual ao chefe irá resolver seus problemas, pode ser uma grande ilusão. É muito natural que queiramos contratar pessoas de quem gostamos, a natureza humana é assim. Mas contratando pessoas parecidas conosco, estaremos destinados a criar uma organização desequilibrada. É como ter um time de futebol só de zagueiros, sem ninguém para atacar ou receber o passe. Os erros clássicos não se encerram com a contratação do candidato. Veja a seguir.

Então aconteceu. Fui contratado. Foi uma loucura, pois minha missão era para uma posição estratégica e acabei numa pressão tão grande, absorvendo outras atividades, que me fez desviar do objetivo principal. Acabei resolvendo problemas do dia a dia. Os assuntos importantes e prioritários de médio e longo prazo, que eram a meta principal, transformaram-se em assuntos urgentes. “O homem” ligando e cobrando de todo mundo. Um inferno baseado no amadorismo de mãos dadas com soluções imediatistas. O projeto então pouco a pouco foi sendo esquecido e eu engolido em atividades que nada tinham a ver com minha contratação. Fui embora.

Isto é um fato muito comum na maioria das empresas, principalmente aquelas familiares ou de sócios, que correspondem a 95% das empresas brasileiras registradas. Este fato, portanto, não é um assunto isolado. Uma coisa é o discurso de algumas empresas na hora da contratação. E outra é a realidade escondida por trás dela que revela ao final, um tiro no próprio pé do proprietário ou acionista, com a saída do contratado ou então a permanência com total desmotivação. Na visão de alguns empresários bom é aquele cara que “revolve” o problema da empresa e não aquele que se antecipa a ele. Porque “resolver” cria mais impacto imediatista e, se antecipar não aparece muito e por isto não é valorizado.

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Comentários (2)
  1. Aconteceu similarmente a seu caso, também tomei a atitude de rescindir o contrato com a empresa, esta sem atitude de estar pronta para novas mudanças, deixava se amotinar internamente, porém serviu de experiência valida.
    Hoje sou cauteloso com a função que fui contratado, e quanto o amadorismo se faz presente tomo as atitudes de não deixar sua persistência só assim para seguir enfrente.
    Mais ainda as empresas no Brasil insistem no mesmo quesito.
    Parabéns pela sua matéria.

    Richard Noble em 25 de agosto de 2012 - 11:16
  2. Ótima reportagem ! Trabalhei em duas empresas que tiveram o mesmo problema acima, sendo uma multinacional e uma média empresa. “Apagar incêndios” vira a regra, quando na verdade deveria virar a exceção. È interessante que nós profissionais fiquemos atentos, pois logo depois de sair dessas empresas, fiquei com a impressão que eu era uma péssima profissional, pois eu não conseguia dar conta das minhas atividades. Ao entrar em uma empresa organizada, consegui alcançar as metas em 2 meses, o que me fez entender que existem empresas que são nocivas.

    Cristiane em 23 de agosto de 2012 - 08:55

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